Economia

Perdas com greve de caminhoneiros apontam R$ 9,5 bi em cinco dias

Por Notícias ao Minuto 27/05/2018 10h10
Perdas com greve de caminhoneiros apontam R$ 9,5 bi em cinco dias
© Reuters / Rodolfo Buhrer

Mais R$ 1 bilhão deixou de ser faturado no setor farmacêutico, estima o Sindusfarma (da indústria de medicamentos). "Se faltam remédios, as doenças crônicas e as agudas podem se agravar, elevando despesas hospitalares", afirma Nelson Mussolini, presidente da entidade.

Outro R$ 1,3 bilhão é a conta da Anfavea, associação da indústria automotiva, que na quinta (24) anunciou a paralisação total das fábricas. O cálculo abrange apenas o que deixou de ser arrecadado em tributos e não inclui o faturamento das motadoras.

O setor tem alta dependência do transporte por caminhões para receber peças das linhas de montagem e também para o desembaraço de veículos prontos enviados às concessionárias e à exportação.

Outro mercado dependente dos fretes, o comércio eletrônico calcula uma queda de quase R$ 280 milhões no faturamento da semana passada, segundo números da Ebit, empresa especializada em pesquisas sobre o varejo online.

Só na quinta (24), as empresas aéreas brasileiras perderam R$ 50 milhões, segundo a Abear (que representa as grandes companhias do país). A entidade ainda não mediu o estrago de sexta (25), quando mais de dez aeroportos ficaram sem combustível e as empresas foram obrigadas a cancelar mais de cem voos.

A Latam deixou de cobrar para reagendar passagem nos aeroportos afetados.

"O prejuízo ainda não estimado é a queda do volume de vendas. Começa a despencar. Quem queria viajar não compra", diz Eduardo Sanovicz, presidente da Abear.

Desde quarta, as operações de toda a cadeia do café estão paradas, segundo Nathan Herszkowicz, diretor da Abic (associação da indústria de café). "A carga para exportação não chega ao porto. E as empresas que perderam embarques terão de pagar multa", diz Herszkowicz, cuja previsão supera R$ 550 milhões em negócios perdidos ou atrasados.

As estimativas dão alguma dimensão dos recursos que deixaram de ser movimentados, mas o real impacto talvez jamais seja medido, de acordo com André Rebelo, assessor de assuntos estratégicos da presidência da Fiesp (federação das indústrias paulistas).

"São diferentes efeitos, fica difícil estimar. Quantas pessoas pagaram menos bilhetes de ônibus em São Paulo? Não sabemos. Alguns empresários pararam uma linha de produção, outros pararam tudo, outros dispensaram pessoal."

Segundo a Eletros (entidade que reúne os fabricantes de eletroeletrônicos), dez fábricas tiveram de parar alguma linha de produção.

A Abinee, que representa também a indústria de componentes, não tem um número definido dos prejuízos, mas identificou em pesquisa com os associados que 96% tiveram as atividades produtivas impactadas de alguma forma.

Entre os planos de contingência estudados até sexta (25) havia a possibilidade de dispensa temporária de funcionários, férias coletivas, negociação de banco de horas e a suspensão das atividades.

Para Pedro Francisco Moreira, presidente da Abralog, associação de logística que reúne empresas como C&A, Correios e FedEx, existe ainda um custo intangível da "perda potencial". Em seus cálculos, ele conclui que as perdas totais poderão superar os R$ 25 bilhões por causa da semana de protestos nas estradas.

"Mesmo com a retomada isso vai continuar gerando perdas. Há custos para recuperar os estoques, o cliente vai deixar de comprar, tem produto que pereceu, é muito prejuízo." Com informações da Folhparess.