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Oftalmologista alerta para a prevenção contra cegueira irreversível

Daniel César Torres diz que, se detectadas no início, doenças que causam problema podem ser curadas

23/04/2019 12h12
Oftalmologista alerta para a prevenção contra cegueira irreversível

Mais de seis milhões de brasileiros possuem deficiência visual e 80% dos casos de cegueira poderiam ter sido evitados com o diagnóstico e o tratamento precoce. Para fazer o alerta, o Conselho Brasileiro de Oftalmologia (CBO) criou o Abril Marrom, uma campanha realizada por instituições e profissionais de saúde.

O TH Entrevista desta semana recebeu o oftalmologista Daniel César Torres para falar sobre a campanha.

“O nome Abril Marrom foi escolhido porque essa é a cor da íris da maioria dos brasileiros. A campanha existe desde 2016 e nós queremos chamar a atenção das pessoas para a importância da prevenção da cegueira, porque a maioria dos nossos pacientes só nos procura para trocar os óculos. Muitas vezes, esse incômodo com os óculos pode estar relacionado a alguma doença mais séria, que pode fazer com que o paciente perca a visão”, explicou o oftalmologista.

Daniel César Torres explica que a maioria das doenças da visão pode ser tratadas e curadas, porém algumas cegueiras são irreversíveis e não podem ser curadas nem com transplante. “O Brasil possui mais de um milhão e duzentos mil cegos e as causas da cegueira são variáveis. O que chama a atenção é que na maioria dos casos a perda da visão poderia ter sido evitada com prevenção e diagnóstico precoce. É preciso fazer uma visita ao oftalmologista pelo menos uma vez ao ano”, recomendou.

“Eu sempre comparo a ida ao oftalmologista com a revisão do carro. Todo ano as pessoas levam o carro na revisão, mesmo que ele não apresente qualquer defeito. Por que, então, é tão difícil ir uma vez ao ano no oftalmologista mesmo sem sentir nenhum sintoma de doença nos olhos? É preciso prevenir”, continuou.

As principais patologias que levam a cegueira não-reversível são: glaucoma, retinopatia diabética e degeneração macular relacionada a idade (DMRI). A catarata, importante causa de baixa visão ou cegueira, é reversível com a cirurgia de facoemulsificação. Tais condições afetam principalmente pessoas acima de 60 anos, porém também podem aparecer precocemente em pacientes com fatores de risco. No adulto jovem, as causas predominantes incluem: trauma ocular, descolamento da retina e as doenças neurológicas e degenerativas, como a neurite óptica.

O oftalmologista explica que o glaucoma e as doenças de retina precisam ser acompanhadas porque podem causar cegueira.

Outro fator que, independentemente da classe social, a estimativa de cegueira cresce em função da idade, chegando a ser de 15 a 30 vezes maior em pessoas com mais de 80 anos do que na população com até 40 anos de idade.

Já as crianças estão suscetíveis a apresentar catarata e glaucoma congênitos, de difícil tratamento e mau prognóstico visual. Estrabismo e altos graus de ametropias devem ser diagnosticados e tratados precocemente, sob o risco de levarem à ambliopia, irreversível após os 7 anos. Segundo a estimativa da Agência Internacional de Prevenção à Cegueira, é possível considerar que no Brasil haja cerca de 29 mil crianças cegas por doenças oculares que poderiam ter sido evitadas ou tratadas precocemente. A diversidade regional brasileira e os diferentes níveis de desenvolvimento socioeconômico sugerem a estimativa de um valor médio de prevalência de cegueira infantil para o Brasil entre 0,5 e 0,6 por mil crianças, de acordo com o estudo “As condições de saúde ocular no Brasil 2015”, do CBO.

 

 

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Tribuna Independente com informações de TH Entrevistas