Agro

Acesso à água renova esperanças de agricultores familiares do médio Sertão

Comunidades participaram de oficinas de capacitação para preservação de novos microssistemas comunitários

Por Assessoria 16/11/2018 14h02
Acesso à água renova esperanças de agricultores familiares do médio Sertão

Por longos 40 anos, os moradores das comunidades Quixabeira, Laginha e Salão, localizadas no município de São José da Tapera, no médio Sertão alagoano, sempre tiveram a estiagem como obstáculo. Para sobreviver naquelas condições, métodos paliativos com o intuito de conseguir água sempre foram parte da realidade, como a espera pela chuva ou pelos caminhões-pipa.
Benedito Oliveira dos Santos, de 62 anos, nasceu e foi criado na comunidade Laginha, em São José da Tapera. Sua região sempre conviveu com a precariedade no abastecimento de água.
“Eu pegava um pote de barro e caminhava por cinco quilômetros todas as manhãs para conseguir água em um açude. Era uma água salgada e imprópria ao consumo. Meu pai também padecia da mesma situação quando precisava ir na caatinga buscar água que os animais bebiam. Vivemos por muitos anos assim”, lembra Benedito Oliveira, agricultor familiar.
Em busca de mudar o contexto social das comunidades rurais em São José da Tapera, a Secretaria de Estado do Meio Ambiente e dos Recursos Hídricos (Semarh) vem atuando na implantação dos microssistemas comunitários de abastecimento de água.
As obras, segundo o secretário Executivo de Gestão Interna, Edilson Ramos, seguem em ritmo acelerado e vão atender diretamente 118 famílias com água na torneira de casa nas comunidades Laginha, Quixabeira e Salão, em São José da Tapera.
“Eu não acreditava que estaria vivo para ver a água jorrar na torneira da minha casa. A esperança ganhou força quando o Canal do Sertão foi construído há cinco quilômetros de onde eu moro. Presenciar essa obra hídrica tão importante é um sonho realizado. Saber que estaremos usufruindo dessa água por meio dos microssistemas nos anima bastante”, destaca o agricultor Benedito Oliveira.
“O projeto dos microssistemas comunitários de abastecimento de água vai atender as três comunidades de São José da Tapera e vai funcionar desta forma: a água será captada de forma bruta no Canal do Sertão e posteriormente vai passar por tratamento. A água será levada para caixas d´água, sendo colocadas na parte superior das residências”, explicou Edilson Ramos durante a última oficina de capacitação das comunidades contempladas em São José da Tapera.
A criação do projeto tem a parceria do Ministério do Desenvolvimento Social (MDS) e conta com a participação de entidades e sociedade civil organizada. Edilson Ramos conta ainda que a colaboração da população foi fundamental para tirar o projeto da teoria.
“Nós mobilizamos os moradores, realizamos reuniões e capacitações para que eles pudessem ter conhecimento de como manter o funcionamento dos equipamentos e soubessem preservar os recursos hídricos de forma responsável”, ressalta o secretário executivo da Semarh.
A produtora de alimentos orgânicos, Larissa Soares, também está esperançosa quanto à chegada dos microssistemas. Ela destaca que o acesso à água apta ao consumo humano lhe garante qualidade de vida, bem comono aumento da produtividade em sua horta.
“Aqui a gente vive da agricultura e sem água não tem como plantar, não temos trabalho e nem o que comer. Temos a esperança de que os microssistemas irão contribuir efetivamente na mudança desta realidade”, acredita Larissa.
Os microssistemas de abastecimento de água no Sertão serão implantados em 28 comunidades da zona rural dos municípios de São José da Tapera, Senador Rui Palmeira, Piranhas, Olho d´Água do Casado, Inhapi, Água Branca, Pariconha e Delmiro Gouveia.