Agro
Emater celebra 12 anos de assistência técnica aos agricultores familiares de Alagoas
Com atendimento em 7 supervisões regionais, o órgão possui diversas frentes de atuação
Presente em mais de 75 municípios alagoanos, o Instituto para o Desenvolvimento Rural Sustentável de Alagoas (Emater) completa, nesta sexta-feira (01), 12 anos de história. Dividido em 7 supervisões regionais, o órgão atua contribuindo para a promoção e desenvolvimento da agricultura familiar.
Referência em assistência técnica e extensão rural, a entidade foi criada pela Lei 7.291, e é uma autarquia ligada à Secretaria de Estado da Agricultura e Pecuária (Seagri). Sua missão é prestar assistência técnica, geração e adaptação de tecnologias por meio de metodologias educativas e participativas.
Hoje, a entidade conta com 70 técnicos distribuídos nas regionais: Metropolitana, Alto Sertão, Médio Sertão, Grande Mata Alagoana, Baixo São Francisco, Agreste I e Agreste II. Visando chegar a mais locais e aprimorar a atuação, mais de 65 termos de cooperação com os municípios estão ativos.
"Ao longo dos anos essa nossa casa tem enfrentado desafios. Mas, ao mesmo passo, também nos orgulhamos do trabalho que desenvolvemos junto aos agricultores familiares de Alagoas. O governador Paulo Dantas firma o compromisso com a agricultura e seguimos em frente com políticas que visam beneficiar aqueles em situação de vulnerabilidade social e impulsionar a geração de renda através da produção da agricultura familiar. Nossa missão é apoiar e dinamizar processos sustentáveis para aqueles que assistimos”, declara Moisés Leandro, diretor-presidente da Emater.
Segundo dados do Ministério do Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar (MDA), a agricultura familiar responde por 70% da oferta de produtos que chegam à mesa dos brasileiros - entre hortaliças, frutas, grãos, ovos, leite e derivados.
A Política Nacional de Assistência Técnica e Extensão Rural (PNATER) define a ação do extensionista rural como um “educador informal”. Dessa forma, vale dizer essas pessoas são a ponte que liga o mundo da agricultura familiar ao universo das tecnologias disponíveis que, uma vez adequadas e contextualizadas a cada realidade e local, contribuem para viabilizar, de forma sustentável, os sistemas produtivos e promover qualidade de vida.
A secretária de Estado da Agricultura, Carla Dantas, explica que o trabalho desenvolvido pelos extensionistas da Emater é essencial para que os agricultores familiares consigam melhorar a produtividade e organizar os processos produtivos produtivos. Ela pontua, ainda, que o Governo de Alagoas está buscando intensificar a assistência técnica no campo.
"Quando falamos de dar mais segurança alimentar para as famílias alagoanas, sabemos que a produção agropecuária do nosso estado se torna primordial. Por isso, temos fortalecido nosso trabalho para que a agricultura familiar consiga produzir durante todo o ano. Os extensionistas fazem parte dessas políticas públicas de inclusão produtiva lá na ponta. São os técnicos de campo que acompanham os produtores para que possam produzir cada vez mais e melhor, ajudando na sua permanência no campo e na geração de renda", destaca Carla Dantas.
Ao longo dos anos, os técnicos ligados à Emater acompanham de perto agricultores familiares, e estão junto a eles em todas as etapas da produção, no plantio, cultivo e colheita, levando mais conhecimento e entendendo as especificações de cada produtor e local. A atuação da instituição é diversa e atende várias frentes, aliados aos compromissos traçados pelo Governo de Alagoas.
Produção rural e tecnologia das sementes
No Povoado Pau Ferro, no município de Batalha - que faz parte da Supervisão Agreste II -, o senhor Manoel Messias é acompanhado pela Emater desde 2014 – hoje, com o técnico Douglas Rodrigues. Com a assistência técnica, em 2017 o produtor criou a Associação dos Produtores Familiares e Produtores de Leite e Derivados do Pau Ferro dos Pereras, que hoje conta com mais de 30 associados.
Lá, em parceria com o Programa Prospera, tocado pela Global Communities, foi implantada uma Unidade Demonstrativa de milho para produção de silagem - um alimento para suplementar as pastagens do gado. Na ocasião, foram utilizadas 55 mil sementes (P3565pwu e P3707vyh) de milho na área de 1 hectare.
O cultivo foi feito do período de maio a setembro deste ano e, como resultado, a colheita foi de aproximadamente 45 toneladas. O objetivo era levar mais qualidade e atender às necessidades do produtor durante o período seco.
