Agro
Setor canavieiro aposta em safra da cana com maior produtividade
Iniciada na segunda quinzena de agosto de 2024 a safra 24/25 pode ter uma variação negativa na quantidade de cana esmagada face ao ciclo passado provocada por fatores relacionados as condições climáticas e moer pouco mais de 18 milhões de toneladas de cana. Mas, apesar de um cenário de possível redução, a boa notícia é que as unidades industriais do setor sucroenergético alagoano operam com a expectativa de aumento na produtividade com uma maior produção de açúcar em comparação a moagem anterior, podendo fabricar até 1,7 milhão de toneladas.
“Agora, em janeiro, temos um quadro mais definido do que será a safra 24/25 em Alagoas. No início da moagem, tínhamos a expectativa de superarmos a barreira das 20 milhões de toneladas de cana em função de um desenvolvimento muito bom que estava ocorrendo com a cana-de-açúcar. No plantio de inverno, o comportamento climático tinha sido bastante razoável. Isso nos permitia sair das mais de 19 milhões de toneladas de cana nessa safra. Mas a estiagem que se estabeleceu na zona da mata desde o mês de agosto até o momento, mudou um pouco esse cenário. A agricultura tem esse dinamismo que é se ajustar as vontades da natureza”, destacou o presidente do Sind icato da Indústria do Açúcar e do Etanol no Estado de Alagoas – Sindaçúcar-AL, Pedro Robério Nogueira.
Com isso, segundo o executivo, diante da escassez de chuvas na região canavieira do estado, as unidades produtoras não devem superar as 19 milhões toneladas de cana beneficiadas. “Devemos moer até menos e chegar a casa das 18 milhões de toneladas processadas. Talvez produzir um milhão de toneladas de cana a menos. É um dado agrícola que a gente não poderia considerar muito agradável. Afinal, o empresário faz o esforço, planta, trata a cana e quer colher. Neste caso, não houve o desenvolvimento vegetativo adequado da cana para se fazer essa superação. Tudo era suficiente para esse aumento, só não teve a água para permitir esse desenvol vimento da cana”, afirmou Nogueira.
Produtividade
Segundo ele, em contrapartida, por conta de uma estiagem muito acentuada, está ocorrendo uma concentração de açúcar muito grande na cana que vem sendo colhida. “Isso permite que venhamos a ter uma superação na produção de açúcar final bem maior que a safra passada, passando de 1,2 milhão de toneladas para 1,7 milhão de toneladas. Talvez, possamos repetir a mesma produção de etanol que foi de 450 milhões de litros (anidro e hidratado). No cenário atual, temos em produtos finais uma superação e na base agrícola uma inflexão para baixo”, destacou Nogueira, lembrando que a safra se encontra no último ter& ccedil;o da moagem em Alagoas.
Pedro Robério reforçou ainda que o açúcar vem tendo um papel muito importante no financiamento do setor sucroenergético. “Nós estamos com um preço mais atrativo por conta do câmbio. O açúcar, que é basicamente exportação no caso de Alagoas, se torna um grande cobertor para esse momento de crise, mantendo a vitalidade do setor sem um declínio radical. Vale destacar que nessa safra o Brasil foi o grande supridor de açúcar para o mundo. E, nessa próxima moagem, ele continuará sendo o grande financiador desse processo”, reforçou Nogueira.
Próxima
De acordo com Pedro Robério, apesar de a estiagem que vem se arrastando desde agosto – com a predominância de chuvas abaixo da normalidade –, não surgiu ainda um cenário de que o próximo ciclo da cana esteja comprometido. “Tivemos déficit hídrico e não seca completa. Estamos entrando agora na quadra chuvosa. Os indicadores nacionais meteorológicos informam que terá chuva nesse período. Com isso, a próxima safra estaria preservada, tanto para os fornecedores de cana, quanto para as usinas. Lembrando que as usinas fazem o trabalho extraordinário de complementação hídrica, a chamada água de salvação. Ainda não é a irrigação plena que está se expandindo lentamente. Queríamos que ela ocorresse com muito mais velocidade e intensidade. Dependendo da intensidade da chuva, é possível que se salve uma boa parte da área plantada e da área de socaria que será colhida a partir do próximo ciclo”, finalizou.