Agro
Federação da Agricultura de Sergipe lamenta mudanças do Proagro que inviabilizam produção no estado
Milho em grão corresponde à 52% do Valor Bruto da Produção Agropecuária (VBP) do estado e impacto pode refletir em toda a economia sergipana
As alterações realizadas no Plano Safra e no Proagro para a próxima safra 2024/25 devem atingir em cheio a produção de grãos na região da Sealba, composta pelos estados de Sergipe, Alagoas e Bahia. Inclusive, muitos produtores já pensam em reduzir e até mesmo abandonar o cultivo em muitas localidades da região.
Na avaliação da Federação da Agricultura e Pecuária do Estados de Sergipe (Faese), essas mudanças têm capacidade de inviabilizar a produção de grãos no estado, em especial o milho, uma vez que vão elevar os custos e riscos da produção.
“A preocupação é muito grande. É uma região pequena, mas a produção é muito importante. Atualmente, 90% das operações de grãos do Sergipe são via Proagro e os outros 10% se dividem entre seguros privados e lavouras sem cobertura, então atinge diretamente a maior parte dos produtores. A redução dos valores máximos de pagamento e o aumento das alíquotas podem inviabilizar essa produção”, alerta o Superintendente da Faese, Dênio Augusto Leite.
A liderança destaca que, no próximo dia 12 de agosto haverá uma reunião da Federação para levantar os custos de produção da próxima safra no estado, e partir daí, apontar mais precisamente o tamanho do impacto que essas alterações vão ter.
Enquanto isso, os órgãos representantes da agricultura na região devem seguir buscando conversas junto ao Governo Federal para tentar minimizar essas alterações, que foram consideradas “abruptas” pela Federação.
“Estamos entendendo como podemos chegar ao Governo para mostrar a necessidade de rever esses valores. Havia discussões sobre alterações nesses aportes, mas esperávamos que fosse uma transição gradativa e não de maneira tão abrupta. Queremos uma análise de cada produtor, alguém com vários anos sem acionar o seguro, cultivando corretamente, não precisaria pagar tanto a mais”, diz Leite.
Na visão do Superintendente, a situação acende o sinal amarelo na região, já que ainda há tempo para discussões antes da nova safra, que começa apenas entre março e abril de 2025, mas é preciso buscar soluções que possam manter as atividades agrícolas em Sergipe.
“O produtor vai pensar duas vezes antes de produzir, ainda mais nessa região em que a qualquer momento o clima muda e você pode ter uma supersafra ou não ter safra nenhuma. Isso impacta toda a cadeia, os produtores de milho, de ração, de aves, indústria alimentícia, além de emprego e renda no estado. Hoje 52% do Valor Bruto da Produção Agropecuária de Sergipe vem do milho em grão”, pontua Leite.