Agro
Às vésperas da colheita, aumenta a expectativa de safra recorde de soja
As condições de tempo devem favorecer os resultados esperados para a produção
O mês de janeiro marca o início daquela que pode ser a maior colheita de soja da história no Brasil. Após um ano marcado por frustrações causadas pelo clima, as condições de tempo devem favorecer os resultados esperados para a produção da safra 2024/25.
Órgãos oficiais, como a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) e o Departamento de Agricultura dos EUA (USDA), estimam uma produção entre 166 milhões de toneladas e 169 milhões, respectivamente, o que já seria um volume recorde. Mas a maioria das consultorias privadas no país acredita que a safra deve alcançar, no mínimo, 170 milhões de toneladas.
Após o atraso registrado no início do plantio, Roberto Sviechi, produtor em Sorriso (MT), está mais confiante nesta nova safra. Ele deve iniciar a colheita na segunda quinzena de janeiro.
“Até agora podemos dizer que estamos com um ano bom para a soja. Choveu bem aqui na região, e um pouco mais de luminosidade seria ideal, pois a soja acabou vegetando bastante. Apesar disso, a expectativa com a produção é muito boa”, afirma.
No ciclo 2023/24, safra em que faltou chuva para o desenvolvimento ideal da soja, o agricultor teve um rendimento de 37 sacas por hectare. Para a temporada atual ele espera alcançar ao menos 60 sacas.
Ronaldo Fernandes, analista da Royal Rural, afirma que o clima neste ano será ponto-chave para determinar o potencial de produção no Brasil.
“Nesta fase final de ciclo antes da colheita, a chuva ainda é relevante para a produtividade da soja. Pelos números de área já se imagina uma boa produção, mas esse tempo úmido em praticamente todo o país vai confirmando que o Brasil terá potencial para colher ao menos 170 milhões de toneladas”, estima.
Já para o início da colheita, as previsões podem gerar receio entre alguns produtores. Segundo prognósticos da Rural Clima, em janeiro, as chuvas devem ser regulares e contínuas em áreas do Centro-Oeste, inclusive em Mato Grosso, principal produtor nacional.
Por outro lado, os mapas de clima analisados pela Royal Rural, no momento, descartam problemas para o início dos trabalhos.
“Algumas áreas devem permanecer com chuvas, mas que ficam entre 10 milímetros e 15 milímetros, não há previsão de invernada [longos períodos de chuva]. Por enquanto a expectativa é muito boa e não deve atrasar a colheita da soja”, afirma Fernandes.
Para o produtor Roberto Sviechi, de Sorriso, a chuva, em grandes volumes, é uma das preocupações para o início dos trabalhos. “Nós não temos capacidade suficiente de armazenagem na região para receber uma soja que esteja muito úmida. O grão nessas condições vai acabar gerando fila de caminhões nos armazéns e pode travar também a logística”, avalia.
Além disso, afirma Sviech, o tempo mais úmido que o normal pode afetar até mesmo o planejamento com a safrinha. Segundo ele, como o plantio ficou muito concentrado, a colheita vai acontecer ao mesmo tempo em muitas regiões do Estado. “A confirmação das chuvas pode não só prejudicar a colheita, como também atrasar o plantio do milho safrinha”, diz.