Geral

Demissões atingem 130 trabalhadores das empresas de economia mista em Alagoas

Por Tribuna Hoje 15/03/2019 14h02
Demissões atingem 130 trabalhadores das empresas de economia mista em Alagoas

Dezenas de servidores celetistas, entre engenheiros, arquitetos e profissionais do apoio se reuniram na manhã desta sexta-feira (15), em frente ao Palácio República dos Palmares, no Centro de Maceió, na tentativa de sensibilizar o governo do estado de Alagoas a voltar atrás na decisão de extinguir o Serveal (Serviços de Engenharia do Estado de Alagoas S/A). Cerca de 68 servidores com mais de 30 anos de vida laboral no órgão estão atônitos desde ontem (14) quando foram surpreendidos com a demissão em massa.

A decisão ocorreu após assembleias realizadas pelo Conselho Deliberativo e também atingiu 62 servidores da Carhp (Companhia Alagoana de Recursos Humanos e Patrimoniais). A deliberação de ambas as empresas ocorreu com representantes dos acionistas, que incluem majoritariamente representantes do Governo do Estado.

O fiscal de obras Petrúcio Rufino não teve sequer o direito de pegar seus pertences dentro do Serveal. Ele estava trabalhando numa fiscalização no interior de Alagoas e não houve tempo de pegar seus objetos pessoais e documentos. “Tenho quase 40 anos dentro do Serveal, já passei por riscos de morte trabalhando na empresa. Peguei leptospirose fiscalizando uma obra do baixo Maceió na época de chuva e fiquei desenganado pelos médicos, tive que vender pertences para estar aqui, e de repente ser jogado ao léu…”.

 

A arquiteta Zaíde Cerqueira com mais de 30 anos de Serveal, também foi impedida de entrar porque estava fiscalizando obras do Cisp em Pão de Açúcar e São José da Tapera. “Estávamos no sertão, não dava tempo de chegar e pegarmos nossas coisas”, contou em tom de tristeza.

Segundo o presidente do Sindicato dos Trabalhadores em Obras e Habitação do Estado de Alagoas (Sitohal), Jackson Buarque de Gusmão, o governo estadual havia se comprometido a não demitir os trabalhadores após eles aceitarem ficar sem reajuste salarial de 9%, que constava em acordo salarial durante 6 anos.

“Abrimos mão dessa garantia até 2022, enquanto durasse o atual governo. Acordamos isso junto ao Ministério Público do Trabalho e foi homologado na Justiça do Trabalho, mas de nada adiantou”, disse. Segundo o sindicalista, ainda não há decreto de liquidação, mas todos os servidores já foram retirados da folha de pagamento do Estado e a finalidade das medidas é terceirizar os serviços.

SEM JUSTIFICATIVA

Modesto Novaes, – arquiteto e funcionário do Serveal, – detalha para a reportagem que ontem mesmo (14), após a decisão do conselho, os servidores foram surpreendidos com o fechamento do órgão. “Funcionários que estavam no interior realizando fiscalizações foram impedidos de retirarem objetos e documentos pessoais”, relembrou.

De acordo com Modesto, muito se falava em fechar as portas do Serveal era o interesse do governo, contudo sabe-se que existem várias obras em andamento que dependem do órgão, bem como fiscalizações. “Não temos como parar o Serveal, não acreditamos que fosse fechar tão cedo, seria um processo, e muito menos da forma atrapalhada e irresponsável que foi. Como se extingue um órgão de tamanha importância. O Serveal constrói obras para a Secretaria de Segurança Pública, apoia o Ministério Público nos assuntos técnicos, a maioria das avaliações do estado é feita pelo órgão”.

Para ele e demais servidores não há uma justificativa plausível para o fechamento do órgão. “Fechar um órgão que tem 22 técnicos apenas não é economia para o estado, deve existir algum outro interesse, entendo que a tendência é a terceirização, mas quem vai fazer os processos de termo de referência, será por meio de licitação? Quem vai montar tecnicamente os cadernos de encargo? Será que a garantia dos direitos e o pagamento vai ser mais barato do que manter 22 técnicos e o corpo administrativo”, indagou Modesto Novaes.