Adalberto Souza

CULTURA

Crimes e mistérios no Silêncio da Chuva

05/02/2015 11h11

Luiz Alfredo Garcia-Roza lança em 1996 o livro O Silêncio da Chuva (Companhia das Letras) com o qual dá início as aventuras do detetive-protagonista Inspetor Espinosa (um pouco de “máquina de pensar”, mas também menos idealizado e mais próximo ao homem real e comum), e seu assistente. Depois desse título inicial surgiram outros: Achados e Perdidos, Vento Sudoeste, Uma Janela em Copacabana, Espinosa sem saída, Na multidão e o recente Um lugar perigoso, dão continuidade às aventuras do inspetor.


Esse livro foi o primeiro escrito policial de Garcia-Roza que, antes desse lançamento, já era um autor consagrado em obras de psicanálise. Com esse livro o autor ganha dois prêmios literários importantes: o Nestlé, em 1996, e o Jabuti, em 1997.


Em O Silêncio da Chuva, o  autor, literalmente dialoga com textos clássicos da literatura policial, uma mensagem roubada poderia desde o início resolver a ação da trama, no entanto ela só é encontrada no final, quando o narrador, fazendo uma conexão explicita com Poe, e seu livro A Carta Roubada, esconde-a num lugar óbvio demais para levantar suspeitas e assim a trama vai seguindo até o encontro da carta e a revelação final, num final não tão revelador assim.
 A saga criada pelo autor faz um apanhado de todas as características peculiares e universais dos heróis do gênero: o tédio, a solidão, a inteligência, a frieza apaixonada, o desencanto consigo mesmo e o encanto com a vida, seu comportamento taciturno e complexo, belas mulheres, bandidos e, é claro, assassinatos, os quais tornam a trama cada vez mais intricada e instigante.


Espinosa assim como Sherlock Holmes, tem um parceiro, um policial mais jovem e ainda sem os vícios da profissão, Welber, esse parceiro auxiliar nas investigações, não lhe serve de narrador nem tampouco lhe serve como amigo ou confidente. É apenas um ajudante apreciado por ele, servindo de ponte entre os mundos que as personagens circulam.


 A história de O Silêncio da Chuva trata da aventura de um homem em busca da verdade oculta, do desvendar de um assassinato, ponto central da narrativa. É a história da procura da solução do mistério, e sendo essa busca uma aventura, uma viagem ao mundo do crime, Espinosa, como bom policial, encontra-se pronto para vivê-la, e como um bom romance policial, a solução final do mistério é apenas uma a mais, e não soluciona tudo aquilo que o leitor gostaria que fosse solucionado e, acima de tudo, não é uma versão inquestionável.


 Um livro cativante e um bom início para essa sega imperdível.


http://www.companhiadasletras.com.br/detalhe.php?codigo=10688

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