Esportes

A história do Esporte em Alagoas

Por Alexandre Vieira, Cristovão Santos, Maria José e Renato Carvalho com Agência Ciência Alagoas 12/04/2019 11h11
A história do Esporte em Alagoas
(Foto: Estádio Rei Pelé 1969 / Acervo museu dos esportes)
 

Uma grande viagem a história do esporte alagoano e Nacional sob o olhar de Lauthenay Perdigão

 
Localizado na região do trapiche da barra, dentro do estádio Rei Pelé, o museu dos esportes oferece uma viagem a história do esporte alagoano nacional e até mesmo mundial. Troféus, camisas e fotos relembrando as conquistas dos clubes alagoanos estão entre as relíquias guardadas esperando para serem visitadas. Mas, será que a história do futebol em Alagoas é mesmo bastante explorada? Em uma pesquisa realizada nas redes sociais, 255 pessoas foram questionadas sobre a existência do Museu de Esportes, em Maceió.  
Ao conferir o resultado final, ficamos surpresos com a quantidade de pessoas que nunca sequer ouviram falar ou sabiam da existência do local.
Sabemos que grande parte da população de Alagoas não possui entre seus hábitos a frequência em espetáculos culturais, como visita a museus, espetáculos de música, dança ou teatro. E, durante os questionamentos realizados na pesquisa apenas, 10,19% afirmaram que já conheceram e/ou ouviram falar sobre o Museu de Esportes.
 
Dentre os entrevistados, alguns informaram que o acervo disponibilizado é grande e que possui um pouco de tudo da história do futebol de Alagoas. Além disso, disseram que seria necessário mais apoio, organização e incentivo, para que possam ser expostas muito mais coisas. Visto que existe muito material que fica aglomerado, como por exemplo, as camisas dos times, que ficam guardadas em um quarto apertado e não dá para ver o que tem guardado.
No entanto, é gritante a quantidade de pessoas que não sabiam falar do assunto, no total, cerca de 89,80%, ou seja, as escolas e a cultura local não priorizam ou instigam o aluno a obter mais conhecimento e se apaixonar pela cultura local, esporte e lazer. Além disso, em virtude que o mundo está cada vez mais envolvido no avanço tecnológico e, por meio de uma pesquisa on-line é possível se ter acesso às imagens, e isso de certa forma faz com que a população se acomode e não tenha o interesse em realizar visitas, uma vez que é muito mais prático buscar na Web, ao invés de se deslocar até o local que por muitas vezes não tem um horário de funcionamento flexível e que funcione na prática.
Localizado na Av. Siqueira Campos, no Bairro do Trapiche da Barra, Maceió - AL, o Museu dos Esportes Lauthenay Perdigão, fundado em 08 de agosto de 1993, tem suas instalações na parte inferior do Estádio Rei Pelé, ou como é conhecido, o Trapichão. O espaço conta com um acervo histórico bastante rico, que retrata a passagem de grandes nomes do futebol brasileiro e mundial, como Marta e Zagallo.
 
É possível ter acesso, também, a relíquias como flâmulas dos clubes alagoanos, camisas de grandes clubes do Brasil, troféus, medalhas, além de registros fotográficos marcantes na história do esporte alagoano. Em nossa visita, foi possível observar um espaço dedicado aos dois principais clubes do Estado, CSA e CRB, onde avistamos duas flâmulas das respectivas equipes.
 
(Foto: Cristovão Santos / Arquivo Museu dos Esportes Lauthenay Perdigão)
 

Com documentos e fotos que registram a história de Alagoas no cenário esportivo brasileiro, nos deparamos com homenagens prestadas à Zagallo, alagoano que defendeu a Seleção Brasileira como jogador, técnico e coordenador técnico.

 

 
(Foto: Cristovão Santos / Arquivo Museu dos Esportes Lauthenay Perdigão / Mário Jorge Lobo Zagallo)
 
A história de CSA e ASA reserva também um capítulo com Garrincha, ídolo do futebol brasileiro. Em 1973, o ponta vestiu as camisas do Azulão e do Alvinegro, em dois amistosos, um em Maceió e outro em Arapiraca. No dia 19 de setembro daquele ano, o eterno camisa 7 do Botafogo entrou em campo com as cores do CSA. Três dias depois, Garrincha defendeu o ASA, no jogo da volta, em Arapiraca.
 
