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Alagoanos denunciam trabalho escravo em fazenda na Bahia
A proposta ofertava alojamento, material de trabalho, alimentação e remuneração de até R$100,00
Na tarde desta sexta-feira, 21, trinta e seis homens denunciaram ao Ministério Público do Trabalho - Bahia (MPT-BA), que estavam sendo escravizados em uma fazenda de plantação de café, próximo à Caraiva, em Porto Seguro, Bahia. Informaram que são oriundos do município de Murici, em Alagoas, seduzidos pela promessa de trabalhar na propriedade. A proposta ofertava alojamento, material de trabalho, alimentação e remuneração de até R$100,00 por dia de trabalho.
Segundo os trabalhadores, logo que chegaram na fazenda eles perceberam as condições do local em que estavam, dormiram em colchões no chão, banheiro praticamente inutilizável e não foi realizado compras de alimentos. Informaram também que a propriedade não assinou a carteira de trabalho e também não deu nenhuma satisfação dos benefícios trabalhistas.
O trabalhador Valdemar Santos de 32 anos, informou a imprensa local que chegou a ficar cinco dias sem comer: “Só nos deram bolacha, farinha e salame. Essa foi a única alimentação durante o período que ficamos lá” relatou.
Já Reginaldo da Silva de 22 anos, informa que sofreu diversos ferimentos no corpo. Eles não receberam os artigos de proteção como luvas e botas: “Não deram nenhum material de trabalho, estou com muitas feridas nas mãos e nos pés por que não usei nenhum material de trabalho e muitos sofreram também diversas lesões no corpo. Na área tinha muita cobra, passamos por muitos riscos” comentou.
Após diversas queixas e desentendimento com o gerente da fazenda, os trabalhadores afirmaram que foram levados para Itabela e deixados na cidade sem nenhum dinheiro para passagem e com fome. Então, resolveram procurar a Assistência Social do município, lá eles receberam apoio e alimentação.
Acionada, a equipe do MPT da unidade de Eunápolis foi até Itabela e ouviu os depoimentos dos trabalhadores. Uma equipe da Polícia Rodoviária Federal também foi acionada e junto com a equipe do MPT, foram até a propriedade rural, e confirmaram a denúncia. O proprietário da fazenda ainda não tinha sido localizado.
Os homens foram hospedados e estão recebendo apoio do Ministério do Trabalho. A previsão é que eles retornem à cidade de origem nesta quarta-feira (23).
A imprensa local não conseguiu contato com o proprietário da fazenda.