Agro
Alagoas tem o primeiro plantio comercial de lúpulo
De acordo com o produtor rural Aluízio Righetti, que apostou na novidade, o cultivo local conta com oito variedades de lúpulo
O processo de diversificação de culturas não para em Alagoas. Desta vez, o pioneirismo veio do plantio comercial de lúpulo. A novidade foi apresentada pela fazenda Sete Léguas, em União dos Palmares, onde foram realizados investimentos em novas tecnologias, adubação e irrigação.
De acordo com o produtor rural Aluízio Righetti, que apostou na novidade, o cultivo local conta com oito variedades de lúpulo. “A princípio, eu imaginava que a planta só poderia ser cultivada em regiões frias. Mas não era isso. Fiz uma experiência em uma área de dois mil metros quadrados e o resultado foi positivo. Já estamos na segunda safra que ocorre a cada cinco meses”, afirmou.
Segundo ele, entre os ciclos, foi observado um melhor resultado das plantas. “Ainda não sabemos tudo, mas estamos indo bem. Já no que diz respeito ao beneficiamento ainda estamos começando a dominar o processo para que possamos atender o cervejeiro. Nossa intenção é vender o produto apenas para o mercado alagoano”, afirmou.
Neste cenário, a expectativa do produtor rural é ampliar a área plantada. “Temos oito variedades, mas elas não se comportam da mesma forma. Vamos escolher seis para fazermos o plantio em quadras, podendo cobrir uma área de até dois hectares. O plantio é feito em fileiras com espaçamento de 3,30 metros. As plantas são cultivadas com a distância de um metro uma da outra”, informou.
Como o lúpulo precisa de 16 horas de iluminação, o complemento é feito com luz artificial. Com relação a irrigação, de acordo com o produtor, a planta precisa de água, mas em excesso causa a morte dela.
Cerveja
Segundo Rafael Leal, sócio de uma marca de cerveja artesanal do município de Murici, a Caatinga Rocks, entre os produtos obrigatórios que fazem a cerveja (água, malta e levedura), o lúpulo é responsável pelo amargor, aroma e sabor a bebida. “Cada variedade tem propriedades sensoriais distintas. É a partir daí que entra a alquimia do cervejeiro para determinar qual produto ele vai querer”, destacou o empresário que já produziu cerveja com o lúpulo produzido em União dos Palmares.
Leal ressaltou ainda que 99% do mercado nacional é abastecido pelo lúpulo que vem do exterior, procedente, em sua maioria, dos Estados Unidos e da Europa.
“Ter uma produção de lúpulo local, além de dar uma mobilidade maior, vai conferir um aspecto peculiar da região. Afinal, uma mesma variedade plantada em países diferentes resulta em perfis sensoriais distintos. Fabricamos a primeira cerveja comercial produzida com o lúpulo plantado aqui e que se chama Alagoas. Ela é feita todo mês de setembro em comemoração a emancipação política do estado. A cada ano, fazemos uma inserção diferente usando uma fruta ou um tempero da região. Ano passado, fizemos com o blend de lúpulo da fazenda Sete Léguas. Vale lembrar que o lúpulo é o tempero da cerveja. Do ponto de lista legal e técnico, sem o lúpulo a bebida não pode ser considerada cerveja”, destacou o cervejeiro lembrando q o lúpulo é uma flor e dentro dela está a lupulina com todas as suas propriedades.
Atualmente, de acordo com ele, Alagoas conta com seis plantas de micro cervejarias artesanais e cervejeiros “ciganos”, que são aqueles que trabalham de forma profissional, mas ainda não têm a própria fábrica e produzem de forma terceirizada, além da Associação dos Cervejeiros Caseiros, que congrega todos os cervejeiros que produzem por hobby.