Agro
Asplana: 2022 foi um ano desafiador e de dificuldades
Era esperado que fosse um ciclo muito tranquilo e rentável com um escoamento normal e preços bons. Mas o que vem ocorrendo é justamente o contrário”, destacou Edgar Filho, presidente da Asplana
O ano de 2022 para o setor canavieiro, em especial para os fornecedores de cana, foi considerado desafiador e de muitas dificuldades provocadas por excesso de chuvas, pragas, preços baixos, entre outros fatores que causaram reflexos negativos na safra 22/23, que teve início em setembro passado.
“Foi um ano de muitas dificuldades e que mudou radicalmente após o início do inverno, que chegou com níveis pluviométricos bem maiores que o esperado. Isso alterou totalmente o panorama da safra. Era esperado que fosse um ciclo muito tranquilo e rentável com um escoamento normal e preços bons. Mas o que vem ocorrendo é justamente o contrário”, destacou Edgar Filho, presidente da Asplana.
De acordo com o dirigente da associação, que representa mais de sete mil fornecedores de cana de Alagoas, as chuvas, cujo registros foram acima da média histórica, contribuíram, por exemplo, com a propagação de pragas como a cigarrinha e broca, entre outras.
“Além das pragas, o inverno rigoroso reduziu a luminosidade fazendo com que a cana não de desenvolvesse de forma esperada, gerando a diminuição de pesa e tamanho, além da diminuição da média de ATR do campo. Em anos normais, a média seria de 130 a 135 quilos. Este ano, ela chega a 120 ou 122. Com isso, registramos uma queda de quilo de ATR de até oito pontos. Este cenário, gera um prejuízo financeiro muito alto no final de uma safra”, reforçou o dirigente do setor.
Segundo Edgar Filho, problemas como a redução do peso da cana são observados com maior ênfase na região norte do estado, onde há uma ocorrência maior de chuvas em comparação ao sul.
“Alinhado a este panorama, tivemos a questão do preço da cana que também não foi como o esperado. A redução do preço da gasolina impactou no etanol, que ficou sem competitividade. O preço caiu muito no começo da safra 22/23. As usinas não faziam etanol por ser inviável e não ter rentabilidade. É justamente o biocombustível que dá uma viabilidade financeira para as indústrias do setor no começo da safra para que elas possam fazer as compras de cana”, ressaltou.
O presidente da Asplana afirmou ainda que as chuvas também foram responsáveis pelo atraso no início da safra e que ainda geraram interrupções da moagem ao longo dos meses de moagem. “Neste período, ano passado, haviam sido beneficiadas mais de dois milhões de toneladas de cana em comparação a safra atual. A colheita está muito atrasada em Alagoas. A maioria dos fornecedores e até das usinas, em pleno mês de dezembro, não haviam colhido 50% da safra. Praticamente, as chuvas só pararem em meados de dezembro. Com o excesso dos índices pluviométricos, a gente não conseguia colher a cana. Algo nunca visto antes”, reforçou.
Para ele, se a chuva segurar, a cana terá condições de ser colhida no campo dentro do período esperado. “Mas, se chover, como geralmente ocorre no mês de janeiro, isso pode fazer com que fornecedor e a indústria deixe a cana no campo. Vamos torcer para que o tempo se mantenha firme para que o prejuízo, que já é grande, não se torne ainda maior”, finalizou o presidente da Asplana, acrescentando também que o setor tem uma defasagem de mão de obra, o que dificulta ainda mais o cultivo da cana-de-açúcar em Alagoas.