GEOGRAFIA DA VIDA - MARCELO AMORIM

Qual país queremos?

05/11/2014 01h01

Nós eleitores brasileiros definimos os gestores públicos do Brasil para os próximos quatro anos. A atual presidente, Dilma Rouseff (PT), conquistou à reeleição, como todos sabemos, numa disputa acirrada contra o candidato da oposição, Aécio Neves (PSDB). Com a vitória nas urnas, a maioria aprovou a política de condução do país proposta e executada pelo Partido dos Trabalhadores e sua base de aliados no Congresso Nacional. Mas, de fato, optamos pelo caminho certo, quando tomamos como base as manifestações populares ocorridas ano passado, solicitando mudanças na política e melhorias nos serviços públicos? Qual o cenário que nos cerca para além das promessas da disputa eleitoral? Qual país queremos?

Penso que a maioria dos eleitores tem se definido pelo que lhe chega mais próximo, seja através do programa de distribuição de renda, Bolsa Família, ou dos poucos avanços na educação com a abertura de novas universidades públicas, ou ainda pela ligação política, a militância, o cargo direto numa das milhares de vagas destinadas aos apadrinhados políticos, etc. Se assim não fosse, como podemos negar as deficiências na saúde, as falhas na segurança pública, os crimes de corrupção já julgados e condenados e os ainda em andamento e, certamente, os que ainda estão por vir? O Brasil tem mostrado a sua cara e ela tem a feição da maioria de nós eleitores e do nosso comportamento diante da cada eleição e principalmente no exercício da cidadania.

Então em campanha, a presidente Dilma prometeu combate a corrupção, a criação de novos projetos, “novas ideias”, investimentos maiores na educação, as reformas política e tributária, tão necessárias, cobradas e prometidas desde seus antecessores, os ex-presidentes Lula (PT) e Fernando Henrique Cardoso (PSDB). Somente o atual grupo, capitaneado pelos Trabalhadores, estar no poder há 12 anos e deve ficar pelo menos mais quatro. Como acreditar que o que não foi conseguido até então, vai sair agora? Como esperar que novos projetos e obras sejam executados, se nos últimos quatro anos a mesma presidente realizou apenas 12% do que prometeu com o Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), quando ainda buscava a primeira eleição para o cargo? São muitas as perguntas ainda sem respostas. Apenas o tempo, regido pela ação de cada um de nós, dirá.

O Brasil real tem se mostrado bem diferente do divulgado pela então candidata, onde o governo seguia no caminho próspero com justiça social, controle da inflação, geração de emprego em alta, enfim, apenas com algumas poucas críticas aceitas, notadamente referente a corrupção. Passado o pleito, independente de qualquer discurso ou rumo promovido pelo governo, mesmo que negando o erro em alguns aspectos, os fatos começam a ressurgir com mais força diante de nós. Neste último mês de setembro, o rombo nas contas do Tesouro chegou a mais de R$ 15 bilhões. Na prática, o governo já gastou esse valor a mais do que arrecadou no ano. O buraco vem do custeio da máquina pública, investimentos e programas sociais. Quem de nós pode ir adiante gastando mais do que ganha? O Banco Central anunciou aumento na taxa básica de juros em 0,25% - chegou a 11,25%. O motivo: conter a inflação! Ora, mas a presidente não havia dito que a inflação estava sob controle?

Para colocar o país pelo menos no eixo da economia, o governo do PT terá de fazer o que tanto criticava nos opositores, antes de conquistar o poder por mais quatro anos. Aumento nos preços dos combustíveis, o que deve por tabela acarretar no aumento de vários outros produtos e serviços; aumento na conta de energia elétrica, entre outros. Em Alagoas já recebemos de presente este ano um aumento de 30%, o maior do país – e vem outro? Será que por ironia do destino, Dilma terá de aumentar também ainda mais a carga tributária, para equilibrar as contas públicas, prática já adotada em várias ocasiões pelo governo? Seria cômico se não fosse trágico para todos nós!

Para aliviar um pouco mais o quadro em construção para emoldurar nosso Brasil, há poucos dias após a reeleição de Dilma Rouseff, a Câmara dos Deputados, por decisão do presidente da Casa, colocou em votação o decreto presidencial para criação da Política Nacional de Participação Social (PNPS), derrubado pelos parlamentares. A decisão vai agora para o Senado. Tal medida, que se aprovada promoveria profundas transformações na sociedade e até mesmo na Constituição do Brasil, sequer chegou a ser debatida, discutida com a sociedade, mesmo que através de deputados e senadores eleitos como representantes do povo. Parece-me contraditório um governo que se propõe a construir uma participação social, quando ele mesmo se mantém fechado para isso. E isso sem entrar no desejo corrente do PT em dominar a imprensa através do mesmo “controle social”. É aí, penso eu, onde mora o perigo! Temos no poder um partido que pensa e executa projetos de desenvolvimento social, econômico, cultural para o país ou que tem um projeto de poder, para se perpetuar quanto tempo a sociedade, sob o “manto” da democracia, permitir?

Vivemos sim numa sociedade democrática, mesmo que ainda com falhas, e é por este caminho que devemos seguir. Tenho recebido sugestões e pedidos de divulgação, para que sigamos ativos no cumprimento de nosso papel como cidadãos, que pode ser aplicado em atos cotidianos, como cuidar bem do local onde vivemos, respeitar a vida em sociedade e principalmente cobrar posicionamento de nossos gestores públicos mais próximos, notadamente vereadores, deputados estaduais e federais e senadores, em temas necessários e urgentes à melhoria da nação. Devemos fortalecer quem consideramos preparados e decentes para o exercício da vida pública!

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