 
Ainda foi possível avistar uma faixa em evidência, e que tem uma história bem curiosa por trás. No ano 1967, o Centro Esportivo Alagoano – CSA, comemorava o tricampeonato estadual diante do ASA de Arapiraca. No primeiro jogo da decisão, o Azulão venceu por 2 a 0 (gols de Audrico e Chumbinho). Na segunda partida, o duelo terminou empatado por 1 a 1. Érico marcou para os azulinos e Santos balançou as redes para o alvinegro.
 
 
No ano 2000, o time do ASA viria a dar a resposta e conquistou o Estadual daquele ano, em pleno Estádio Rei Pelé. Para definir o campeão, as equipes decidiram se enfrentar três vezes. No primeiro jogo, em Arapiraca, o CSA venceu por 3 a 1, e foi para a segunda partida com a vantagem do empate. Porém, diante do seu torcedor, o Azulão foi surpreendido e foi derrotado por 2 a 1. O golpe final estava reservado para terceiro e decisivo duelo. Com gol de Jaelson, o ASA venceu por 1 a 0, e ficou com o título estadual.



Faixa

 
Como decidia o campeonato no Rei Pelé e tinha conquistado os títulos de 1997, 98 e 99, o CSA já estava comemorando o pentacampeonato. A euforia tomou conta do Azulão, que chegou a confeccionar e lançar uma faixa comemorativa, de forma antecipada, e que já registrava o título de 2000. Para desespero dos azulinos, com a vitória do ASA, a faixa não foi usada.
 
 
(Foto: Cristovão Santos / Arquivo Museu dos Esportes Lauthenay Perdigão
Construção do Estádio Rei Pelé
(Foto: Estádio Rei Pelé 1969 / Acervo museu dos esportes)
 
 
Outra curiosidade presente no Museu é a construção do atual estádio Rei Pelé, também popularmente conhecido como Trapichão e sede dos principais jogos das equipes alagoanas até os dias atuais. Disponível em maquetes e através de fotos antigas, temos os detalhes da construção do maior estádio da cidade que teve início no Regime Militar em 1964 onde os investimentos nos esportes foram visados com a finalidade de tornar o país desenvolvido para o restante do mundo e seu resultado final era visar a realização de eventos esportivos para multidões.
Como vemos na foto abaixo, temos o registro dos primeiros passos na construção do estádio na região do trapiche da barra assim escolhido pela FAPE – Federação Alagoana de Promoção Esportiva, que por sua vez, foi criada com finalidade de arrecadação de verba para a construção do estádio alagoano através de bingos realizados no terreno do futuro estádio com premiações atrativas como caminhões, carros e geladeiras.
 
(Primeiros trabalhos para a construção do Trapichão/ FOTO: Acervo Museu dos Esportes)
 
O jornalista Lauthenay Perdigão, fez parte da comissão instituída pela FAPE para o acompanhamento da construção do estádio. Locais como mercado da Produção e Tabuleiro do Martins eram tidos como os lugares para sua construção, mas o Trapiche da barra foi o escolhido para ser aquele que anos depois seria o maior estádio da capital.
Lauthenay Perdigão na construção do Trapichão em 1969. (Foto de José Ronaldo/ Acervo Museu dos Esportes)
 
 
A primeira parte do projeto a ser executada foi a aquisição dos terrenos para o futuro Estádio Estadual de Alagoas. A parte da frente do imóvel foi comprada por 40 mil cruzeiros. Sendo que os herdeiros da família Santa Maria receberam 15 mil e os herdeiros de “seu” Fonte, 25 mil. No terreno existiam duas vacarias pertencentes a estas duas famílias, que foram desapropriadas para fins de utilidade pública pelo Estado no início de 1968.
O projeto do estádio foi de autoria de João Khair Com custo de Cr$ 150.000,00 Cruzeiros, já com parte arquitetônica, hidráulica e elétrica. Porém, o arquiteto faleceu em julho de 1966 e seu sobrinho, Marco Antônio Khair, também arquiteto, deu continuidade e concluindo a construção. Mas, nem tudo são flores na construção do Rei Pelé.
Durante o processo, dificuldades financeiras foram marcantes ao longo de sua obra totalizando um custo total de 15 milhões de Cruzeiros. Porém, Mesmo com estas dificuldades, foram realizados mais 10 bingos. Os dois últimos foram autorizados em janeiro de 1969 pelo ministro Delfim Neto, após tecer muitas críticas a Lamenha Filho, argumentando que não tinha sentido que o Estado de Alagoas gastasse quase que todos os seus recursos para construir um campo de futebol.
Segundo a revista Veja, na época o estádio teria capacidade para 25 mil pessoas em seu jogo inaugural superando de longe os 8 mil lugares do campo do CRB e os 6mil do Mutange, campo do CSA.
Inauguração
 
