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Agricultoras familiares mostram a força das mulheres na produção agropecuária de Alagoas

Secretaria de Agricultura conta a história de agricultoras familiares que revelam os desafios de produzir no campo

Por Secretaria de Agricultura 08/03/2023 10h10 - Atualizado em 08/03/2023 10h10
Agricultoras familiares mostram a força das mulheres na produção agropecuária de Alagoas
Maria Cícera é a maior produtora de feijão de Joaquim Gomes e recebeu sementes do Planta Alagoas em 2021 e 2022 - Foto: Léo Inácio, Thayana Araújo e Giselly Vitória

As mulheres deixam a marca no campo, produzindo, beneficiando e implementando produções. Para muitas agricultoras familiares de Alagoas, o plantio é a única fonte de renda para a manutenção da casa. A lida no campo, às vezes, pode ser difícil, ao ter que dividi-la com os cuidados da família e da casa, mas desistir não faz parte do pensamento das pequenas produtoras do Estado.

Em Quebrangulo, Adriana Barros da Silva, 42 anos, é mãe solo e cria a pequena Maria Alice, de 10 anos, plantando feijão, batata-doce, mandioca, macaxeira, criando galinhas e, quando possível, alguns porcos. E ainda está planejando o espaço para plantar uma horta. Os produtos são comercializados na feira da cidade.

Ela cuida sozinha da pequena propriedade, localizada na comunidade Lages, e, muitas vezes, troca a sua força de trabalho para conseguir mais gente para ajudar no manejo da plantação. O ofício ela aprendeu com a mãe, a dona Luciana Barros, 69 anos, que criou os filhos pequenos também cuidando da plantação quando o marido faleceu.

“Todas as gerações são de agricultores. A minha mãe foi a minha base e, além de ter o exemplo, a gente tem a força de vontade. Eu tenho muito orgulho, tenho prazer em comer aquilo que eu planto. E também de plantar a sementinha, de ver nascer. Eu me sinto melhor na roça do que em casa, acho muito bom acordar cedo para trabalhar. É só botar a enxada nas costas e vou embora. E quando chego em casa ainda vou arrumar a casa, além de levar e buscar a filha na escola”, revela a agricultora.

As histórias da força da mulher no campo são muitas, em Alagoas e no Brasil afora. Segundo o último Censo Agropecuário do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), publicado em 2017, o número de mulheres na condução de propriedades rurais aumentou 38% em todo o País, entre os anos de 2006 e 2017.

A secretária de Estado da Agricultura e Pecuária de Alagoas, Carla Dantas, explica que a participação das mulheres na produção agropecuária cresce à medida que as políticas públicas conseguem dar acesso a condições de trabalho, oportunizando que as mulheres do campo ganhem mais força para continuar produzindo.

“Estamos buscando novas parcerias institucionais, com intuito de dar o suporte de capacitações e formações necessárias ao campo. Ao mesmo tempo, estamos colhendo informações sobre a produção agropecuária do Estado para que, de forma assertiva, os programas de inclusão produtiva voltados para a agricultura familiar cheguem a quem precisa e na forma que precisa”, pontua Carla Dantas.

O Planta Alagoas, programa de distribuição de sementes da Seagri, é um dos exemplos de que as políticas adotadas pelo Governo do Estado conseguem fazer com que a mulher do campo tenha acesso e incentivo para produzir. No município de Joaquim Gomes, Maria Cícera, 44 anos, é a maior produtora de feijão da região e recebeu sementes do programa estadual nas duas últimas edições, nos anos de 2021 e 2022.

“Vivo da agricultura há 18 anos. Toda a minha família também trabalha com a produção rural há gerações. Pessoas de Maceió e região vêm aqui para comprar o que eu produzo. Para se estabelecer no campo é preciso muita força de vontade, pois vamos enfrentar muitos obstáculos durante o caminho. E é isso que nos fortalece no dia a dia”, ressalta Maria Cícera.

O trabalho no campo também garante empoderamento para as mulheres. A história da agricultora Verônica Silva de Melo, 63 anos, também não é diferente. No povoado Vista Alegre, em Igreja Nova, ela faz parte do Movimento de Mulheres do município. O arroz, a macaxeira, o milho, feijão e o inhame são beneficiados e do bolo que elas produzem vem a renda para o grupo. “A gente sente felicidade de gerar renda para todas nós. Sinto que sou mais livre, por não ficar dependendo do marido. A sensação é de estar trabalhando para si própria”, acredita Verônica.

Aos pés da Reserva Biológica de Pedra Talhada, Maria Estela Pereira, 53 anos, se divide entre ser merendeira de uma escola em Quebrangulo, agricultora familiar e artesã. Morando sozinha no sítio, ela cuida do plantio de maracujá, inhame, batata, milho, fava, e ainda tem a horta de alface, chuchu, berinjela, maxixe, couve e pimentão. Para ela, o trabalho no campo implementa a renda e ainda ajuda na saúde mental.

“Sou filha de agricultor e, desde pequena, acompanho minha mãe na roça. A plantação é dividida em duas a três tarefas e tudo tem que ser programado. Vou me virando para cuidar de tudo, arrumo ajuda aqui e ali. Se você ficar mexendo no maracujá, na horta, você se apaixona. É uma terapia. Não espere para valorizarem vocês, primeiro você tem que se valorizar. Eu me sinto muito valorizada, e isso é tudo”, finaliza Maria Estela.

O campo é o lugar onde sai o alimento que chega à mesa de todos os alagoanos e as mulheres têm um papel fundamental na produção da agricultura familiar de Alagoas.

Neste Dia Internacional da Mulher, comemorado hoje (08), as agricultoras familiares, mulheres assentadas, acampadas, quilombolas, indígenas reafirmam que trabalhar no plantio é onde elas querem estar, no seu lugar de direito. Afinal, as mulheres são a força que move o campo e a cidade.