Agro

Alagoas corre ‘risco’ de deixar cana no campo na safra 2022/2023

Mesmo com esse cenário, o Sindaçúcar-AL mantém a estimativa de crescimento para o ciclo, apostando numa safra de 19,5 milhões de toneladas de cana no Estado

Por Blog do Edivaldo Junior 26/01/2023 04h04 - Atualizado em 26/01/2023 05h05
Alagoas corre ‘risco’ de deixar cana no campo na safra 2022/2023
Alagoas deve deixar cana em pé na safra 22/23 - Foto: Reprodução

A safra de cana-de-açúcar 2022/2023 é uma das mais atípicas que se tem notícia na história do setor em Alagoas.

Produtores de cana com mais de 50 anos de experiência não lembram de ter visto um ano mias chuvoso na zona canavieira que o de 2022. Os índices passam dos 3 mil milímetros em vários municípios produtores no Estado.

De um lado o excesso de chuvas no inverno e os índices acima da média no verão ajudam a projetar um aumento de produção na próxima safra. Do outro, deve provocar uma perda inesperada. Em algumas unidades existe risco de sobrar cana em pé.

Na região sul do Estado, as usinas Coruripe e Pindorama devem estender a moagem até meados de abril de 2023 para tentar moer toda a cana que ainda não foi colhida, tanto das indústrias quanto de seus fornecedores.

Na Pindorama, a safra será alongada em mais de 30 dias, se comparado com o ciclo anterior. “A última safra terminamos no começo de março. Esta deve se estender até onde for possível e calculamos como prazo máximo 15 de abril”, aponta Klécio Santos, presidente da Cooperativa Pindorama.

A usina moeu na safra passada 1,06 milhão de toneladas de cana e deve esmagar 1,2 milhão de toneladas nesta safra, em crescimento de 13%. O volume poderia ser maior. “Infelizmente registramos paradas de 23 dias durante esta safra porque não foi possível cortar cana em função das chuvas. Não fosse isso, nossa safra seria ainda maior”, explica Klécio.

Nas outras regiões do Estado, o rimo não é diferente. No norte, onde as chuvas causaram mais interrupções na moagem do que outras regiões, a safra também vai até meados de abril. Apesar do esforço das usinas, Alagoas segue correndo o ‘risco’ real de deixar cana no campo – algo entre 200 mil e 300 mil toneladas em todo o Estado, com sobras maiores em determinadas regiões.

Mesmo com esse cenário, o Sindaçúcar-AL mantém a estimativa de crescimento para o ciclo, apostando numa safra de 19,5 milhões de toneladas de cana no Estado.

Recuperação

A safra atual ainda é de recuperação. O “fundo do poço” do setor sucroenergético de Alagoas foi registrado na safra 2017/2018, com moagem de 13,7 milhões de toneladas – a menor em décadas.As safras seguintes foram de retomada. A meta é voltar aos patamares históricos com médias de 25 milhões de toneladas de cana por moagem no Estado.

O setor fechou a safra 2021/2022, em abril do ano passado, com um volume de 18,3 milhões de toneladas de cana esmagadas, em crescimento de 6,9% ante a safra anterior quando foram esmagadas 17,037 milhões de toneladas.

A safra 2022/2023 mantém o ritmo de retomada, apesar de todos os problemas ocasionados pelas chuvas atípicas de verão. “Continuamos apostando numa safra em torno de 19,5 milhões de toneladas”, aponta o presidente do Sindicato da Indústria do Açúcar e do Álcool em Alagoas, Pedro Robério Nogueira.