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Arrendamento de grupos empresariais gera desconforto

A proposta apresentada pelas três entidades previa o arrendamento de uma área de 10,5 mil hectares

Por Assessoria 12/04/2018 15h03
Arrendamento de grupos empresariais gera desconforto

A decisão judicial que concedeu o arrendamento da usina Guaxuma, unidade industrial do Grupo João Lyra, gerou desconforto entre os dirigentes das entidades (Asplana, Cooperativa Pindorama e a Cooperativa de Plantadores de Cana da Região Sul – Cooplansul) que apresentaram uma proposta para assumir a indústria localizada no município de Coruripe.

“Se o nosso pedido para o arrendamento tivesse sido concedido, a usina voltaria a funcionar por meio de um sistema de cooperativa, onde as terras seriam divididas e a unidade industrial atenderia todos os cooperados com a renda distribuída de forma igualitária e o dinheiro não ficaria nas mãos de um grupo empresarial”, afirmou Edgar Filho, presidente da Asplana.

Segundo o dirigente do setor canavieiro, a Justiça prejudicou o Estado. “Na movimentação da economia, arrecadação e até na cadeia produtiva da cana as perdas serão sentidas. Se a nossa proposta tivesse sido aprovada, ela iria mexer com o setor e movimentar o mercado local. Mas, como o grupo vencedor é uma empresa grande, as compras podem ser feitas até em outros Estados com o dinheiro deixando de circular em Alagoas”, alertou.

Compartilhando o mesmo sentimento do presidente da Asplana, o presidente da Cooperativa Pindorama, Klécio Santos, afirmou que não conseguiu entender o porquê de a Justiça de Alagoas ter decidido arrendar a Guaxuma a um grupo que tem um histórico ruim. “Neste caso, não estou falando da usina Coruripe, que é uma empresa séria. Mas, pelo que ficamos sabendo, a outra empresa que faz parte do consórcio (Impacto Energia, ex-ERB), que arrendou a indústria, já deixou vários produtores alagoanos na mão. É preciso que a Justiça esclareça isso”, afirmou.

Segundo Santos, a proposta apresentada pelas cooperativas e a Asplana contemplava centenas de produtores, além dos sem-terra. “Mas, a Justiça preferiu arrendar para dois grupos econômicos, um deles de fora, com histórico, ao que se sabe, negativo”, reforçou.

De acordo com a proposta das cooperativas e da Asplana, as famílias sem-terra, acampadas nas terras da usina Guaxuma, também seriam contempladas no arrendamento, sendo disponibilizados 1.500 hectares para que elas pudessem permanecer na área.

A proposta apresentada pelas três entidades previa o arrendamento de uma área de 10,5 mil hectares, sendo 3,5 mil hectares para cada um dos integrantes do consórcio. O valor do arrendamento proposto é de dez toneladas por hectare e mais 4,6% do faturamento global da indústria.

De acordo com estimativa das entidades, seriam necessários até quatro anos para fazer o plantio de toda a área de canavial. A retomada das atividades da Guaxuma, que tem uma capacidade de produção, por safra, de 1,8 milhão de toneladas de cana, representaria a volta de dois mil empregos diretos, movimentando a economia dos municípios de Coruripe e Teotonio Vilela.