Agro
Queda no preço da cana pode “quebrar” fornecedor, alerta Asplana
A redução no valor do ATR (Açúcar Total Recuperável), que oscilou -10% em setembro, para R$ 1,1492 por kg, é considerada como agravante da situação
A safra de cana-de-açúcar 2022/2023 começou com expectativa de alta na produção em Alagoas. A estimativa inicial do Sindaçúcar-AL e da Asplana é que a moagem passe de 19,5 milhões de toneladas, o que se confirmado representará crescimento de 7% em relação ao ciclo anterior (18,2 milhões de toneladas).
Apesar da estimativa inicial, o começo da atual safra de cana em Alagoas é considerado um dos piores da história para os fornecedores de cana alagoano.
A diretoria da Associação dos Plantadores de Cana de Alagoas, que representa mais de 7 mil fornecedores do Estado, fez reunião nessa segunda-feira (24/10) para avaliar os dados do início de safra.
A queda no valor do ATR (Açúcar Total Recuperável), que oscilou -10% em setembro, para R$ 1,1492 por kg, é considerada como agravante da situação. A manutenção do ATR valor baixo pode levar o fornecedor para uma crise financeira sem precedentes, alerta Edgar Filho, presidente da Asplana.
“O preço da tonelada cana está muito ruim, menor do que o registrado na safra passada. Além disso, a cana não desenvolveu bem no campo. Com o excesso de chuvas, a falta de luminosidade e pragas como a cigarrinha, a cana planta não está dando produtividade esperada”, aponta.
Edgar Filho explica que na região canavieira do norte de Alagoas, onde as chuvas normalmente são mais intensas, a produtividade cana por hectare (TCH) caiu de uma média de 60 toneladas na safra 21/22 para 54 toneladas na safra 22/23.
“Além da queda do valor da ATR, estamos enfrentando um ATR ruim no campo (quantidade de ATR por tonelada de cana). Isso somado a queda de TCH (redução de produtividade) tem feito com que o fornecedor que recebeu em média R$ 160 por tonelada na safra anterior, esteja recebendo agora bem bem menos, em alguns entre R$ 100 e R$ 115”, explica Edgar.
Segundo o presidente da Aspana, o preço da tonelada cana padrão em Alagoas (114 kg de ATR), ficou em R$ 131 em setembro. “Depois que é descontado do fornecedor o CCT (Custo de Carregamento e Transporte) pela usina, o valor para muitos fornecedores fica em R$ 100 por tonelada. Com o aumento dos insumos, a exemplo do diesel e do adubo, esse valor torna a atividade inviável. Se continuar assim, o fornecedor vai quebrar”, alerta Edgar Filho.
Versão oficial
Veja texto da assessoria da Asplana
Preço baixo da cana ameaça fornecedores de Alagoas
Preocupados com o preço da cana em Alagoas, fornecedores do estado se reuniram, na manhã desta segunda-feira, 24, na sede da Asplana, para discutir o problema que vem gerando prejuízos a categoria e pode inviabilizar a produção. Neste sentido, os produtores esperam que no próximo ATR, que deve ser divulgado até o dia 28 e que diz respeito a outubro, se reflita a realidade atual da comercialização do açúcar, em especial, do VHP.
Segundo os fornecedores, o ATR passado, referente a setembro, não retratou o cenário de comercializado de açúcar em Alagoas, entrando apenas a produção de etanol.
De acordo com o presidente da Asplana, Edgar Filho, como em setembro não houve a venda do açúcar, o preço do produto ficou muito aquém do que está sendo praticado pelas usinas atualmente.
“A cana do fornecedor está muito mais barata se comparada com a comercialização, principalmente do açúcar VHP que corresponde a 46% do nosso mix. A reclamação dos fornecedores – com o receio de que o ATR do mês de outubro não suba – vem do surgimento de uma situação financeiramente inviável. As contas não estão fechando. É uma situação que está deixando todo muito preocupado. Da forma que está, fica impraticável. Há risco de uma quebradeira geral dos fornecedores de cana de Alagoas. Mas, se houver esse aumento, esperamos poder pelo menos pagar ou cobrir, empatando com os nossos custos. Está sendo um ano, realmente, muito complicado”, afirmou Edgar.
O dirigente dos fornecedores alertou ainda para a alta dos insumos neste processo. “Os preços do adubo e do herbicida estão altos, além de óleo diesel. O valor do salário mínimo no campo e da mão de obra subiram. Sem falar que o ATR do campo, este ano, também não está boa. Com isso tudo acontecendo, as contas para os fornecedores de cana não estão fechando”, finalizou preocupado.