O setor cafeeiro brasileiro testemunhou um ano de recuperação produtiva em 2023, impulsionado pelo aumento na produção de arábica. De acordo com dados da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), a safra 2023/24 foi estimada em 55,1 milhões de sacas (arábica e robusta), representando um aumento de 8,2% em relação à temporada anterior.

Apesar do otimismo gerado pela elevação na oferta, os preços do café operaram em patamares considerados baixos ao longo da maior parte de 2023, conforme destacam pesquisadores do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea). A explicação para essa dinâmica reside na correlação direta entre o aumento na produção e a queda nos preços do grão.

No caso do café arábica, as lavouras enfrentaram desafios nos ciclos anteriores, incluindo geadas e estresse hídrico entre 2021 e 2022. Contudo, o ciclo 2023/24 trouxe alívio, com um clima mais favorável especialmente nas regiões mineiras, mesmo em um ano de bienalidade negativa.

Já o café robusta não escapou de adversidades, conforme relatam agentes consultados pelo Cepea. Problemas climáticos no início do ciclo, como ventanias intensas e falta de chuvas, resultaram em um alto índice de abortamento das floradas, impactando a produção. À medida que o setor se volta para a safra seguinte, a 2024/25, surgem desafios e incertezas. O clima adverso, influenciado pelo fenômeno climático El Niño, trouxe ondas de calor, temporais intensos e até queda de granizo em algumas localidades, causando danos significativos, incluindo um alto índice de abortamentos nas lavouras.