Agro
Seca não se resolve apenas com carro-pipa, alerta presidente da CPLA
A estiagem prolongada provocada pelos efeitos do fenômeno El Niño e La Niña no Nordeste tem feito constantes vítimas no interior alagoano. Nas margens das estradas de fácil acesso qualquer pessoa pode ver o retrato da seca: animais mortos à deriva ou sendo guinchados por tratores em meio ao solo arrasado pela escassez de água.
Com o solo totalmente improdutivo e reservatórios zerados, a produtora de Leite Maria Quitéria, de Jacaré dos Homens, havia substituído a ração pelo bagaço de cana misturados a outros insumos na tentativa de manter o gado produzindo. O bagaço utilizado era o que os produtores recebiam do Estado e a água é comprada em dias alternados: “o gado tem morrido de fome, pois já não temos condições de gastar cerca dois mil reais para comprar mais bagaço, nem com palma, que a tonelada custa o dobro. Sem água e comida, agora é só esperar e ver o animal morrer um após o outro”, descreveu a situação de miséria enfrentada pelos produtores.
O problema, segundo a cooperativa de Produção Leiteira Leiteira de Alagoas (CPLA), requer uma atenção especial mediante o improvável revés climático. “É preciso que se enxergue além do efeito negativo dessa escassez de chuvas. Seca não se resolve apenas com carro-pipa. É preciso pensar numa rede de amparo aos produtores com vários direitos e programas sociais garantidos”, pontua Aldemar, que preside a CPLA. A cooperativa tem registrado um "abandono" da atividade por parte dos produtores.
Para que não se ponha em risco a economia da região e a extinção do trabalhador rural, a manutenção dos serviços assistenciais se torna, de acordo com Monteiro essenciais. “Ferramentas funcionais como o Programa do Leite garantem, por exemplo, empregabilidade e combate à pobreza em diversos municípios. O retorno social é fantástico, com milhares de famílias beneficiadas de ponta a ponta. Fato que pode evitar o esvaziamento da zona rural”, alertou.
Recuperação
Em meio ao histórico de seca no Nordeste e a difícil capacidade de recuperação dos açudes para consumo humano, a região já recebeu o sinal vermelho de alerta para medidas emergenciais. “Nos últimos anos os programas sociais que preservavam Programa do Leite, o Bolsa Família, o Seguro-Desemprego, a Aposentadoria Rural tiveram suas contribuições para evitar o registros de retirantes saindo do Nordeste devido a atuação de programas sociais”, analisou Aldemar.
Estudos do Instituro Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa) e Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden) revela que o risco de o índice de chuvas ser abaixo da normalidade é 45%.