“Me surpreendi com os resultados, agora me sinto mais confiante para produzir milho com tecnologia, principalmente com a assistência técnica da Emater e do Prospera, que nos dá uma segurança a mais na hora de investir, pois sei que estou fazendo o certo”, destaca Manoel.
A emissão de CAFs
Para além da assistência técnica, os agricultores alagoanos contam com o órgão para a emissão do Cadastro do Agricultor Familiar (CAF), que permite a inserção do produtor em Políticas Públicas - como o Programa de Aquisição de Alimentos (PAA), Programa Nacional de Alimentação Escolar (Pnae) - assim como o acesso a linhas de crédito.
Somente neste ano, foram mais de 14 mil emitidos, beneficiando mais de 29 mil pessoas. Para que isso seja possível, a equipe realiza mutirões nos municípios otimizando os atendimentos.
Foi como aconteceu em Girau do Ponciano, que faz parte da Supervisão Agreste I. Lá foram atendidas 132 famílias nos assentamentos de reforma agrária PA Rendeira, Carro Queimado, 25 de Julho, 7 Casas, Primeiro de Maio, Primeiro de Dezembro, Roseli Nunes, Nova Paz e 7 Coqueiros. Nesses momentos são realizadas entrevistas e entrega de documentos exigidos.
“Lideranças locais já sinalizaram a importância da continuidade da Emater nos assentamentos para assessorar as organizações sociais já existentes nas comunidades, como as associações locais e a cooperativa, além do acompanhamento técnico voltado ao desenvolvimento das principais atividades desenvolvidas no assentamento. Na maioria das vezes a Emater é o órgão que está mais próximo do produtor, orientando, munindo de informações, auxiliando na elaboração das propostas para participação das chamadas públicas, bem como sendo o elo de ligação de contatos com as demais instituições”, pontua Patrícia Lanne Nanes, engenheira agrônoma e técnica da Emater.
Comunidades Quilombolas
O Povoado Sapé, na cidade de Igreja Nova - que faz parte da Supervisão Baixo São Francisco - é uma das mais antigas comunidades quilombolas de Alagoas, onde existe o grupo Mulheres Guerreiras. Seu primeiro contato com a Emater foi durante uma ação do Planta Alagoas, quando foi realizada uma oficina de boas práticas sustentáveis para o cultivo de sementes.
Inicialmente, o grupo atendido era de Tabuleiro dos Negros, comunidade quilombola que faz fronteira com Sapé. Muito unidas, as duas comunidades realizaram o cadastramento no PAA. Foi em 2022 que o grupo passou a receber assistência técnica na área do Serviço Social.
“O objetivo do grupo era gerar renda para as mulheres, por conta da saída de muitas famílias migrando para outros Estados. Hoje, somos uma organização de sucesso reconhecida em todo o Brasil, porque nosso trabalho inspira nas receitas tradicionais, como era de costume. A Emater é uma porta aberta que veio solidificar nosso trabalho, nos dando assistência técnica e nos orientando a participar de eventos em todo o Estado para o fortalecimento dos nossos produtos, todos eles quilombolas e feito em casa”, expõe Maria Quitéria Matias, presidente da Mulheres Guerreiras.
A extensionista rural Cinthia Fontes passou a acompanhar o grupo, que é composto por mais de 50 mulheres. O objetivo é fazer com que essas mulheres possam se desenvolver, gerando renda e independência financeira. Seus setores são: Feira da Agricultura, Artesanato, Produtos da Mandioca, PAA e Diretoria. Dentro deste um ano, elas tiveram acesso ao PAA Leite, PAA Alimentos e conseguiram o resgate de sua sede.
“Trabalhar em comunidades quilombolas é atravessar nossas experiências, é resgatar aspectos singulares em nós. Estar próxima a essas comunidades é perceber que a união pode e deve ser o que move a humanidade desde os seus primórdios. Somos seres coletivos. A gente percebe que é uma, mas que não é só”, expõe Cinthia Fontes.
A comunidade quilombola Jussarinha, em Santana do Mundaú, município da Supervisão Grande Mata Alagoana, é o local onde se encontra a Associação das Mulheres Agricultoras Quilombolas de Santana do Mundaú, que é atendida pelos técnicos da Emater desde 2020.
