Agro
Praga ameaça laranjais de Alagoas
O município de Santana do Mundaú se tornou alvo da mosca negra. A praga, que ataca mais de 300 espécies de plantas.
Principal produtor de citros do Brasil, tendo a laranja lima como o carro chefe desta cadeia produtiva, o município de Santana do Mundaú se tornou alvo da mosca negra. A praga, que ataca mais de 300 espécies de plantas, como: citros (laranja, limão e tangerina), mangueiras, abacateiros, pitangueiras, mamoeiros e outras, segundo produtores e instituições locais, atacou 100% dos laranjais da região, provocando uma redução superior a 40% na produção local, gerando prejuízos a quase dois mil agricultores familiares.
O inseto, que danifica as folhas novas da planta, elimina um líquido açucarado, onde se desenvolve um fungo de cor preta (fumagina), que cobre as folhas e os frutos e reduz o processo de fotossíntese e de crescimento, provocando perdas entre 20 e 80% da produtividade da planta atacada.
Segundo o engenheiro agrônomo Edjânio Ulisses, a mosca negra se concentra na parte inferior da folha promovendo também a redução das trocas de água e gás. “Além de todos estes danos a planta, a região onda há focos da praga fica impossibilitada de comercializar com áreas que sejam consideradas livres da mosca negra. A medida cria uma barreira e evita que o inseto chegue até outras regiões”, afirmou.
De acordo com ele, para o controle da praga, que tem alto poder de infestação, é necessário o engajamento de todos os produtores. “Afinal, ela não vai sumir com o passar do tempo, deve haver um controle que precisa também do apoio do governo para que possa ser executado com maior eficiência. Se um produtor fizer o controle e o vizinho não a praga vai migrar de uma área para a outra”, destacou Ulisses.
Ele destacou ainda que, no caso dos produtores que realizaram o tratamento correto contra a praga, houve a recuperação do pomar. “O inseto some e deixa de sugar o nutriente que deveria ir para o fruto. Com a planta bem tratada há uma resposta positiva na quantidade e qualidade do fruto. É um investimento que deve ser feito para que o produtor possa ter retorno econômico”, alertou.
Ele afirmou ainda sobre a necessidade do monitoramento da praga, alegando que é na fase adulta da mosca negra quando ocorre a postura dos ovos. “Surgindo indivíduos adultos em nível de prejuízo econômico deve ser feito o controle, reduzindo a infestação que pode ser cultural (poda e queima das galhos das plantas infestadas), químico e alternativo com o uso de detergente neutro e óleo vegetal. O controle não é efetivo em uma única aplicação já que a praga tem um ciclo longo de até quatro meses”, declarou o agrônomo.
Segundo o produtor Manoel José Ferreira, dono de uma área de três hectares com três mil pés de laranja, as áreas onde não foi realizado o tratamento das plantas, registraram uma queda expressiva de produtividade. “Fiz o controle da mosca negra seguindo as recomendações técnicas e hoje tenho frutos nas plantas. Quem não o fez, acumula perda de produtividade. Mas, para que a gente tenha sucesso no combate a praga é preciso a união de todos” alertou.
O presidente do Sindicato Rural de Santana do Mundaú, Antônio Carlos, esclareceu que a cultura da laranja conta com duas safras anuais. Mas, diante do ataque da praga, algumas ciclos foram perdidos. “Temos frutos, mas não temos produção. Isso é um atraso para as famílias que vivem da cultura da laranja. Contudo, como alguns produtores trataram dos pomares e com a ajuda da chuva, que beneficiou quem não fez o controle, estimamos uma boa produção no próximo ciclo. Mas, para combater de frente a praga, precisamos da ajuda do governo e de uma linha de crédito específica. Falta dinheiro para o agricultor fazer este tratamento”, finalizou.