Agro

Prejuízo de R$ 1 bi para o agro no país, incêndios viram ameaça em AL

Incêndios prejudicam produção do setor sucroalcooleiro no estado

Por Blog de Edivaldo Junior 04/09/2024 05h05
Prejuízo de R$ 1 bi para o agro no país, incêndios viram ameaça em AL
Incêndios prejudicam produção do setor sucroalcooleiro em Alagoas - Foto: Reprodução

No domingo, 1o de setembro, reportagem do Fantástico mostrou o rastro de destruição dos incêndios na região Centro Sul do Brasil, com perdas em vidas humanas, materiais e para o meio ambiente.

Somente no setor do agronegócio, os prejuízos chegam a mais de R$ 1 bilhão. “Plantações devastadas e veículos queimados: Fantástico mostra avanço das chamas no interior de SP”.

Esta é uma realidade que não afeta apenas São Paulo. Em Alagoas, os incêndios criminosos em áreas de plantação de cana-de-açúcar ou de mata nativa vem numa crescente.

Há uma diferença importante ente queimada de cana controlada, autorizada pela legislação e regulada por órgãos ambientais e incêndios criminosos.

A queimada controlada, que permite o corte manual da cana e garante mais de 40 mil empregos diretos em Alagoas, é feita a noite, em área determinada, contra o vento, longe das margens de rodovias, redes elétricas ou de habitações.

Os incêndios criminosos causam perdas materiais, ameaçam a fauna e a flora, reduzem a segurança nas rodovias e provocam perdas materiais.

O aumento dos incêndios criminosos vem afetando fornecedores de cana e principalmente as indústrias em Alagoas. A Usina Santa Clotilde, localizada em Rio Largo, por exemplo, teve que aumentar somente nos últimos anos o número de equipes para atuar no combate a essas ocorrências. A empresa tinha um caminhão de bombeiro e agora tem seis.

Mesmo assim, na safra 2023/2024, quase 12% de toda a cana colhida pela Santa Clotilde foi de incêndios considerados criminosos. E quando isso ocorre, além de mudar todo o planejamento feito pelos técnicos para a colheita, existe perda rendimento da matéria-prima, muitas vezes colhida ante do período ideal ou, dependendo da extensão do incêndio, sendo colhida fora do prazo ideal após a queima, o que não ocorre por exemplo em casos de queimadas controladas.

Na área da usina, no entanto, as principais ocorrências tem sido registradas nas palhadas que ficam no campo resultante da colheita mecanizada. Um incêndio nesse tipo de material é mais difícil de controlar e coloca em risco a vida dos trabalhadores, além da ameaça a perdas de bens materiais. A empresa já registrou prejuízos com equipamentos de irrigação, máquinas e veículos – em alguns casos com perda total.

Os incêndios criminosos também ameaçam a rede elétrica, podendo causar acidentes que comprometem o abastecimento de energia em todo o Estado, especialmente na região metropolitana de Maceió.

Para tentar conscientizar a população dos riscos dessas ocorrências, a Usina Santa Clotilde S/A, realizará nesta quarta-feira, 4, um evento focado na prevenção e combate a incêndios criminosos nos canaviais, com a presença de especialistas e autoridades do setor.

O ciclo de debates e palestras tem como objetivo discutir os impactos desse tipo de crime sobre a safra de cana-de-açúcar e a cadeia produtiva do setor sucroalcooleiro.


				
					Prejuízo de R$ 1 bi para o agro no país, incêndios viram ameaça em AL

Incêndios prejudicam produção do setor sucroalcooleiro em Alagoas - Foto: reprodução.

Versão oficial

Veja nota da assessoria

Usina Santa Clotilde promove evento sobre prevenção e combate a incêndios criminosos em canaviais

A Usina Santa Clotilde S/A, uma das maiores do setor sucroalcooleiro do estado de Alagoas, realizará nesta quarta-feira, 4, um evento focado na prevenção e combate a incêndios criminosos nos canaviais, com a presença de especialistas e autoridades do setor. O ciclo de debates e palestras tem como objetivo discutir os impactos desse tipo de crime sobre a safra de cana-de-açúcar e a cadeia produtiva do setor sucroalcooleiro.

Nos últimos anos, os incêndios criminosos têm provocado perdas significativas nos canaviais da Usina Santa Clotilde. Durante o evento, o engenheiro agrônomo Dr. Leonardo Pinto Costa, superintendente agrícola, apresentará dados sobre essas perdas. Entre 2020 e 2024, a cana incendiada representou, em média, 11,16% da safra. Em 2022, esse número chegou a 13,82%, o maior registrado no período. Tais incidentes comprometem a qualidade da cana-de-açúcar e afetam diretamente a produção de açúcar e etanol.

Segundo Pedro Sarmento, gerente agrícola da Santa Clotilde, há hoje recursos exclusivos para o combate a incêndios, além de seis caminhões bombeiros e vigilantes em motocicletas e carros percorrendo o canavial 24 horas. “A estatística do ano passado foi aproximadamente 100 mil toneladas colhidas através de incêndios dessa natureza. Quando isso acontece, o incêndio atinge cana nova, que não está com idade fisiológica e não acumulou a sacarose que deveria ter acumulado'', explicou.

Além disso, os incêndios criminosos geram prejuízos logístico aos empreendimentos como em perdas de equipamentos e danos à lavoura. Outros riscos são à própria sociedade, como na possibilidade de danos às linhas de transmissão da rede elétrica nacional e também devido a fumaça que invade rodovias e provocam acidentes.

Sobre a legislação vigente e as práticas de queima controlada serão temas abordados por Alder Flores, consultor na área ambiental. Ele destacará a importância de seguir protocolos específicos para minimizar o risco de incêndios não controlados, como a formação de aceiros e a escolha de horários adequados para a queima.

Narion Ranieri da Cunha Cardoso, representante da Eletrobras Chesf, abordará as medidas tomadas para combater as queimadas sob as linhas de transmissão de energia, um dos grandes riscos gerados pela prática criminosa. A programação inclui ainda um momento de discussão entre as autoridades do setor, onde serão exploradas estratégias para intensificar a vigilância e o combate aos incêndios criminosos, especialmente durante a entressafra.

O evento será encerrado com um pronunciamento dos diretores da Usina Santa Clotilde, Cristóvão Oiticica e Daniel Berard sobre o compromisso da empresa em continuar investindo na prevenção de incêndios e em medidas que protejam a produção e o meio ambiente.

Veja trechos da reportagem do Fantástico:

-Entre a segunda-feira(19) e o sábado(24), foram registrados mais de 3.500 focos de incêndio no estado de São Paulo. “Seria difícil de conceber uma situação de tantos focos de incêndio em tantos pontos distintos e que todos fossem combustão espontânea”, afirma Bruno Bainy, meteorologista da Unicamp.

- Durante toda esta semana, bombeiros e brigadas de incêndio das usinas de cana trabalharam para conter focos, mais de 8 mil locais, entre fazendas, chácaras e sítios, foram afetados.

- A investigação sobre uma possível autoria criminosa de incêndios já identificou 14 suspeitos. Seis foram presos e quatro seguem detidos.

- O prejuízo estimado do agronegócio é de R$1 bilhão. Desde a semana passada, 2 pessoas morreram e 66 ficaram feridas por causa do fogo. O sofrimento também atinge os animais. A maioria chega aos centros de reabilitação com queimaduras de terceiro grau.