Dona Raimunda Caetano, que faz parte da associação, recebe assistência técnica da entidade há um pouco mais de tempo, desde 2017, e é acompanhada pelo técnico Marcelo Gomes. Em seu terreno, há 0,5 hectare de hortaliças plantadas. Além da assistência técnica, ela recebeu um kit de irrigação, parte de um projeto da Seagri.
“O acompanhamento possibilitou utilizar técnicas adequadas dentro da nossa realidade de plantio, com espaçamento e adubação adequadas. Com a assistência técnica, melhoramos a qualidade da produção e diversificamos as hortaliças. Temos uma nova visão de produção levando em conta o que o mercado exige”, coloca dona Raimunda.
Os kits entregues são de dois tipos. O primeiro é para áreas de 1 hectare - um sistema de irrigação localizado, dividido em setores, sendo 1/2 hectare por gotejamento e 1/2 por microaspersão; ele é indicado para uso na produção de grãos, fruticultura e horticultura. O segundo tipo, é um sistema para área de 1.000 m² - ele é do tipo gotejamento por gravidade, e acompanha uma caixa de mil litros, indicado para pequenas hortas, produção de grãos e pequenos pomares.
Cultivo sustentável
Há um ano, o senhor Luciano Gomes, de Água Branca - município que corresponde à Supervisão do Alto Sertão -, é acompanhado pela Emater, com o técnico Luciano Pedrosa. Ele foi contemplado pelo projeto Módulos Irrigados de Produção e Aprendizagem da Seagri, recebendo também a assistência técnica de Manejo Integrado de Pragas.
Luciano faz o cultivo de milho, abacaxi, maracujá e goiabeira. Com as orientações recebidas, ele uma colheita de mais qualidade e mais significativa, além de ter utilizado defensivos agroecológicos.
“Percebi uma melhora nas plantas e um aumento na produção, proporcionando frutos com boa aparência. É de grande importância [o acompanhamento] porque o manejo de fruticultura exige perseverança e muita atenção desde o plantio até a colheita. A Assistência técnica teve um papel fundamental para o êxito, proporcionando uma melhor renda”, pontua o agricultor.
Em Santana do Ipanema - cidade da Supervisão Médio Sertão -, no Sítio Sacão, dona Rosivânia Maria de Lourdes é acompanhada pela técnica Hully Lima. Durante uma visita, foi verificada a presença de lagartas nas folhas de maracujá e de arapuá (um tipo de abelha sem ferrão de coloração negra) na cultura do mamoeiro.
Diante disso, foi aconselhado o uso de métodos alternativos de controle. Foram utilizados água, vinagre de álcool, cravos e detergente neutro para as lagartas, e armadilhas de garrafa pet contendo uma solução com açúcar mascavo para o arapuá. Essa é uma forma de garantir a sustentabilidade ambiental e alimentos saudáveis livres de pesticidas, agregando valor e qualidade.
“O acompanhamento é importante porque consigo aumentar a produção das minhas fruteiras e consigo ter frutas com mais qualidade. Antes eu não sabia como controlar o problema que eu tinha com pragas e doenças e graças a assistência que recebi, consegui diminuir esses problemas”, destaca Rosivânia.
Quintal de Vó
Em Santa Luzia do Norte - município da Supervisão Metropolitana - os técnicos da Emater estão desenvolvendo o Projeto Quintal de Vó, em parceria com a prefeitura municipal. Essa é uma forma de aproveitar o espaço de quintais das casas, possibilitando às famílias o cultivo de seu próprio alimento, de forma saudável e sustentável.
Acompanhado pelo extensionista Antônio Duarte e o supervisor da regional Jorge Izidro, a iniciativa visa o resgate de memórias afetivas dos tempos dos avós, que cultivam, de forma empírica, uma variedade de plantas, sobretudo hortaliças.
Estando em sua versão piloto, foram selecionadas 10 famílias que residem nos seguintes conjuntos: Coriolano Pereira, Jalmeiriz e Duda Balbino. Nos canteiros, foi utilizada terra vegetal e calcário dolomítico, como forma de reposição de nutrientes e correção do solo. As hortaliças plantadas serão alface, coentro, pimentão e tomate cereja, com mudas que foram doadas pela prefeitura do município.
“Tô achando maravilhoso. É uma oportunidade de a gente ter uma horta em casa com toda assistência. Sem falar do custo-benefício que é muito bom. Vai ter os produtos de graça em casa, evitando comprar no mercado uma coisa que a gente não sabe como foi produzida. Aqui a gente mesmo tá produzindo”, relata Valderleia Soares da Silva, beneficiária do projeto.