Agro

Presença feminina no ‘Empório Sebrae’ demonstra força das produtoras rurais

Espaço contou com a presença de empreendedoras do campo, da agricultura familiar e que lutam para que algumas tradições se mantenham e se fortaleçam nos dias de hoje

Por Assessoria 31/10/2022 16h04 - Atualizado em 31/10/2022 18h06
Presença feminina no ‘Empório Sebrae’ demonstra força das produtoras rurais
Espaço contou com a presença de empreendedoras do campo, da agricultura familiar e que lutam para que algumas tradições se mantenham e se fortaleçam nos dias de hoje - Foto: Assessoria

O ‘Empório Sebrae’ instalado no Espaço Sebrae de Eventos Álvaro Arthur Lopes de Almeida, no Parque da Pecuária, em Maceió, durante a 72ª edição da Exposição Agropecuária de Produtos e Derivados de Alagoas (Expoagro/AL), tem se destacado, sobretudo, por mostrar a força das empreendedoras do campo, da agricultura familiar e daquelas que lutam para que algumas tradições da cultura alagoana se mantenham e se fortaleçam nos dias de hoje.

Naquele espaço, é possível encontrar histórias como a da cocadeira Elenilda Rosa da Silva, conhecida por Nilda entre suas colegas da Associação dos Produtores de Cocada e Derivados da Massagueira, em Marechal Deodoro, que levaram para a Expoagro uma variedade de tipos de cocadas, que são vendidas no ‘Cocada Cultura’ em formato ‘drive thru’, às margens da rodovia AL-101 Sul, no povoado.

Cocada de banana, de coco queimado, de amendoim, cocada branca, doce de leite, de abacaxi. É da venda dessa variedade de opções que dona Nilda sobrevive há 35 anos, tradição que passou para as filhas e netos. “Sempre vivi da cocada. Aprendi com uma vizinha. Foi o meu primeiro trabalho e foi assim que criei as minhas filhas Paula e Elane, que hoje também são cocadeiras. Tenho seis netos e eles também já ajudam as mães com a cocada. Muita gente nos apoiou nesse tempo e as coisas foram mudando. O Sebrae, o governo, a prefeitura, principalmente depois da construção do ‘Cocada Cultura’. Ficamos muito felizes”, lembra.

Uma das colegas de dona Nilda é Sandra Maria da Silva, que lembrou o quanto o Sebrae tem contribuído com o fortalecimento das cocadeiras na região, por meio da oferta de cursos, consultorias e outras soluções que contribuíram para a qualificação de mais de 25 cocadeiras associadas.

“É muito boa essa parceria com o Sebrae que nos trouxe esse espaço para que a gente possa trabalhar. É a nossa primeira vez na Expoagro e está sendo muito bom para vender e divulgar o nosso trabalho. Recebemos algumas capacitações envolvendo boas práticas na manipulação de alimentos e atendimento ao cliente. Isso tem atraído mais clientes. Tem gente que para no ‘Cocada Cultura’ e fica um tempão, se transformam em nossos amigos”, ressalta.

Também ajudando a manter vivas suas tradições, estava Maria Cícera Barbosa, da Associação Das Doceiras e Artesãs de Palmeira dos Índios (ADAPI), que faz parte do Programa Alagoas Maior, promovido pelo Sebrae e Governo de Alagoas, por meio da Sedetur. Desde 2002 trabalhando com artesanato indígena, Maria Cícera, que é da Aldeia Serra do Capela, em Palmeira dos Índios, revela que esta é a quarta edição da Expoagro que ela participa levando itens da aldeia como arco, maraca, colares, brincos, pulseiras, cocais, além de doces, todos produzidos na aldeia.

“Desde 2004 faço parte da associação e comecei a produção de doces. Além de artesã, também sou doceira. Esse é um espaço muito importante para nós mostrarmos o que fazemos, além da troca de experiência com outras associações. É sempre muito bom. Essa parte dos doces, colares e pulseiras eu que faço. Os homens da aldeia fazem o resto. Esse apoio do Sebrae, na questão de preço qualidade, além do Alagoas Maior, nos ajudam bastante”, ressalta.

