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Projeto inédito gera energia solar em canavial

O projeto é desenvolvido pela equipe técnica da usina Santa Clotilde em parceria com a Universidade Federal de Alagoas (Ufal) e a Fundação de Amparo à Pesquisa no Estado de Alagoas (Fapeal)

Por BCCOM Comunicação 09/01/2023 15h03 - Atualizado em 09/01/2023 15h03
Projeto inédito gera energia solar em canavial
Sete estruturas comportam 210 painéis fotovoltaicos, gerando energia no campo - Foto: Reprodução

A busca por novas tecnologias no meio rural não para. Neste sentido, o uso de ferramentas que exploram o uso de fontes renováveis de energia se torna cada vez mais presente no campo. Com isso, o projeto de pesquisa do Sistema Agrofotovoltaico chega como uma opção para a produção de energia solar em meio ao canavial.

O projeto é desenvolvido pela equipe técnica da usina Santa Clotilde em parceria com a Universidade Federal de Alagoas (Ufal) e a Fundação de Amparo à Pesquisa no Estado de Alagoas (Fapeal).

De acordo com Ricardo Araújo, professor de Agrometeorologia e Energia de Biomassa, a pesquisa inédita no Brasil tem a finalidade de viabilizar - em uma mesma área - mais de um produto energético. “Neste caso, seria a biomassa da cana com a energia solar. Vamos avaliar como o sistema vai se comportar. Além do ganho de eletricidade com os painéis fotovoltaicos, posicionados a uma distância de oito metros do solo, vamos observar se a cana terá uma produção maior ou até menor”, afirmou.

Segundo o pesquisador, o ambiente de pesquisa é monitorado por meio de uma estação meteorológica, onde são observados temperatura, vento e umidade, entre outros fatores. “Teremos os primeiros resultados deste novo ambiente de crescimento agrícola, fora os já obtidos de forma preliminar, em aproximadamente dez meses. A cana vem se desenvolvendo bem e a energia vem sendo gerada. É um projeto que promete”, destacou.

O também professor Márcio Cavalcante, engenheiro Civil, destacou que o projeto é único no Brasil, contando com estruturas específicas para a sua execução. “Pesquisamos várias soluções estruturais aplicadas em outros países. Mas, para atender as especificidades da cana, a altura da estrutura teve que ser maior que as projetadas em outras localidades”, afirmou.

O projeto conta com sete estruturas que somam 210 painéis fotovoltaicos que, de acordo com os estudos preliminares, resultam em um potencial de nove megawatts hora/mês.

Para Pedro Sarmento, agrônomo e gerente de Desenvolvimento da usina Santa Clotilde, os resultados iniciais vêm sendo considerados positivos. “Na cultura da cana, a gente só consolida os resultados após a colheita. Para nós foi uma surpresa positiva a questão do sombreamento dos painéis sob a planta. Achávamos que iria causar a diminuição da cana e está sendo uma realidade contrária. Estamos analisando os dados de crescimento e quando a cana entrar na fase de maturação, estudaremos os dados agroindustriais. Notamos que a estrutura também poderá ser usada no sistema de irrigação do canavial”, salientou.

Segundo Daniel Berard, diretor Financeiro da usina Santa Clotilde, o projeto inovador – caso apresente resultados positivos – será mais um valor agregado ao negócio. “Temos um nível de insolação muito bom e a cultura da cana é tradicional no nosso estado. Ela precisa de inovação para se tornar mais competitiva. Precisamos produzir mais na mesma área e essa é uma iniciativa que não agride o meio ambiente”, frisou.