Agro
Setor canavieiro de AL entra em fase de recuperação
A safra de cana-de-açúcar 2017/2018 foi considerada a pior da história do setor sucroenergético de Alagoas
A safra de cana-de-açúcar 2017/2018 foi considerada a pior da história do setor sucroenergético de Alagoas e a menor em mais de 40 anos da atual série estatística. As 15 usinas que operaram nesse ciclo esmagaram apenas 13,7 milhões de toneladas, pouco mais de 50% da média histórica do Estado, de cerca de 25 milhões de toneladas.
Depois de chegar ao fundo do poço, o mais importante setor da economia alagoana voltou a “respirar” na safra 2018/2019. A moagem, encerrada em abril passado, chegou ao fim em Alagoas com o beneficiamento de quase 16,5 milhões de toneladas de cana. O crescimento de pouco mais de 20% foi resultado, segundo os produtores, de um clima mais favorável e também da aposta na recuperação no mercado.
A aposta no setor, a partir de mudanças na legislação tributária estadual e no modelo de preços do setor de combustíveis, é aumentar gradativamente a produção de etanol. A safra 18/19 foi considerada a mais “alcooleira” da história recente do setor em Alagoas. Enquanto a produção de açúcar (VHP e cristal) cresceu de 1,070 milhão de toneladas para 1,199 milhão de toneladas, numa variação de 12,05% , a produção de etanol (hidratado e anidro) deu um salto bem mais expressivo, saindo de 331 mil m3 para 499 mil m3, em crescimento de 50,7%.
Na próxima safra, que vai começar em Alagoas na primeira quinzena de agosto deste ano, o etanol deverá continuar sendo priorizado pelos produtores do Estado. Já existem planos para a reabertura de pelo menos mais uma destilaria em Alagoas, situação na zona da mata, para atender o aumento da demanda pelo produto.
Mesmo sem acesso a novas linhas de financiamento, os produtores voltaram a investir na renovação dos canaviais. E se “o clima ajudar” a estimativa tanto só fornecedores de cana quanto dos representantes das usinas, o Alagoas deverá registrar novo crescimento de produção no campo. A expectativa é que a próxima moagem ultrapasse 18 milhões de toneladas de cana, o que confirmaria a tendência de recuperação do setor no Estado .
“A última safra foi dentro das nossas expectativas com viés de alta. Isso representa a inflexão da curva descendente. Afinal, tivemos três safras sucessivas de queda. Agora, suponho, começamos um processo de recuperação”, aponta o presidente do Sindaçúcar-AL, Pedro Robério Nogueira.
De acordo com o dirigente do segmento canavieiro alagoano, este processo de recuperação ainda não seria reflexo das condições financeiras plenas das usinas, mas fruto de uma aparente normalidade climática.
“As chuvas que permanecem caindo no Estado estão nos credenciando para que tenhamos a próxima safra também com números positivos. Apesar de o clima ser algo que muda muito rapidamente, a nossa expectativa é de que tenhamos dias melhores para o setor. Mas, a pluviosidade no período de desenvolvimento da cana está normal. Com isso, podemos assegurar que teremos uma safra melhor. O que precisamos agora é equacionar a questão financeira que tem uma parte de preços e outra de financiamento. Estamos trabalhando nesta direção”, afirmou o presidente do Sindaçúcar-AL.
Fornecedor de cana aumenta participação
Com a perspectiva das usinas alagoanas moerem 18 milhões de toneladas de cana na safra 19/20, que será iniciada no segundo semestre deste ano, o presidente da Asplana, Edgar Filho, destaca a importância do fornecedor neste processo de recuperação, que deve responder por quase 50% da cana que deverá ser processada.
“Neste último ciclo, que já era considerada uma safra de recuperação e onde foram processadas quase 16,5 milhões de toneladas de cana, os fornecedores chegaram a moer nele 6,8 milhões de toneladas (41% do total). Esta participação do fornecedor deve se manter neste patamar ou até aumentar na próxima”, afirma o presidente da Asplana.
De acordo com o dirigente, quando as usinas passaram por uma das piores safras da história do setor sucroenergético, quando foram esmagadas 13,7 milhões de toneladas de cana, no ciclo 17/18, os fornecedores responderam com quase 40% do total da cana beneficiada.
“O fornecedor de cana, por mais que tenha sofrido nos últimos anos com os efeitos da seca e a falta de pagamento das usinas, ele se mantem vivo na atividade e com esperança de recuperação. Nos próximos anos deveremos ter preços e safras melhores. O mercado já indica esse crescimento. Isso é importante não apenas para o fornecedor, mas também para o Estado”, afirmou Edgar Filho.
Segundo ele, o fornecedor está com expectativa de dias melhores para o segmento a cana. “Ele está plantando e contando com chuvas melhores distribuídas. Isso resulta em um canavial bonito. A cana vem recebendo os devidos tratos culturais e o canavial está sendo renovado. Com isso, o fornecedor vai ter uma safra boa”, declarou Edgar Filho.
Expectativa de crescimento
O diretor Técnico da Asplana, Antônio Rosário, estima a partir da avaliação do desenvolvimento dos canaviais hoje que é possível apostar num crescimento de produção para a a próxima safra em Alagoas. “Na próxima moagem, com o clima favorável, tratos culturais e o processo de renovação do canavial, devemos ter uma safra de 18 milhões de toneladas de cana”, aponta Rosário.
De acordo com ele, apesar dos preços do açúcar e do etanol não terem atendido as necessidades do segmento, as perspectivas para a próxima safra conta com um cenário mais otimista em comparação a moagem passada.
“Os preços refletem o momento do mercado. Nós – fornecedores e usinas – temos apenas sob o nosso controle os custos e o aumento da produtividade. A gente acredita que o pior já passou e esperamos agora dias melhores para todos”, afirma..