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Equoterapia e TEA: congresso reúne profissionais de todo o Brasil em Maceió
Oitava edição do evento conta com vasta programação e especialistas na área da equoterapia
O segundo dia do 8° Congresso Brasileiro de Equoterapia e Simpósio sobre o Transtorno do Espectro Autista segue acontecendo em Maceió e, nesta quinta-feira (11), continua recebendo profissionais da área que discutem e trocam experiências acerca da equoterapia, além de conhecimento científico ao longo do congresso. Promovido pela Ande-Brasil com apoio da ABQM (Associação Brasileira dos Criadores da Raça Quarto de Milha), o evento segue, no Centro Cultural e de Exposições Ruth Cardoso, até amanhã (12).
Realizado com o objetivo de divulgar a equoterapia e a qualidade de vida que a mesma pode proporcionar ao paciente e sua família, o congresso reúne nesta semana quase mil participantes da área, que segundo o vice-presidente da Ande-Brasil, Gladstone Cruz, é um recorde de público ao longo das oito edições.
"Nesse encontro todos trocam informações, experiências, trazemos palestrantes para acrescentar um pouco mais a parte técnica e a parte do conhecimento científico para os participantes. Acredito que nós estamos no caminho certo porque a resposta sempre é positiva. A cada ano que a gente faz o congresso, aumenta o número de participantes", explica.
Uma das participantes é Lana Marúzia, pedagoga e estudante de fisioterapia, que veio de João Pessoa, e acredita que esse tipo de evento é de extrema importância, sendo uma experiência enriquecedora para profissionais como ela, que trabalha com crianças e a equoterapia.
"É uma troca de experiência, né? A gente está vendo trabalhos publicados, artigos que já têm comprovação. E isso enriquece muito a gente, porque a gente acha que é só o nosso centro e que só acontece com as nossas crianças. Aqui temos um outro olhar de palestrantes que trazem das suas crianças, dos seus pais praticando, um outro jeito diferente de trabalhar. A gente está conhecendo e somando para levar pra lá, pra nossa prática", conta empolgada.
Quando perguntada acerca do seu trabalho, ela se emociona ao falar da importância da prática e da evolução de seus pacientes, que segundo ela, passam a ter maior senso de regras e rotinas, prática que pode os levar à independência no futuro.
"O simples movimento que eles fazem de conseguir segurar o tronco por 5 segundos, isso já é uma evolução. Para muitos é uma coisa tão pouca, tão simples, mas para eles e para a gente que está ali com eles toda semana é uma evolução muito grande", continua Marúzia, que trabalha com crianças e adolescentes autistas.
Palestras e painéis
Ao longo dos três dias do congresso, os participantes contam com uma vasta programação, que traz diversos profissionais e pesquisadores da área, como a Dra. Letícia Correia Celeste, que é fonoaudióloga e professora da Universida de Brasília (UnB), e hoje ministrou a palestra "Comunicação como pilar na intervenção equoterapêutica: como a melhora da linguagem do praticante pode impactar no seu desenvolvimento global?".
Letícia explica que atualmente a equoterapia tem uma gama de resultados positivos para as pessoas que a praticam, resultados esses que vão além da fisioterapia e educação física.
"Os resultados dentro da comunicação, da linguagem oral, mais especificamente, mas também da linguagem escrita, são muito importantes para a equoterapia. Essas evidências científicas têm crescido ao longo dos anos, especialmente nos últimos 15, 20 anos, nós temos tido pesquisas muito sólidas, robustas, que envolvem o efeito da equoterapia em praticantes com diferentes condições críticas", comenta.
Ela aponta ainda que, se precisasse tentar convencer alguém a adotar a prática, sem dúvidas mencionaria a relação desenvolvida entre o praticante e o cavalo.
"Essa interação com o cavalo você não vai conseguir em lugar nenhum. É simplesmente uma relação que o ser humano tem com um animal de grande porte já há milhares de anos, mas que hoje a gente consegue, de uma forma mais orientada, tirar o melhor proveito possível dessa relação tão incrível", finaliza Correia.
Já a psicóloga Latife Nemetala, que atua na área há 10 anos, explica como a vida dos praticantes e seus familiares pode ser totalmente transformada devido à equoterapia, praticantes estes que podem ter um isolamento social ou embotamento afetivo e, após a terapia, passam por uma evolução no quadro.
"A evolução que a gente tem percebido não é somente no âmbito do próprio praticante que vem sendo atendido na equoterapia. Eles evoluem tanto emocionalmente, cognitivamente, socialmente e funcionalmente, ou seja, eles melhoram a qualidade de vida", afirma.
Como encontrar um centro de equoterapia
Interessados na prática podem buscar um centro especializado através do site equoterapia.org.br, que traz todos os 458 Centros de Equoterapia, filiados ou agregados à Ande-Brasil que disponibilizam o atendimento.
*Estagiária sob supervisão