Agro
Tecnologia promete criar nova fronteira agrícola para o milho em Alagoas
Estimativa é que mais de 300 mil hectares possam servir de base para o plantio tecnificado.
A produção de milho no sertão de Alagoas, que tradicionalmente atende a demanda de silagem da Bacia Leiteira, começa a expandir seus horizontes e a explorar novos nichos de mercado. A aposta ocorre em uma área de transição com a região agreste do Estado, mais precisamente entre os municípios de Batalha e Belo Monte, onde o plantio tecnificado para a produção de grãos começa a se tornar realidade.
Diante de resultados positivos obtidos com o plantio comercial, a expectativa é que uma nova fronteira agrícola se consolide nesta região. Contando com o uso de tecnologia, solo fértil e uma pluviosidade adequada para a cultura de grãos, a estimativa é que mais de 300 mil hectares possam servir de base para o plantio tecnificado.
Neste cenário, segundo Gleiton Medeiros - produtor rural sergipano com experiência na produção de milho e que chegou a Alagoas a convite do Banco do Nordeste, investindo no arrendamento de uma área de 450 hectares, na fazenda Aguada -, a previsão é produzir, neste primeiro ano de plantio, seis mil quilos de milho por hectare.
"Acredito que vamos chegar a nossa meta. Estamos em uma área que era degradada, usada para pastagem, e que está sendo recuperada nas suas características físicas, biológicas e químicas. Ano que vem, após um trabalho de adubação, a nossa meta é atingir nove mil quilos por hectare. Nesta área, também fazemos experimentos de materiais com uma boa adaptação a realidade da região. Afinal, tem que ser plantada uma variedade que dê bons resultados. Essa região é um diamante que precisa ser lapidado. Nos próximos anos, teremos um belo crescimento. O Sertão tem uma fertilidade extraordinária”, afirmou Medeiros.
De acordo com o produtor rural, o primeiro ano do plantio é destinado a preparação. “O primeiro passo a ser dado é a análise de solo, seguido do preparo da terra que no Sertão é muito importante. Quanto mais descompactar o solo, melhor. Afinal, a solução está na raiz. Se essa questão for trabalhada, a planta vai aguentar os períodos de veranicos”, acrescentou Medeiros, destacando o potencial da região e lembrando que 80% do milho produzido em Sergipe, por exemplo, vem da área de transição entre o agreste e o semiárido do Estado.
Este ano, segundo levantamento realizado pelo produtor, no período de março até a primeira quinzena de setembro, o acumulado de chuva foi de 980 milímetros. “Todo ano chove nessa região. Em alguns anos, os índices pluviométricos ocorrem com um pouco mais intensidade em relação a outros. Mas, nunca deixa de ocorrer. Então, com a descompactação do solo, enraizador, nutrição adequada e o uso de todo o pacote tecnológico aplicado na cultura do milho, ela pode suportar o período de estresse hídrico. Quando a chuva chegar, o crescimento será espetacular”, reforçou.
No que diz respeito a comercialização do produto, Gleiton classifica o mercado alagoano como extraordinário. “Ele já consome boa parte do grão. Inclusive, é importante destacar a importância de produzir grão por textura. Com uma textura dura, o grão tem até 70% de amido que é usado para a indústria alimentícia. Escolher a variedade certa, possibilita conseguir mais mercado. No Nordeste temos fábrica de cuscuz, ração e o varejo tradicional dos depósitos, além da avicultura, onde Pernambuco é o quinto maior Estado consumidor de milho do Brasil. Temos ainda a indústria de transformação de amido e a exportação, assim como, a possibilidade da chegada da indústria de etanol de milho. Então, mercado não falta”, finalizou.