Agro

Embrapa Alagoas conduz cultivo de tomate híbrido com alto índice de produtividade

Plantios em Alagoas vêm obtendo produtividades competitivas comparados à produção em água doce

Por Assessoria 20/01/2025 15h03 - Atualizado em 20/01/2025 15h03
Embrapa Alagoas conduz cultivo de tomate híbrido com alto índice de produtividade
Tomate híbrido produzido com tecnologia da Embrapa é promessa de mais produtividade - Foto: Assessoria

Experimentos com variedades híbridas de tomate conduzidos pela Embrapa em Alagoas, em parceria com a Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado (Fapeal), prefeituras e produtores rurais, vem alcançando altos índices de produtividade.

“Estamos colhendo as informações do plantio do tomate em sistema de cultivo protegido com êxito. Com esses trabalhos já superamos 70 toneladas por hectare”, afirma Flávia Teixeira , supervisora de Transferência de Tecnologia da Embrapa Hortaliças , que está atuando no estado, alocada na Embrapa Alimentos e Territórios . A produtividade média estadual de tomate é de cerca de 56 toneladas por hectare (t/ha).

O trabalho que testa duas telas de ráfia nas cores vermelha e preta, com e sem cobertura de solo, apresenta diferenças entre os tratamentos, como já era esperado. “Porém, o que também surpreende é a eficiência produtiva do híbrido testado, que suportou elevados índices de salinidade na água”, avalia. “Além de já ter expressado destacada qualidade de fruto, tanto com relação ao sabor agradável quanto à aparência, os plantios vêm obtendo produtividades competitivas comparados à produção em água doce”, complementa.Veja também

Nas áreas de campo selecionadas, estão sendo testadas técnicas de cultivo para amenizar o efeito do estresse causado pelo calor nas hortaliças produzidas no sertão de Alagoas. Os experimentos são realizados com apoio de técnicos de assistência técnica e extensão rural que atuam na região. O objetivo é avaliar a produção e qualidade dos frutos nessas condições. 

“Os testes continuam para a obtenção de resultados que podem tornar mais efetivo e promissor o cultivo de tomates de alta qualidade. Desta maneira, esperamos ter maior confiabilidade na apresentação dos resultados”, reforça a analista.

Um dos campos de produção de tomate BRS Sena foi instalado no sítio Lajedo Baixo, em Delmiro Gouveia. Lá foram instalados quatro sistemas de cultivo de tomate, sendo duas estruturas de cultivo protegido, com telas de ráfia nas cores preta e vermelha, um cultivo com cobertura do solo pela técnica de mulching , bastante utilizada pelos produtores, e outra a solo nu – a mais adotada na região, pois é a que tem menor custo.

Conforto térmico

“As estruturas de cultivo protegido foram capazes de trazer maior conforto térmico para as plantas e, consequentemente, aumentar a produtividade, além de proporcionar a produção de frutos com maior qualidade nas condições de elevada insolação e temperatura do sertão alagoano”, explica Teixeira, responsável pela condução dos testes.Outros campos foram instalados ao longo de 2024 em propriedades às margens do Canal do Sertão, em Olho d’Água do Casado, e no Agreste, em Arapiraca. 

As iniciativas buscaram, principalmente, avaliar a viabilidade econômica para os pequenos produtores. “Até o momento, as vendas do tomate estão sendo realizadas para programas governamentais e restaurantes de Maceió que já reconhecem a diferença na maior qualidade do produto final e apoiam o desenvolvimento da agricultura familiar no estado”, informa a especialista.João Raimundo dos Santos, proprietário da Chácara Santa Luzia, em Arapiraca, é produtor orgânico do tomate BRS Equatorial. “Nós estamos aqui há 30 anos nessa luta do orgânico, e agora estamos com a parceria da Embrapa e da Prefeitura de Arapiraca, que fornece um técnico pra sempre dar uma olhada e nos ajudar”, explica. Ele olha o campo e diz que só tem a agradecer pela beleza do cultivo. “Muito obrigada a essas instituições que nos ajudam a sempre mostrar o que o Nordeste pode fazer de coisas boas. Nós temos um pouco de conhecimento e com o conhecimento dos profissionais a gente enriquece cada vez mais o nosso solo e a nossa produção”, comemora.

Diversidade na produção

Para o extensionista Anderson Soares, da Prefeitura de Arapiraca, além de identificar produtores que pudessem desempenhar adequadamente os tratos culturais, o apoio técnico trouxe uma inovação, o tomate BRS Equatorial, mostrando aos agricultores que existem alternativas aos produtos que já são cultivados na região. “Mas tem esse que é muito produtivo e a gente já consegue identificar que ele é adaptado para o pequeno agricultor”, conta. 

“O nosso maior papel, além de incentivar, é trazer esse tipo de tecnologia como uma forma de novidade e também de diversificar, mostrar para o agricultor que ele pode agregar valor à sua produção com um produto com maior qualidade e com um menor custo para se produzir”, observa.

A agricultora Magda dos Santos, filha do seu João Raimundo, aponta que são extremamente importantes esses trabalhos com os agricultores da região e que já consegue perceber uma grande diferença entre os telados usados. “Para nós que somos agricultores experimentadores e principalmente na área de produção orgânica, o experimento da Embrapa é de grande valia, só veio a enriquecer ainda mais o nosso trabalho, principalmente com as estruturas dos telados e com material do tomate Equatorial”, avalia. “A gente observa que o telado vermelho teve uma melhor resposta de produtividade, tanto em quantidade de produção quanto no desenvolvimento da planta”, pontua.

Além de tomate, há experimentos com outras hortaliças, como alface e melão. O fruticultor Cícero Roberio dos Santos, de Olho d'Água do Casado, também teve produtividade recorde com o melão BRS Anton, colhido no final de 2024, quando obteve 45 t/ha. Como manejo de condução, após a colheita do tomate, ele aproveitou a área para a produção do melão, e contou da alegria em obter cerca de cinco frutos por planta, tendo praticamente custo zero de produção com essa última cultura.

“Caminhamos para o fechamento e análise final dos resultados que irão compor uma publicação técnica demonstrando os tratos culturais e divulgando possibilidades de novas práticas que levam ao sucesso da horticultura alagoana. 

O experimento com o BRS Equatorial também é alvo de um Trabalho de Conclusão de Curso (TCC) de Laiane da Silva, aluna de agronomia da Ufal, que terá bons resultados para discutir e muito aprendizado para incorporar em sua bagagem profissional. Adequação de técnicas de cultivo que gerem maior eficiência produtiva para lidar com grandes adversidades climáticas e regionais como elevadas temperaturas e salinidade da água trarão bons resultados no caminho da profissionalização do setor”, completa Teixeira.

A iniciativa dos cultivos faz parte do projeto "Produção de tomate pela agricultura familiar no Agreste através de práticas conservacionistas para aumento de produtividade e qualidade de fruto". 

Os trabalhos são feitos em parceria com as secretarias de Agricultura dos municípios de Arapiraca, Delmiro Gouveia e Olho d'Água do Casado, além da Superintendência Federal de Agricultura de Alagoas, Senar AL, Universidade Federal de Alagoas (Ufal), Federação da Agricultura e Pecuária no Estado de Alagoas (Faeal), Emater AL e Sebrae AL. Financiado pela Fapeal, o projeto conta também com apoio da empresa Agrocinco Sementes e da Cooperativa Terragreste.