Agro
Setor rural repudia samba-enredo de escola carioca
Entidades alertam para espreparo, desconhecimento e ignorância de escola de samba
Apesar de homenagear a região do Parque Nacional do Xingu, o Grêmio Recreativo de Escola de Samba Imperatriz Leopoldinense, do Rio de Janeiro, faz uma crítica controversa sobre o setor agropecuário brasileiro. A letra do samba, que promete levar milhares de pessoas a entoar a canção no Carnaval 2017, gerou revolta para os líderes do agronegócio.
A Federação dos Plantadores de Cana do Brasil manifestou "indignação" com o tema da Imperatriz Leopoldinese que faz duras críticas ao agronegócio. "A atitude irresponsável mostra o total despreparo e desconhecimento sobre a atividade que esta movendo a economia brasileira em uma época de estrema crise que vive nosso País". Em nota assinada pelo presidente Alexandre Andrade Lima, a entidade afirma que entende "a importância do carnaval para nosso País que nos dá visibilidade como um dos maiores movimentos popular do mundo (...) Por isso, a decisão inconsequente da Escola em criticar a agricultura brasileira nos deixa mais consternados ainda".
Ele ressalta que "somente os fornecedores independentes de cana-de-açúcar movimentam 39% da produção no Brasil, geram um valor bruto da produção de R$ 15,1 bilhões, mais de 200 mil empregos diretos, e grande parte formada por pequenos produtores, ou seja, mais de 80% são enquadrados como agricultores familiares".
Basta lembrar, também, que, em 2016, o setor agropecuário liderou a economia brasileira ao superar dificuldades econômicas e políticas. O setor aumentou de 21,5% para 23% sua participação no Produto Interno Bruto (PIB) e representou 48% das exportações totais do país. Além disso, a agricultura e a pecuária geraram 50 mil novas vagas nos primeiros dez meses do ano, enquanto os demais setores da economia cortaram 792 mil postos de trabalho.
A Associação Brasileira dos Criadores de Zebu também externou seu descontentamento e afirmou, por meio de nota, ainda ser “Inaceitável que a maior festa popular brasileira, que tem a admiração e o respeito da nossa classe, seja palco para um show de sensacionalismo e ataques infundados pela Escola Imperatriz Leopoldinense".
Confira o manifesto completo da Federação dos Plantadores de Cana do Brasil (Feplana)
"MANIFESTO - FEPLANA
A FEDERAÇÃO DOS PLANTADORES DE CANA DO BRASIL – FEPLANA, fundada em 12 de agosto de 1941, com o objetivo de defender o interesse de 70 mil produtores independentes de Cana-de-açúcar de todo o país, vem manifestar nossa indignação diante do tema que será tratado pela Escola Imperatriz Leopodinense para o Desfile de Carnaval de 2017. A atitude irresponsável mostra o total despreparo e desconhecimento sobre a atividade que esta movendo a economia brasileira em uma época de estrema crise que vive nosso País.
Entendemos a importância do carnaval para nosso País que nos dá visibilidade como um dos maiores movimentos popular do mundo, que permite mostrar nosso cotidiano costumes e historia no exterior. Por isso, a decisão inconsequente da Escola em criticar a agricultura brasileira nos deixa mais consternados ainda.
Nossa plataforma de exportação agrícola e uma das maiores do mundo, nos colocando no ranking de maiores fornecedores no exterior de alimentos. E para conquistarmos os mercados internacionais cumprimos requisitos e protocolos exigidos pelos compradores no aspecto ambiental, trabalhista e social.
Neste aspecto, somente os fornecedores independentes de cana-de-açúcar movimentam 39% da produção no Brasil, geram um valor bruto da produção de R$ 15,1 bilhões, mais de 200 mil empregos diretos, e grande parte formada por pequenos produtores, ou seja, mais de 80% são enquadrados como agricultores familiares.
Sentimos no dever de transmitir para a sociedade, para os partidos políticos, aos parlamentares e principalmente, para a justiça de nosso País a nossa profunda preocupação e tal desqualificação, trabalhamos diariamente em nosso negócio e investimos no que sabemos fazer que é o de gerar alimentos com valores acessíveis para a sociedade e trazer riqueza para a economia.
É nossa vocação, produzir
ALEXANDRE ANDRADE LIMA - Presidente da Feplana"
NOTA Associação Brasileira dos Criadores de Zebu (ABCZ)
“A Associação Brasileira dos Criadores de Zebu (ABCZ) repudia, com indignação e veemência o samba-enredo e as demais peças publicitárias divulgados pela escola Imperatriz Leopoldinense para o Desfile de Carnaval de 2017. Ao criticar duramente o agronegócio, o grupo mostra total despreparo e ignorância quanto à história brasileira e à realidade econômica e social do país.
Antes de mais nada, é preciso esclarecer e reforçar que o país do samba é sustentado pela pecuária e pela agricultura. Chamados de “monstros” pela escola, nós, produtores rurais, respondemos por 20% do PIB Nacional e, historicamente, salvamos o Brasil em termos de geração de renda e empregos. Com o tempo e com o nosso talento de produzir cada vez mais – e de forma sustentável - trouxemos para nossa nação o título de campeã mundial de produção de grãos e de proteína animal.
Inaceitável que a maior festa popular brasileira, que tem a admiração e o respeito da nossa classe, seja palco para um show de sensacionalismo e ataques infundados pela Escola Imperatriz Leopoldinense. O setor produtivo e a sociedade não podem ficar calados diante a essa injustiça. É preciso que o Brasil e os brasileiros não só enxerguem e reconheçam a importância do nosso setor, como se orgulhem dessa nossa vocação de alimentar o mundo.
Com a responsabilidade que lhe cabe, a ABCZ vem a público reforçar o compromisso de seus 21 mil associados de produzir cada vez mais carne e leite com práticas sustentáveis e seguras. E, assim, enaltecemos, também, o nosso empenho em zelar pela preservação do meio ambiente.
Arnaldo Manuel Machado Borges - Presidente da ABCZ”
Para ouvir o samba-enredo e saber mais acesse este link: