Agro
Programa do Leite segura mercado do leite em AL
Projeto cumpre papel na economia do Estado, evitando prejuízos para os criadores
São mais de 80 mil famílias que participam diretamente do maior programa de inclusão social e produtiva de Alagoas. De um lado, gera renda, empregos, movimenta a economia. Do outro ajuda a alimentar quem tem fome – literalmente.
Essas são as faces mais conhecidas do Programa do Leite em Alagoas. E normalmente são esses os argumentos repetidos quando existem qualquer tipo de ameaça a sua continuidade – seja por atraso de recursos federais ou estaduais.
No entanto, o Programa do Leite tem uma outra face pouco lembrada, que se sobressai em momentos de crise de mercado – o de balizador de preços. Na prática, é como se fosse um garantidor de preço mínimo.
“Neste cenário, o Programa do Leite serve para controlar o preço mínimo no mercado. Enquanto hoje ele paga R$ 1,76 por litro de leite, no mercado o preço do produto está em R$ 1,60. O programa está em plena execução e nesse momento mostrando esse importante diferencial que é ajudar no equilíbrio de preços. Ao fazer isso, ele ajuda não só o pequeno, mas também o médio e grande produtor, direta e indiretamente”, declarou o secretário da Agricultura, Pecuária, Pesca e Aquicultura de Alagoas, João Lessa, lembrando que o programa está garantido até meados deste ano.
De acordo com ele, o processo de repaginação a que foi submetido o programa resultou em uma maior agilidade nos pagamentos aos criadores. “Estamos efetuando os pagamentos com maior agilidade e essa dinâmica foi obtida graças a inserção do programa no app Agro + Perto. Com isso, as cooperativas prestam contas e recebem os recursos, repassando-os para os criadores”, destacou o secretário acrescentando que, atualmente, o programa atende 86 municípios alagoanos.
O preço de R$ 1,76 por litro pago ao produtor hoje foi estabelecido em meados do ano passado por iniciativa do secretário de Agricultura do Estado; com apoio do deputado federal Marx Beltrão (PSD); senador Fernando Collor (PROS) e do governador Renan Filho (MDB), além do ex-ministro da Cidadania, Onyz Lorenzoni.
Segundo o presidente da Cooperativa de Produção Leiteira de Alagoas (CPLA), Aldemar Monteiro, diante da crise que vive o segmento do leite, o programa se tornou um grande atrativo para os agricultores familiares alagoanos.
“Temos muita gente que havia saído do Programa do Leite e que agora está voltando. Afinal, o preço que está sendo pago compensa já que o valor pago é maior que o ofertado no mercado onde o litro do leite chegou até a R$ 1,50. Se não fosse o programa, correria o risco de muitos criadores estarem hoje jogando leite fora”, ponderou Monteiro.
Até dezembro de 2020 o preço de leite pago ao produtor em Alagoas chegou a R$ 2,20 por litro. Em função de diferentes questões, como queda no consumo e aumento das importações, esse valor caiu gradativamente deste então, levando, hoje, algumas fábricas a suspenderem a captação da matéria-prima parcial ou totalmente.
Agricultores de comunidades como Ribeira; Cajá dos Negros e Picos, localizadas em municípios da bacia leiteira do Estado, foram algumas das localidades onde criadores optaram por voltar a participar do Programa do Leite.
De acordo com Monteiro, a CPLA, que chegou a ter mais de mil produtores fornecendo para o programa, no final do ano passado contava apenas com 200. Atualmente, 700 agricultores familiares da cooperativa estão cadastrados no programa.
Os agricultores familiares deixaram o programa por atrasos no pagamento e, principalmente porque o mercado privado estava mais atrativo. Quem saiu agora está voltando. Não só na CPLA, mas em todas as outras cooperativas que operam o programa, a exemplo de Coopaz, Pindorama e Vale do Paraíba.
“Eles estão voltando. Além de nutrir famílias carentes, além de ajudar a gerar renda para a agricultura familiar, o programa tem ainda essa outra característica muito importante que é o equilíbrio de preços. Mais uma vez fica demonstrado que esse programa não é só importante para o pequeno, para a cooperativa, mas para toda Alagoas”, reforçou Monteiro.