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ASA leva experiências da convivência com o semiárido brasileiro à COP16

Expectativa do grupo é levar para a COP16 as experiências de convivência com o Semiárido e contribuir com o debate mundial sobre as boas práticas de resiliência ao clima

Por Asacon 02/12/2024 18h06
ASA leva experiências da convivência com o semiárido brasileiro à COP16
Encontro conta com representantes de 300 organizações sociais de todos os continentes - Foto: ASA / Divulgação

A Articulação Semiárido Brasileiro (ASA) participa da Conferência das Partes (COP) da Convenção das Nações Unidas de Combate à Desertificação e Mitigação dos Efeitos da Seca (UNCCD), que começou nesta segunda (2), em Riad. A COP16 reúne na capital saudita representantes da sociedade civil organizada e de governos de mais de 196 países e da União Europeia em torno do tema geral “Nossa Terra. Nosso futuro”.

A ASA está representada no evento pela agricultora e coordenadora executiva, Roselita Vitor; pela assessora de coordenação do Programa Um Milhão de Cisternas (P1MC), Juliana Bavuzo; e pelo membro do Grupo de Trabalho de Combate à Desertificação da articulação, Paulo Pedro de Carvalho. A expectativa do grupo é levar para a COP16 as experiências de convivência com o Semiárido e contribuir com o debate mundial sobre as boas práticas de resiliência ao clima.

Um pouco desse trabalho desenvolvido há 25 anos pelas mais de 3 mil entidades da Rede ASA foi partilhado no domingo (1°), véspera da abertura da COP16. Em um encontro com representantes de 300 organizações sociais de todos os continentes, a delegação do Semiárido brasileiro apresentou e ouviu propostas para a recuperação de terras degradadas pelas secas.

“Destaco a participação dos povos, incluindo as comunidades tradicionais, e suas vozes aqui nessa construção, trazendo as realidades e os seus papéis enquanto sujeitos também na elaboração de estratégias de combate à desertificação. Foi um dia para compreender e, ao mesmo tempo, sentir como a gente vai fazer a incidência política na COP16”, afirmou Roselita Vitor.

Foto: ASA / Divulgação


Diálogos por um Semiárido possível

A COP16 segue até o dia 13 com o objetivo de unir os países em um acordo comum sobre a necessidade de acelerar a restauração de terras degradadas e desenvolver uma estratégia proativa em relação às secas. A ONU estima que até o fim da década será necessário restaurar 1,5 bilhão de hectares de áreas deterioradas.

Os caminhos para alcançar essa meta ambiciosa serão construídos a partir dos diálogos das mesas de negociação e painéis temáticos durante a COP16. Essa programação contará com a participação de representantes dos países e será acompanhada por observadores, como integrantes de agências da ONU, membros de entidades religiosas e ONGs, por exemplo.

Em paralelo, acontecem milhares de eventos, como exposições, workshops e palestras. Um desses espaços é o Pavilhão Brasil, que está sob a coordenação do Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima.

“A importância principal da participação da ASA na COP16 é poder encontrar várias organizações da sociedade civil de todo o mundo para debater os problemas da desertificação, suas causas e seus efeitos, mas principalmente para trocar sobre ações concretas de enfrentamento a esse fenômeno”, destacou Paulo Pedro. “Também é importante para a combinação de estratégias e ações para influenciar os mais de 200 países que são parte da convenção”, completou.

Com o Semiárido mais populoso e, ainda, com maior índice pluviométrico do mundo, o Brasil está revisando o Plano de Ação Brasileiro de Combate à Desertificação e Mitigação dos Efeitos da Seca (PAB). De acordo com Paulo Pedro, a ASA espera, na COP16, não só atualizar metas para os próximos 20 anos, mas de fato fortalecer as iniciativas concretas de curto, médio e longo prazo de convivência com o Semiárido.

“Enquanto sociedade civil, a ASA está se juntando com outras organizações do Brasil para colocar o PAB em prática, fortalecendo a promoção da agroecologia e da construção de ações que preservem a Caatinga, recupere seus solos, suas águas e florestas, para o bem de todo o planeta. Acho que é um grande espaço, uma grande oportunidade, mas também uma grande missão da ASA está aqui representando o país enquanto sociedade civil”, explicou Paulo Pedro.