Adalberto Souza

CULTURA

Uma merecida biografia da Sra. Marquesa

22/01/2015 09h09

Nunca houve uma boneca como Emília! Inteligente, mandona, ambiciosa. A célebre boneca de pano foi capaz de casar (por interesse), apenas para se tornar a emplumada Marquesa de Rabicó.

De tantos personagens memoráveis de Monteiro Lobato, aquele que hoje se tornou lugar comum odiar, Emília talvez seja a mais conhecida, e com a onda das biografias, autorizadas ou não, muito presente no meio das celebridades, estava mais que na hora da Marquesa de ganhar esse presente.

Socorro Acioli, preenche essa lacuna com a mais completa obra sobre a boneca,  Emília – Uma biografia não autorizada da Marquesa de Rabicó (Casa da Palavra, 2014).  Biografia, peculiaridades, detalhes históricos, tudo está no livro, fruto de exaustiva pesquisa pela jornalista e doutora em estudos de literatura.

Emília é uma superstar. Amores, intrigas, reviravoltas, fama, fortuna, títulos de nobreza, tudo está em sua biografia. Emília é um personagem que rompe a barreira do livro e parece ter vida própria. Sucesso em vários tipos de mídia, sua caracterização para a tv marcou gerações de crianças. Lembrada em músicas, em filmes, em festinhas de aniversario, Emília é atemporal, “uma das damas mais ilustres dos tempos modernos” (p. 25).

Acioli apresenta uma obra que atinge a criança que vive em cada um de nós. Sua narrativa leva a um passeio por todas aquelas coisas que marcam a infância, aquela sensação de ter vivido plenamente, aquelas lembranças do imaginado possível. Das aventuras, dos encontros com as personagens dos contos de fadas, reformas na natureza e viagens, muitas viagens, pela mitologia, pela filosofia, pelo Reino das Águas Claras.

A bonequinha teve uma vida das mais agitadas, de suas viagens talvez as mais famosas e inusitadas foram para a Lua (onde se torna amiga e confidente de São Jorge) e para o Céu, de onde trouxe um anjo. Tornou-se amiga de muitos famosos, Hércules, Dom Quixote, Alice, Gato de Botas, Branca de Neve, teve um rinoceronte de estimação, ou seja, uma vida para poucos e bons.

Todas as outras personagens parecem coadjuvantes, Narizinho, Pedrinho, Dona Benta, Tia Nastacia, o Visconde de Sabugosa (administrador e responsável pelos bens da boneca, guardados em uma canastra) e o seu famélico e famigerado marido o Sr. Marques de Rabicó, servem para dar vida aos planos e ideias “asneirentas” da biografada. E são muitas as peripécias dessa “senhora” ao longo de seus 95 anos de vida. Sua primeira aparição foi em 1920 e depois disso seu fascínio só cresce.

Mas, não se engane, “é melhor se apresar para ler tudo isso porque Emília, do jeito que é, se descobre que tem uma biografia não autorizada, fará de tudo para tirá-la de circulação. Afinal, para ela, uma biografia deve contar não o que aconteceu, mas o que poderia ter acontecido.”

http://www.casadapalavra.com.br/livros/586

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