Agro
Feijão brasileiro quer ser a “proteína verde” do mundo
Oportunidade milionária para os produtores de feijão do Brasil
O Brasil está se preparando para lançar uma campanha massiva internacional de promoção do feijão como a “proteína verde” do mundo, com potencial para substituir com vantagens as já existentes no mercado. A informação surgiu em reportagem da revista europeia Vida Rural, com informações do Instituto Brasileiro de Feijão e Pulses (Ibrafe).
De acordo com a matéria, uma série de ações, promoções e eventos estão prestes a serem lançados, bem como várias parcerias sendo firmadas para que o feijão brasileiro consiga fazer sucesso mundo afora. O Ibrafe revelou com exclusividade à Revista Vida Rural ter firmado um projeto em conjunto com a Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex) para a comercialização de 200 mil toneladas da “proteína verde” brasileira.
De acordo com Marcelo Lüders, presidente do Ibrafe e representante da Global Pulse Confederation (GPC) no Brasil, 60% dos investimento serão proveniente da Apex, que é vinculado ao Ministério das Relações Exteriores brasileiro, sendo os demais 40% dos próprios exportadores. “As empresas exportadoras pretendem alcançar 500 mil toneladas entre pulses e colheitas especiais até 2025”, comenta.
Para que isso se concretize o mais rápido possível, Lüders afirma que algumas empresas parceiras já estão fazendo o reconhecimento do terreno estrangeiro a fim de implementar o produto brasileiro no mercado internacional. Quando perguntado sobre o limite do feijão no mercado de proteínas vegetais ele afirma que este parece “não existir”, pois o setor está saindo do zero e conta com parcerias que já conhecem esse tipo de produto.
“Neste momento a R.S. Blumos Carnevale, empresa com quem celebramos um acordo para focar a inclusão do feijão-carioca nas tiras vegetais ou carnes vegetais, como são conhecidas, está visitando países da Europa para avaliar a demanda por concentrados proteicos. Isto depois de ter lançado em parceria com a BRF, uma das maiores empresas do mundo na produção de proteínas animais e que vem investindo na produção e distribuição das proteínas das plantas”, completa o especialista.
Se os planos do Ibrafe se concretizarem, o retorno financeiro pode ser muito grande para os produtores de feijão do Brasil, já que o retorno tem capacidade de ser milionário. “Essa é talvez a mais importante oportunidade depois do surgimento das commodities. Um produto que não tinha muitas alternativas de uso além do consumo de forma tradicional de repente é descoberto como a saída para alimentar a humanidade. Creio que só será devidamente avaliado a dimensão completa com o passar dos anos”, diz Marcelo.
Isso se justifica com a afirmativa de que as carnes vegetais não são apenas para veganos, pelo contrário, o Instituto acredita que, mais dia, menos dia, todo mundo estará consumindo esse tipo de alimento. Dentre os principais motivos está a necessidade de uma produção de alimentos mais sustentável e menos agressiva ao meio ambiente.
“Todo mundo consumirá. Por questões de princípios, como os veganos, ou por questões econômicas por conta do encarecimento das proteínas animais. Em 2050, as alterações climáticas não serão suficientemente mitigadas sem mudanças na dieta para dietas mais baseadas em vegetais. Adotar mais dietas ‘flexitárias’ (semivegetarianas) baseadas em vegetais em todo o mundo poderia reduzir as emissões de gases de efeito estufa em mais da metade e também reduzir outros impactos ambientais, como a aplicação de fertilizantes e o uso de terras cultiváveis e água doce, de um décimo a um quarto”, explica.
Produtos à base de feijão
Dentre os produtos desenvolvidos à base de proteína de feijão no Brasil estão desde pães e farinhas para confeitaria, sorvetes, tiras vegetais (carne vegetal), pão de FEIjo, que não contém o queijo. Nesse cenário, deveremos ter uma enxurrada de produtos nos próximos dois anos. “Como alguns dependem de resguardar os investimentos através de patentes ainda não temos claro tudo que estará sendo apresentado nos próximos meses”, pontua.
“Os estudos do setor indicam que haverá um sem número de alimentos novos desenvolvidos com estas proteínas. Desde bebidas esportivas sucos enriquecidos, Alguns grãos surpreendem pelos novos produtos como o Feijão Mungo que tem sido utilizado para substituir ovos. O grão-de-bico como substituto do leite em produtos como sorvete”, completa ele. Atualmente, os pulses que têm demanda no Brasil e no mundo são caros, como o grão-de-bico, lentilha, feijões-rajados e vermelhos, por exemplo, mas o Ibrafe acredita que aumentando a oferta terá um preço justo que dará mais alternativas ao consumidor.