(Santos e Seleção Alagoana na inauguração do Estádio Rei Pelé. FOTO: Acervo Museu dos Esportes)
Após dificuldades financeiras e anos de construção, o estádio foi inaugurado no dia 16 de setembro de 1970 para seu primeiro evento, mas não se tratava de um jogo e sim, de um desfile escolar que marcava o início das atividades no estádio do Trapichão. O evento serviu como um teste para a tão esperada partida de futebol, realizada no dia 25 de outubro daquele ano entre a seleção de Alagoas e o grande time do Santos com ninguém menos que Pelé na equipe. A partida terminou com o placar de 5 a 0 para os paulistas e o meia Douglas foi o autor do primeiro gol do estádio. Pelé e Nenê marcaram dois gols dando números finais ao placar.
Duas semanas depois ao jogo de abertura, novamente a seleção de Alagoas entro em campo contra o Porto de Portugal, o jogo terminou empatado em 1 a 1 com os gols de Brás para a equipe de Alagoas e Abel para os Portugueses.
Já a definição do nome do estádio como Rei Pelé foi uma escolha do governador Lamenha Filho, que seria o homenageado, porém a mudança de nome do estádio ocorreu em julho de 1970, quando vários torcedores de Maceió comemoravam a conquista do tricampeonato mundial na Praça dos Martírios, em frente ao Palácio do Governo. O governador Lamenha Filho também entusiasmado com a vitória e com as comemorações populares, resolveu retirar o seu nome e colocar o do jogador que mais tinha se destacado na copa do mundo daquele ano.
A homenagem a Pelé provocou muita discussão e a polêmica se arrastou por alguns anos até que a vontade popular resolveu a questão. Apesar de Rei Pelé o por vontade popular, logo o estádio passou a ser chamado de Trapichão.
 
 
Seleção Brasileira
Receber jogos da seleção Nacional é sempre especial para o estado anfitrião e seus torcedores. Em Alagoas, não foi diferente; com o total de 4 visitas a nosso estado a Seleção Brasileira totalizando 2 vitórias e dois empates. As vitórias no dia 23 de setembro de 1981, com vitória sobre a Irlanda pelo placar de 6 a 0 com quatro gols de Zico, Roberto Cearense e Éder como um gol cada. Sete anos depois, de volta a Maceió desta vez contra a seleção de Alagoas, nova goleada, na ocasião um placar de 6 a 1 com 4 gol de Romário, Bebeto e Giovani fizeram os outros dois e Ivanildo fez o gol de honra dos Alagoanos.
Os empates ficaram por conta de Brasil e México em 8 de agosto de 1993, que no dia em questão, o jogo foi marcado pela inauguração do estádio após reforma no ano anterior e também houve a inauguração do museu dos esportes pela manhã e logo mais à tarde, foi realizada a partida com placar final de 1 a 1.  Por fim, em outubro de 2004 o estádio recebeu a seleção Brasileira em jogo válido pelas eliminatórias da copa do mundo de 2006.
O Brasil de Ronaldo fenômeno, Ronaldinho Gaúcho e Adriano Recebeu a Colômbia, mas, o jogo não passou do 0 a 0. Adriano até marcou um gol, mas a arbitragem não validou por considerar que a bola não passou da linha após bater no travessão.
 
(Ronaldinho conduzindo a bola, Brasil e Colômbia FOTO: Reprodução)
 
 
 
Em 2010, as reformas tomaram conta do Rei Pelé que durou dois anos recuperando marquises, sons e iluminação. Após a reforma, o estádio teve capacidade reduzida para 18mil lugares. Em 2013, houve a possibilidade de Alagoas ser umas das cedes da Copa do mundo sediada no Brasil em 2014; ganhou para ser sub sede e Gana foi a seleção que fez uso das instalações do estádio se hospedando na cidade Alagoana.