Agro
Produtores criticam isenção de tarifa para importar arroz: "ameaça"
Governo anunciou nesta segunda a retirada da taxa para importação do cereal de países de fora do Mercosul
O presidente da Federação das Associações de Arrozeiros do Rio Grande do Sul (Federarroz), Alexandre Velho, disse que o setor foi surpreendido com a retirada da Tarifa Externa Comum (TEC) até o fim de 2024 para a importação de arroz de países de fora do Mercosul.
O dirigente afirmou que a isenção sem o estabelecimento de cota é uma "ameaça" ao setor produtivo nacional e que os movimentos feitos pelo governo federal poderão gerar novo desestímulo aos produtores brasileiros. A medida foi aprovada nesta segunda-feira (20/5) pelo Comitê-Executivo de Gestão (Gecex) da Câmara de Comércio Exterior (Camex).
"É preocupante a falta de sensibilidade do governo perante o setor produtivo que vinha há mais de dez anos diminuindo área, tivemos uma leve recuperação e agora, dependendo do que ocorrer, se baixarmos o preço do arroz abaixo do custo, vamos voltar a diminuir área", afirmou Velho à reportagem.
Segundo ele, o setor é totalmente contra a isenção da TEC. A falta de definição de uma quantidade para a importação isenta é o que mais preocupa os produtores brasileiros, que garantem haver disponibilidade de arroz no país para o abastecimento interno.
"A instabilidade no mercado foi gerada pelos anúncios do governo. Ao contrário de especulação, o que temos são problemas de logística e de emissão de notas fiscais", apontou o presidente da Federarroz.
"Se estamos garantindo que tem arroz, é o próprio governo quem acaba gerando insegurança no mercado ao anunciar uma importação desnecessária e que gerou corrida aos supermercados por parte do consumidor", completou.
Incertezas
Alexandre Velho também relatou apreensão em relação às próximas medidas. Ainda há dúvidas sobre o leilão para compra pública de 104 mil toneladas de arroz importado pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conba), que seria realizado nesta terça-feira (21/5). Como não foram divulgados os preços de entrada, o certame está temporariamente suspenso.
"Essa medida [isenção da TEC] nos pegou de surpresa, pois é uma ameaça e um desestímulo ao setor (...) Além de não estabelecer um número para a importação, fica a incógnita em relação à realização do leilão em outra data ou não", ponderou Velho.