Agro
Crise na agroindústria afeta presente e futuro do estado
Desde os tempos do Brasil colônia, a principal atividade da economia de Alagoas é a cana-de-açúcar. Mesmo com todos as resistências e críticas de alguns setores da sociedade, o estado sempre viveu desse setor. A diversificação da economia nunca saiu, de fato, do campo das propostas e até hoje não surgiu nenhuma atividade econômica capaz de substituir a agroindústria canavieira, com os mesmos níveis de emprego e renda.
Os 200 anos de Alagoas, comemorados em 2017, podem e devem servir de reflexão. Que tipo de atividade econômica queremos para nossa terra?
A resposta, seja qual for, precisa vir logo, até porque o setor sucroalcooleiro alagoano está – literalmente – definhando.
Sem perspectivas de retomada de sua capacidade produtiva no curto prazo, a agroindústria vai agonizar pelos próximos anos e, junto com ela, toda a economia do estado.
Levantamento feito pelo Sindicato da Indústria do Açúcar e do Álcool no Estado de Alagoas aponta para grandes e graves perdas para a economia alagoano.
Em função da queda de produção, as safras 13/14 e a safra atual deixaram de circular pelo menos R$ 8 bilhões na economia do estado.
O ciclo da cana é anual. A planta colhida em outubro precisa de água e adubo para voltar a crescer e ser colhida no mesmo mês do ano seguinte. Com a seca e falta e recursos para os tratos culturais, já se sabe que a próxima safra será até 30% menor do que a moagem 16/17, uma das menores da história.
“Nesse cenário, vão deixar de circular mais R$ 4 bilhões na economia de Alagoas”, aponta Pedro Robério Nogueira, presidente do Sindaçúcar-AL.
Faça as contas: são R$ 12 bilhões a menos circulando diretamente na economia.
Impacto no caixa do Estado
A crise na agroindústria canaveira afeta toda a economia alagoana. O setor emprega em média 80 mil trabalhadores por safra, é grande consumidor de insumos como combustíveis, fertilizantes, agroquímicos etc etc etc.
O secretário da Fazenda, George Santoro, adianta que o estado já começou a sentir a queda na arrecadação dos setores que atuam mais diretamente com a cana-de-açúcar. A preocupação, agora, é com o “contágio” de outros setores.
“Quanto a questão do impacto do setor sucroalcooleiro vamos estudar. Uma queda de produção para 13 milhões de toneladas ou até para 10 milhões de toneladas é muito significativa e com certeza irá gerar impacto em toda a economia. Ainda não dá para precisar vamos começar a fazer os estudos, com diferentes cenários (10 milhões, 13 milhões, 15 milhões) e ver como isso refletirá em empregos, arrecadação, renda, comércio e retração”, pondera.
A produção histórica de Alagoas é de uma média de 28 milhões de toneladas de cana-de-açúcar por safra. Os números atuais sugerem uma redução de quase 50%, para um setor que responde diretamente por mais de 20% do PIB do Estado. É sim preocupante.
Seca também futuro da pecuária
O estrago da seca não ameaça apenas o futuro do setor sucroalcooleiro. A pecuária de corte e leite do estado está totalmente comprometida, alerta o presidente da Associação dos Criadores de Alagoas, Domício Silva: “em algumas regiões, a redução do rebanho chega a 40%”, pondera.
Quando a chuva voltar, aponta Domício, será preciso que o estado trabalhe num programa para recompor seus rebanhos, a começar pela recuperação de pastagens: “para isso será preciso que o produtor tenha acesso a novas linhas de crédito. Sem isso, nossa atividade será drasticamente reduzida”, enfatiza.
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