Economia

Problemas em AL: Braskem tem prejuízo recorde de R$ 2,8 bi

A depreciação do dólar e a implementação dos programas de compensação financeira em Maceió contribuíram para o resultado

Por Redação com Jornal de Alagoas 06/04/2020 12h12
Problemas em AL: Braskem tem prejuízo recorde de R$ 2,8 bi

Maior grupo industrial com atuação em Alagoas, a Braskem (BRKM5) teve prejuízo líquido de R$ 2,92 bilhões no quarto trimestre de 2019. O desempenho trimestral levou a maior petroquímica da América Latina a fechar com o ano um resultado negativo de R$ 2,8 bilhões.

“Na comparação com o ano anterior (2018), foram resultados 46% e 56% inferiores respectivamente, impactados sobretudo pelos menores spreads no mercado internacional e pelo menor crescimento global. A companhia registrou prejuízo líquido de R$ 2,79 bilhões”, diz trecho relatório da empresa para o mercado.

Os problemas que a companhia enfrenta em Alagoas, decorrentes do afundamento de três bairros em Maceió e a desvalorização do dólar contribuíram diretamente para o resultado negativo.

“Dois fatores contribuíram para isso: o impacto negativo da depreciação do real frente ao dólar sobre a exposição líquida da empresa não designada para hedge accounting; e, acima disso, a provisão contábil de R$ 3,38 bilhões referente à implementação dos programas de compensação financeira, apoio à realocação e promoção de atividades educacionais e ao fechamento de poços de sal em Maceió (AL). Esses programas foram fruto de acordos com autoridades de Alagoas.”, diz o relatório da Braskem.

Segundo o Valor Econômico, a provisão feita pela Braskem no quarto trimestre de 2019, para fazer frente ao pagamento das indenizações em Maceió e ao fechamento dos poços de sal-gema considerados mais problemáticos, ficou bem acima do que havia sido anunciado pela própria companhia.

Em janeiro, a Braskem informou ao mercado que reservaria R$ 2,7 bilhões para fazer frente aso problemas em Maceió, mas o valor na verdade foi de R$ 3,4 bilhões.


O solo em áreas de quatro bairros da capital alagoana está afundando e um laudo do Serviço Geológico do Brasil (CPRM) associou o problema à extração de sal-gema pela companhia. O sal é usado no processo de produção do PVC.

A Braskem informa que esses valores serão dispendidos ao longo dos próximos anos e ainda podem sofrer alterações. A empresa tem 35 poços em Maceió e firmou acordo com autoridades locais e federais em que se comprometeu a arcar com despesas de realocação de cerca de 17 mil pessoas que vivem em 4,5 mil imóveis em áreas consideradas de risco.

Esse acordo assegurou a liberação de R$ 3,7 bilhões do caixa da Braskem que estavam bloqueados a pedido da Justiça.

Análise
“Os resultados da companhia foram significativos, diante do cenário petroquímico mundial tão desafiador. Quanto a Alagoas, estamos trabalhando para garantir a segurança das pessoas, ao mesmo tempo em que estamos dando encaminhamento ao cumprimento do acordo assinado com autoridades locais e continuamos engajados nos estudos técnicos para retomada da produção de cloro-soda na nossa planta”, diz Roberto Simões, presidente da Braskem.

Veja o comunicado da empresa: Braskem registra Ebitda de R$ 5,9 bilhões e geração líquida de caixa de R$ 3 bilhões em 2019

Veja o relatório para investidores: Resultados 4T19 e 2019

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