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Derretimento das geleiras afeta diretamente o agro

Como as geleiras estão diretamente ligadas à atividade agrícola?

Por Agrolink 05/12/2023 10h10
Derretimento das geleiras afeta diretamente o agro
Agronegócio - Foto: Ministério da Agricultura/Divulgação

A conexão direta entre as geleiras e a atividade agrícola foi debatida por Heïdi Sevestre, glaciologista em Svalbard, Noruega, durante o Dia Internacional de Prevenção às Mudanças Climáticas, promovido por Elicit Plant na França. Seu objetivo foi elucidar os desafios decorrentes do aquecimento global e do derretimento das geleiras, relacionando-os à preservação vital dos recursos hídricos.

Sevestre ressaltou que as geleiras representam fontes naturais de água e ainda desempenham um papel crucial no cotidiano de mais de duas bilhões de pessoas em todo o mundo. Elas são usadas para consumo humano, geração de energia, refrigeração de usinas e são essenciais para o turismo e a agricultura. Contudo, as mudanças climáticas ameaçam destruí-las, já que cada tonelada de CO2 na atmosfera aumenta a temperatura global, derretendo essas reservas de água e neve, e afetando a agricultura.

Destaca-se a importância do gelo do Ártico, cuja superfície reflete a radiação solar e contribui para resfriar o planeta. Porém, de 2005 a 2010, observou-se uma rápida redução desse gelo, influenciando a circulação de ar e os padrões de ventos norte-sul, podendo resultar em ondas de calor, secas ou chuvas intensas.

Apresentou dados do IPCC sobre os impactos climáticos nos setores agrícolas e pesqueiros, enfatizando que mudanças extremas afetarão a produtividade, a segurança alimentar e os meios de subsistência. Salienta-se que esses eventos climáticos estão intrinsecamente ligados às condições no Ártico.

Além disso, alertou que o nível do mar aumenta de 3 a 4 milímetros anualmente e poderia aumentar ainda mais se grandes reservas de gelo da Groenlândia e Antártica desaparecessem, o que elevaria os níveis oceânicos globalmente.

A discussão também abordou a problemática do derretimento do permafrost. Enfatizou que apesar de novas terras se tornarem disponíveis para cultivo entre 2060 e 2080, esse solo é um grande emissor de gases de efeito estufa, gerando preocupações ambientais e estruturais.

Heïdi sublinhou a urgência da descarbonização para preservar recursos específicos, destacando a segurança alimentar e a preservação dos gelos como uma batalha conjunta contra as mudanças climáticas. Enfatizou a necessidade de cooperação e soluções inovadoras para enfrentar desafios futuros de escassez de água.