A gerente-adjunta da Unidade de Relacionamento Empresarial do Sebrae Alagoas, Fátima Aguiar, lembra que as mulheres assumem papel de destaque no agronegócio e contribuem para o desenvolvimento do setor com visão estratégica, atenção aos detalhes e novos estilos de gestão. Fatores que ajudam a aumentar a produtividade das lavouras e contribuir para redução do número de pessoas subnutridas. É por conta desses benefícios que o Sebrae segue apoiando o empreendedorismo feminino também no campo.

“O Sebrae busca valorizar as competências, comportamentos e habilidades das mulheres, difundindo e profissionalizando o empreendedorismo feminino. Pois, acredita que a inclusão produtiva das mulheres, via empreendedorismo, favorece a melhoria dos aspectos sociais, educacionais e indicadores de saúde tanto das empreendedoras quanto de suas famílias”, ressalta Fátima.

Incentivo o empreendedorismo feminino
Ainda segundo Fátima Aguiar, por meio do Programa Alagoas Maior, o Sebrae e o Governo do Estado trabalham grupos de mulheres da Agricultura Familiar, fomentando o empreendedorismo feminino e o protagonismo local, promovendo o empoderamento delas.

“Esse trabalho é feito de modo em que elas possam ter domínio sobre as suas próprias vidas e serem capazes de tomar decisões sobre o que lhes diz respeito e, sobretudo, ter consciência coletiva. Eventos como a Expoagro e outras feiras, encontros de negócios e rodadas de negócios, promovidos pelo Sebrae e parceiros, oportunizam a essas mulheres. Além da divulgação e comercialização de seus produtos, aumento na geração de renda, ocupação e consequentemente a melhoria da qualidade de vida”, frisa Fátima Aguiar.

Multiplicando conhecimento
Outra participante do espaço é a artesã Graça Correia, do município de Olho d’Água do Casado, no Sertão Alagoano. Desde 2011 acompanhada pelo Sebrae, Graça trabalhava apenas com a costura de confecções e fardamentos. Com o crescimento da Rota do Turismo na região, a artesã percebeu uma oportunidade. “Vi que com o crescimento do turismo, era preciso ter produtos com as características do Sertão, com a nossa identidade para vender aos turistas e gerar trabalho para as meninas do assentamento”, frisa.

Ao perceber que essa poderia ser uma boa forma de renda, Graça repassou o seu conhecimento a outras mulheres do município. “Além disso, criei um grupo de mulheres artesãs, algumas delas indígenas e quilombolas e capacito elas no bordado e fazemos os nossos produtos com a característica local, que vão de elementos da natureza até as pinturas rupestres encontradas nos sítios arqueológicos de lá”, enfatiza.

Para a Expoagro, Graça levou para vender bolsas, túnicas, ecobags, almofadas, além de quadros, todos com flores, cactos e outros itens com a cara do Sertão e feito por ela e pelas mulheres capacitadas. “Eu vou instruindo essas meninas e a gente segue bordando. O grupo tá tão forte que hoje conta com 12 mulheres e está se tornando uma associação. Falta só formalizar. Esse trabalho que faço é graças ao Sebrae que me incentivou e me deu consultoria, cursos e até participações em eventos como a Fenearte”, conclui.

III Encontro das Mulheres do Agronegócio de Alagoas
O espaço ainda recebeu o III Encontro das Mulheres do Agronegócio de Alagoas, nos dias 22 e 23 de outubro. A programação contou com as seguintes palestras e casos de sucesso: ‘O protagonismo das mulheres do agronegócio do Brasil’, ministrada pela CEO Mulheres do Agronegócio Brasil, Andrea Cordeiro; ‘Marketing no Agronegócio’, com Karina Costa, CEO da Karina Costa Agromarketing; ‘Gestão de Projetos – Senar Para Elas’, por Graziela Freitas, gerente técnica do Senar/AL; ‘Ingresso no mercado de trabalho’, por Joyce Duarte, zootecnista da Rehagro/MT, além das apresentações dos cases das produtoras rurais Maria das Neves e Rosivânia Leite.

Sobre a 72ª Expoagro
A 72ª Expoagro é uma realização da Associação dos Criadores de Alagoas (ACA), Organização Arnon de Mello, Federação da Agricultura e Pecuária no Estado de Alagoas (Faeal), com o patrocínio do Sebrae Alagoas, Secretaria de Estado da Agricultura do Estado de Alagoas (Seagri) e Prefeitura de Maceió. O evento ainda conta com o apoio da Federação das Indústrias do Estado de Alagoas (Fiea) e Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (Senar-AL).