Agro

Fornecedores de cana alertam para perdas no canavial

O principal motivo para o sinal de alerta está na escassez de chuvas na região canavieira do Estado

Por Assessoria 27/01/2020 11h11
Fornecedores de cana alertam para perdas no canavial
Reprodução

O otimismo da cadeia produtiva da cana-de-açúcar de Alagoas de que a safra 19/20 seria mais uma moagem que consolidaria a retomada do crescimento do setor sucroenergético em Alagoas, começa a dar espaço a um sentimento preocupação. O principal motivo para o sinal de alerta ter sido ligado está na escassez de chuvas na região canavieira do Estado, resultando na quebra da produtividade. 

De acordo com Henrique Acioly, fornecedor de cana e um dos integrantes da Copervales , antiga usina Uruba, localizada no município de Atalaia, a redução das chuvas já prejudicou a produtividade da safra 19/20 e também do próximo ciclo.

“O comprometimento com a nova safra 20/21 pode chegar até 20% da moagem e no ciclo atual de 15%. Mas, a gente tem que continuar trabalhando. O índice de pluviosidades, nos meses de setembro e outubro, que são meses que definem safra, foi muito abaixo”, afirmou Acioly.

Segundo ele, a usina está investindo no melhoramento e ampliação da linha elétrica para que possam ser feitas ramificações, disponibilizando energia para os cooperados para que eles possam irrigar no período de seca.

“A gente acredita e espera por dias melhores. Temos aqui nessa região um solo que retém mais a umidade e contamos, por ano, com um índice médio pluviométrico de 1.800 milímetros/ ano. Mesmo com estes números, com essa estiagem, o canavial sentiu. A cana, que está sendo moída desde dezembro passado, está muita seca, perdendo peso. A cana que foi colhida em setembro teve uma boa brotação, mas agora a planta está sentindo a falta da chuva. Mas, se a chuva chegar nos próximos dias, a planta consegue reagir. Contudo, com a produtividade comprometida”, afirmou o fornecedor.

Henrique esclareceu ainda que em uma área que teve produtividade de 93 toneladas por hectare, se a chuva tivesse ocorrido na quantidade e tempo certos, a produtividade no próximo ciclo seria de 85 toneladas por hectare. “Mas, com essa escassez, deve cair para 75 toneladas por hectare se não tiver chuva logo. Com o estresse hídrico, a gente perde tanto no peso da cana, quanto na socaria”, disse.

Segundo ele, para evitar perdas maiores, estão sendo irrigadas áreas onde a cana foi colhida a partir de dezembro e em áreas de plantio de inverno onde a planta estava sentindo a falta de chuva. Sem água, ela não brota. Estamos promovendo uma irrigando de salvação para não perder a cana. Se não houver irrigação, as perdas podem chegar até 40%. O custo para renovar uma área de plantio de cana é altíssimo e pode chegar a R$ 6 mil por hectare”, ressaltou, acrescentando que, na irrigação, por hectare, o custo médio de uma lamina chega até a R$ 400.

Henrique afirmou ainda que a Uruba está trabalhando um projetos para a construção de barragens para que em épocas de seca, o fornecedor tenha uma opção a mais para irrigar o canavial com a energia da própria usina.

Para Ricardo Paiva, gerente geral da Copervales, a seca vem castigando a região da Zona da Mata. “A média de chuva de safra é de 300 mm. Este ano, de setembro a janeiro temos acumulados apenas 100 mm. O menor das ultimas três safras, gerando uma redução de produção neste ciclo. A expectativa da usina esperada para esta safra era de 950 mil toneladas e agora está sendo revista para 850 mil e o motivo foi a chuva de verão. No Estado, a safra deve ser de 15 milhões. Até novembro, a moagem transcorreu bem. A cana agora está muito seca mesmo. Como a safra esta encerrando nos próximos 15 dias, nossa preocupação agora é fazer a socaria do próximo ano, irrigando o plantio e a socaria”, destacou ele.