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Equipamento portátil de desinfecção de máscaras é validado na Unicamp

Testes realizados na Unicamp recomendam eficácia de equipamento desenvolvido por empresa de Piracicaba (SP)

Por Assessoria 21/05/2020 16h04
Equipamento portátil de desinfecção de máscaras é validado na Unicamp
Primeiro equipamento portátil para desinfecção de máscaras contra covid-19, Reprodução

Um dos maiores gargalos e desafios que hospitais e outras unidades de saúde, além de empresas de diversos segmentos têm passado no enfrentamento da pandemia de Coronavírus (covid-19) está relacionado à desinfecção dos chamados EPIs - equipamento de proteção individuais, como máscaras, luvas, além instrumentos cirúrgicos etc. Porém, essa situação já começou a mudar desde o mês de abril, pois de modo inédito um renomado centro de pesquisa atestou e indicou um novo aparelho em condições reais e imediatas de uso com eficiência para desinfecção de vírus da família Coronavírus.

Com testes iniciados no final de março, a Unicamp (Universidade Estadual de Campinas) atestou por meio de laudo liberado no dia 23 de abril, que um aparelho que utiliza o gás ozônio, desenvolvido por uma empresa de Piracicaba (SP), é indicado para inativar os Coronavírus de EPIs como máscaras. É o primeiro laudo do gênero no Brasil emitido tendo incluídos vírus da família Coronavírus nos testes.

Para utilizar o aparelho não há necessidade de qualquer pré-disposição para instalação, a não ser uma tomada elétrica. A máquina pode realizar até 20 ciclos por dia, cada um com duração de uma hora, totalizando 1.000 unidades de máscaras em condições de reuso após o processo de limpeza. Após esse período, os EPIs podem ser reutilizados, conferindo segurança aos usuários e permitindo reduzir a dependência de insumos, cada vez mais raros no mercado e com custos altos por conta da pandemia, além da diminuição de lixo hospitalar gerado, um problema que vem se agravando com a crise. "Durante os testes na Unicamp, usamos um ciclo de 45 minutos para desinfecção viral por meio do ozônio", explica o empresário e inventor Carlos Heise, da Panozon Ambiental, empresa do interior paulista responsável pela produção dos novos aparelhos e cuja capacidade atual é fabricar 2.000 máquinas por mês.

Os testes foram conduzidos pela Profª Drª Clarice Weis Arns, que assina o laudo e está ligada ao Laboratório de Virologia do Departamento de Genética, Evolução e Bioagentes do Instituto de Biologia da Unicamp. A conclusão do laudo diz: "Considerando que houve inibição da infecção viral na máscara, pode-se concluir que a mistura do Gás Ozônio gerado a 45 minutos de exposição + tecido da máscara foi eficaz para a inativação de partículas virais do Coronavírus e, portanto, recomendamos o uso como potencial agente desinfectante para as máscaras testadas".

Heise relata que a prioridade é atender pedidos da área de saúde, a chamada linha de frente no combate à pandemia. Segundo ele, como a tecnologia é 100% nacional, no caso de necessidade de aumento de produção, a linha de produção da empresa pode ser ampliada.

O gás ozônio é conhecido há décadas como um poderoso desinfectante para vírus, bactérias e fungos. "Vírus encapsulados como o H1N1 e os da família Coronavírus não resistem à ação do ozônio, que destrói a camada lipídica protetora desses tipos de organismos. O desafio era testar com o Coronavírus, que é o grande problema mundial atualmente e, felizmente, o aparelho foi efetivo na eliminação das ameaças", comemora Heise.

O desenvolvimento do aparelho foi rápido, conta o empresário paulista: "Já temos quase 20 anos de experiência do segmento, com dezenas de aplicações e aparelhos para tratamento de água e ar com ozônio. Como já possuíamos um aparelho para desinfecção de ar ambiente optamos por adaptá-lo, com esta crise mundial, para esta nova função. Ele trabalha com desinfecção a seco e com temperatura ambiente, permitindo que o gás do ozônio penetre em todos os pontos dos EPIs, inclusive nos poros dos tecidos das máscaras. Este é um diferencial do aparelho em relação aos que se valem de luz ou líquidos para a mesma finalidade", detalha o inventor, que é engenheiro eletrônico formado pela própria Unicamp.

Ele informa ainda que qualquer material que não seja oxidável (exemplos: objetos plásticos, de vidro, de aço inoxidável, máscaras, ferramentas, panos e canetas entre outros) poderá ser esterilizado na máquina, reforçando a facilidade de uso: "Basta ligar o aparelho na tomada e colocá-lo num lugar firme e seguro como uma mesa ou estante. A partir daí o uso é imediato. O consumo de energia é baixo, uma vez que a potência da máquina é de apenas 70W. O gás O3, o ozônio, é gerado a partir do próprio oxigênio, o O2 do ambiente, não sendo necessário qualquer outro insumo adicional", fala Heise.

Outra inovação do aparelho desenvolvido em Piracicaba e com recomendação da Unicamp para eliminar Coronavírus é que ele possui sensor de falha para garantir que o ozônio gerado é suficiente para cumprir seu objetivo. Heise enfatiza a importância desse diferencial para a segurança dos usuários com uma pergunta: "Como garantir que os EPIs e outros objetos vão sair totalmente esterilizados uma vez que não enxergamos os vírus e não sabemos quanto tem de ozônio dentro da câmara durante a aplicação?".

Um ponto importante ressaltado por Heise são os cuidados ao se adquirir um equipamento de ozônio: "Não é porque temos um laudo mostrando que o ozônio mata o Coronavírus que qualquer equipamento, aplicando-se ozônio de qualquer forma, vai sempre fazê-lo. Um exemplo são empresas que têm laudos ‘genéricos’ e informam que seus equipamentos vão matar os vírus em condições das mais diversas. Isto é um perigo pois as pessoas podem achar que estão protegidas e isto não ser verdadeiro", alerta o engenheiro da Panozon.