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Braskem recebe convite de SE para instalação de unidade

Com a saída da indústria, Alagoas pode sofrer um grande abalo na economia

01/07/2019 12h12
Braskem recebe convite de SE para instalação de unidade
Reprodução

 


A Braském recebeu um convite do governo de Sergipe, para uma possível instalação da indústria no Estado.

 

A ida para Sergipe não será uma fuga dos problemas causados no Pinheiro. A empresa vai ter que resolver a questão e pagar pelos danos causados.

Mas se a Braskem for mesmo para Sergipe, Alagoas e Maceió vão sofre um novo abalo, desta vez na economia.


Em Alagoas são duas unidades industriais (Cloro e Soda em Maceió e PVC no polo multifabril de Marechal Deodoro). As duas empresas podem representar mais de 5% do PIB do Estado. A cadeia da química e do plástico, responde por até 10% da economia alagoana.

 

Para atrair a Braskem, Sergipe oferece incentivos fiscais, gás natural a preço baixo e algo que dificilmente a empresa voltará a encontrar em Alagoas: um clima de hospitalidade e parceria.

Versão oficial

Veja texto do UOL sobre o convite feito à Braskem.

Braskem recebe convite de Sergipe para instalação de unidade

SÃO PAULO (Reuters) – O governo do Sergipe enviou à Braskem um convite para que avalie a possibilidade de se instalar no Estado, em um momento em que a petroquímica foi forçada a paralisar atividades em Alagoas em meio a acusações de que o trabalho de mineração da companhia contribuiu para o fenômeno de afundamento de solo e interdição de vários edifícios em três bairros de Maceió.

O convite foi feito pela Secretaria de Desenvolvimento Econômico de Sergipe na terça-feira e cita que o Estado deve iniciar produção de petróleo e gás por meio da Petrobras e da Exxon a partir 2023 e que possui expressivas reservas minerais no subsolo com autorizações de pesquisa emitidas em favor da Braskem.

“Esperamos que nosso convite tenha boa-fé e receptividade, neste momento em que, conforme noticiado pela imprensa, a Braskem enfrenta dificuldades operacionais na sua unidade industrial de Maceió”, afirma o documento.

Na quarta-feira, o Tribunal de Justiça do Estado de Alagoas determinou o bloqueio de 3,7 bilhões de reais em contas da Braskem para garantir eventuais indenizações por danos causados em bairros de Maceió.

Segundo dados mais recentes do IBGE, Sergipe teve PIB de 38,9 bilhões de reais em 2016, uma queda de 5,2 por cento sobre o ano anterior. Em comparação, o PIB de Alagoas foi de 49,45 bilhões de reais, apresentando recuo de 1,4 por cento. Naquele ano, o PIB brasileiro despencou 3,3 por cento.

O secretário de Desenvolvimento de Sergipe, José Augusto Carvalho, afirmou à Reuters que tem uma reunião marcada com representantes da Braskem para o início de julho, em que deverá discutir termos da oferta do Estado à companhia. A reunião deve ocorrer após um simpósio para discussão do potencial de gás natural em Sergipe marcado para 4 e 5 de julho.

Segundo Carvalho, além da matéria-prima barata, gás, a ser produzida a partir de 2023 no Estado, a Braskem poderia contar com incentivo do Programa Sergipano de Desenvolvimento Industrial (PSDI), que prevê que companhias interessadas em investir em Sergipe podem contar com uma redução de 92 por cento no ICMS que teriam que recolher até 2032.

Quando questionado sobre eventual interesse da Braskem em se instalar em Sergipe, Carvalho afirmou: “Acho que eles viram alguma viabilidade nisso por conta dos problemas que estão atravessando lá (Alagoas).” E ressaltou que as reservas minerais que poderiam ser exploradas pela empresa não estão “embaixo de alguma cidade”.

Procurada, a Braskem afirmou apenas que “vai enviar uma missão oficial liderada pelo presidente da empresa, Fernando Musa, para avaliar as oportunidades no Estado” Já o governo de Alagoas não pode comentar de imediato.

No início de maio, Musa afirmou que a companhia estava estudando alternativas para suas operações em Alagoas. A Braskem extrai sal-gema, usado na produção de soda e cloro, por meio de vários poços instalados em diferentes áreas de Maceió e, segundo relatório do Serviço Geológico do Brasil, a atividade de mineração, exercida há décadas na cidade, desestabilizou cavidades e gerou afundamento de solo na capital alagoana.

A Braskem afirma que “não vê nexo causal entre a atividade de mineração e os fenômenos geológicos em Maceió e afirma que as conclusões do Serviço Geológico foram precipitadas”.

A operação em Maceió faz parte da área de vinílicos da Braskem, que segundo Musa representa 3% a 5% do resultado global da companhia. “É relevante, mas não é algo que seria considerado material”, disse o executivo na ocasião.

“O grande charme da região (de Sergipe) é o gás”, disse o secretário sergipano. “Estamos pegando carona nas estimativas do ministro (da Economia Paulo) Guedes, de que haverá uma redução do preço do gás pela metade, com colaboração do governo do Estado reduzindo os tributos”, disse Carvalho. Ele se referiu aos planos do governo federal para quebrar monopólio da Petrobras no setor.

Carvalho afirmou ainda que sua pasta elencou quatro cidades que poderiam receber os investimentos da Braskem – Laranjeiras, Maruim, Barra dos Coqueiros e Santo Amaro das Brotas – por estarem na região do Porto de Sergipe. “Estamos fazendo alteração do plano diretor das cidades e criando zonas industriais associadas ao porto”, disse o secretário, evitando estimar o potencial de investimento.

Além da Braskem, Sergipe fez convites semelhantes a outras grandes empresas, incluindo “uma grande cimenteira” que está discutindo com o Estado a instalação de uma fábrica há algums meses.

“O Estado não é xiita, gosta de investimento. Estamos mostrando que é um bom lugar para se investir”, disse Carvalho. Questionado sobre o impacto para os planos do Estado das seguidas reduções nas perspectivas da economia brasileira neste ano, o secretário afirmou que “os investidores não botaram o pé no freio, apenas diminuíram a pressão no acelerador, mas ninguém cancelou nada até hoje”.

 

 

Informações de Uol Notícias e Blog Edivaldo Júnior/Gazeta Web