Política

Deputados alagoanos discordam sobre reforma da previdência

O tema é a inclusão de estados e municípios na proposta

Por Blog do Edivaldo Júnior 08/06/2019 14h02
Deputados alagoanos discordam sobre reforma da previdência
Reprodução

Arthur Lira, líder do PP e um dos principais nomes do Centrão e Isnaldo Bulhões, do MDB, integrante da Mesa Diretora da Câmara com influência em várias bancadas debatem sobre a participação de estados e municípios na reforma da previdência.

Para Arthur Lira, a votação da reforma da Previdência “corre risco se o governo insistir em contemplar o funcionalismo dos estados e municípios no texto”.

O deputado alagoano tem ocupado farto espaço na mídia nacional sobre o tema e trabalhou para levar adiante sua tese.

A inclusão de estados e municípios ganhou fôlego, no entanto, pela atuação de Isnaldo Bulhões. Ele costurou uma reunião com a participação de Renan Filho (MDB) e outros governadores com representantes de algumas bancadas na quarta-feira (5).

Bulhões conseguiu ganhar tempo. O relator da Comissão Especial da Reforma da Previdência na Câmara dos Deputados, Samuel Moreira (PSDB-SP) reconhece que a Casa está dividida. E atendendo um apelo de Isnaldo e outros parlamentares deve esperar uma reunião dos governadores programada para a próxima terça-feira (11), em Brasília antes de sua decisão final. Ele poderá incluir ou não Estados e municípios no texto final.

Isnaldo Bulhões

Para Isnaldo Bulhões, não faz sentido deixar os Estados e municípios fora da reforma no Congresso Nacional. E ele trabalha nesse sentido.

“Enquanto ele (Arthur Lira) defende a exclusão dos estados e municípios, eu defendo unificação”, resume Isnaldo.

“Fizemos a proposta de prorrogar entrega do relatório para que os governadores se manifestem. Na terça a noite os governadores vão se reunir em Brasília”, aponta.

“Acho que é desnecessário deixar fora Estados e municípios. Se está sendo feita uma modificação na Constituição Federal e o grande objetivo é ser uma regra geral, não faz sentido submeter a cada Estado, se a regra já é constitucional”, argumenta. “Avalio que será difícil, através de ordinárias fazer a mesma regra em cada Estado ou município”, completa.

Contrariando a posição de Arthur Lira, Bulhões avalia que a inclusão “não atinge a reforma. Esse pensamento é equivocado. Além disso, o deficit dos Estados e municípios somados somam quase um trilhão (R$ 1 trilhão) em 10 anos, fora o trilhão (R$ 1 trilhão) da União. Para ter o efeito esperado, especialmente na economia, não é interessante deixar de fora Estados e municípios”, aponta o deputado.

“Depois da Comissão Especial, teremos o plenário. É lá que a Reforma deverá provocar os debates mais intensos”, aponta.

Arthur Lira

Arthur Lira falou sobre a questão para Folha de São Paulo. “É um tema espinhoso e árido e que nenhum dos governadores, seja a favor, seja contra, quer tratar. Todos querem resolver [seus problemas] nas costas da Geni do Brasil, que é o Congresso. Emparedamento não dá”, disse Lira nesta quinta-feira (6).

“Todo mundo quer a reforma e diz que ela é importante, mas desde que comece pela casa do vizinho. Os governadores querem a reforma, mas querem que o vizinho a faça”, disse Lira.

Para o líder do PP, a inclusão dos estados e municípios na reforma coloca uma carga ainda mais pesada sobre a tramitação da proposta. “É prudente que, num Congresso tão dividido, que a gente tire peso da reforma, não o contrário”, disse.