Agro
Apicultores alagoanos aumentam produtividade com ações do AgroNordeste
Assistência técnica e boas práticas geram aumento de produtividade e rentabilidade do setor de apicultura no Agreste e no Sertão
Henaldo Tertuliano é um apicultor de 51 anos, produtor rural em Senador Rui Palmeira, Sertão de Alagoas. Sempre contou com o apoio da família, mas sua produção não passava de 300 kg de mel, por ano. A partir dos cursos e capacitações oferecidos pelo Programa AgroNordeste, ele passou a entender seu negócio, empreender de forma mais profissional e colher resultados surpreendentes. Em 2022, o Apiário Boa Esperança produziu 4.000 kg de mel, cerca de 15 vezes mais do que Henaldo obtinha, antes do apoio do Sebrae.
A economia do Agreste e do Sertão alagoano vem ganhando cada vez mais destaque, desde o início do programa AgroNordeste, implementado pelo Sebrae, a partir de 2017. A criação de abelhas tornou-se então uma importante atividade agropecuária dessas regiões, que atualmente conta com 28 produtores.
Nos municípios de Delmiro Gouveia, Pariconha, Água Branca, Inhapi, Mar Vermelho, Arapiraca, Estrela de Alagoas, Batalha, Belo Monte, Jacaré dos Homens, Major Isidoro, Ouro Branco, Olho D’água das Flores, Santana do Ipanema, São José da Tapera, Igaci, Palmeira dos Índios, Limoeiro de Anadia, Piranhas, Poço das Trincheiras, Senador Rui Palmeira, Pão de Açúcar, Coité do Nóia, Maravilha, Dois Riachos, Carneiros, Craíbas, Girau do Ponciano e Mata Grande, produtores de mel participam de palestras com temáticas de mercado e sobre crédito, seminários, missões técnicas, caravanas, acesso a feiras, rodadas empresariais, consultorias em educação financeira e diagnósticos territoriais, além de receber orientação para a elaboração de manual de implantação de consórcios entre municípios.
Eles também passaram por consultorias técnicas e gerenciais através do Programa Sebrae de Consultoria Tecnológica (Sebraetec), que promove a melhoria de processos, produtos e serviços dos clientes do Sebrae por meio do acesso à inovação. As ações já resultaram num volume de negócios de aproximadamente R$ 114 mil ao ano.
Pollyana Bellotti, analista do Sebrae, lembra que os beneficiários deste programa são produtores rurais e apicultores da agricultura familiar que estão empreendendo através de associações, cooperativas e sindicatos rurais. Além da apicultura, também são acompanhados os segmentos da avicultura de corte e postura, caprinocultura de leite e hortifruticultura. Todas as ações sempre com foco no desenvolvimento econômico e social do Semiárido de Alagoas.
“Os resultados mostram o desenvolvimento da atividade na região e o aumento da produção de mel. Por meio da aplicação das boas práticas e de ações para melhorar a gestão das propriedades rurais, a atividade da apicultura na região avança rumo à profissionalização, com aumento da produtividade e rentabilidade”, avalia.
O produtor Henaldo Tertuliano, que apresentamos no início da matéria, recebeu os benefícios do programa no Sítio Cinco Imbuzeiro, zona rural de Senador Rui Palmeira. “Tenho o apoio do Sebrae desde 2016 e isso mudou muita coisa no meu apiário. Produzimos mel com abelha de ferrão e com a consultoria vimos que tínhamos que trocar a cera, substituir as rainhas, entre outras ações importantes que estavam travando o nosso crescimento”, revela.
Segundo ele, as mudanças melhoraram a produção, com mais mel e de melhor qualidade. “Atualmente, tenho 100 colmeia e são milhares de abelhas produzindo nosso mel”, completa o empreendedor, que é um dos 25 integrantes da Associação de Apicultores de Senador Rui Palmeira, parceira do Sebrae na implementação do AgroNordeste na região.
Boas práticas
Os produtores aprendem práticas importantes para produzir mais, melhorar a qualidade do produto e da gestão, que foram incluídas nas atividades dos apiários, com destaque para o beneficiamento da cera apícola, que garante renda extra e potencializa o desenvolvimento e a produtividade das colmeias. Eles também recebem orientações para o manejo correto das colmeias, com ações como a avaliação e substituição de rainhas de todas as colmeias que estavam aptas a produzir no campo, controle de formigas e insetos que se alimentam de abelhas e distanciamento adequado entre as caixas.
Também fazem parte dos processos de boas práticas, a preocupação com o conforto das colmeias, com aumento do sombreamento dos apiários e núcleos e produção, realocação de algumas colmeias, reflorestamento nos apiários com mudas de espécies da caatinga, uso de telhas ou sombrites. Tudo isso leva ao fortalecimento das colmeias, com o planejamento para a multiplicação das famílias, preparação das melgueiras para a época da safra, revisões, avaliações, indução de florada com espécies nativas; além de introduzir alimentação suplementar natural nos períodos mais secos.