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Controle da covid em AL vai depender da disseminação das novas cepas

Um cenário preocupante, que pode levar Alagoas a manter as medidas de enfrentamento da pandemia por mais tempo

Por Blog Edivaldo Júnior 03/02/2021 14h02
Controle da covid em AL vai depender da disseminação das novas cepas

Em seu blog, o jornalista Edivaldo Júnior fez um questionamento acerca da possibilidade de colapso do sistema de saúde de Alagoas, com o provável surgimento das novas variantes do coronavírus no Estado. Em seu post mais recente, o jornalista afirma que em resposta, recebeu um artigo e uma declaração do Secretário de Saúde do Estado. 

Acompanhe na íntegra:

O artigo foi enviado como resposta a um questionamento simples: “quando a situação da Covid-19 estará sob controle em Alagoas?”.

“Desculpem o pessimismo, mas é melhor apertar os cintos e nos prepararmos para o pior.”, escreveu o biólogo e colunista do Estadão Fernando Reinach, que vem acompanhando de perto a pandemia do Covid-19 desde seu início, em vários países.

Na avaliação de quem lida diretamente com o enfrentamento da pandemia no Estado, a situação hoje sob aparente controle, vai depender da disseminação das novas cepas do Sars-CoV-2 em Alagoas.

“Se as novas cepas chegarem aqui, talvez tenhamos que conviver com a pandemia durante todo este ano”, pondera o secretário de Saúde do Estado.

Alexandre Ayres enviou o artigo de Reinach e reforçou que a maior preocupação é com a cepa africana. E não só.

A cepa identificada originalmente no Amazonas, entre outras, leva a Secretaria de Saúde do Estado a trabalhar com um cenário preocupante, que pode levar Alagoas a manter as medidas de enfrentamento da pandemia por mais tempo do que se imagina.

O rápido aumento de casos em todo o país, nas últimas semanas, pode levar, inclusive, ao endurecimento das medidas de distanciamento social. Mesmo com o início da vacinação, a Europa tem recorrido ao isolamento como única medida efetiva para desacelerar o rápido avanço da pandemia em sua nova fase.

A maior preocupação, segundo Alexandre Ayres, é com a circulação das cepas do vírus já identificadas no Amazonas e na África do Sul, que têm provocado um contágio mais rápido e mais grave da Covid-19.

A saída é a imunização. E enquanto não tem vacina para a maioria da população, a Sesau-AL vai continuar recomendando que todos mantenham cuidados como uso de máscaras e distanciamento social.

Cada um sabe o que tem de fazer e isso pode evitar o colapso na rede de saúde – como tem se verificado na região norte do Brasil.

Em outras palavras, não basta apenas adiar o carnaval. Cada um deve fazer sua parte, se preparar para o pior e esperar o melhor.

O alerta

No artigo – “Com novas variantes do coronavírus, o tsunami no Brasil se aproxima” – Reinach diz que “a questão não é quando vão chegar novas cepas, mas qual será a intensidade e o preparo”.

O colunista do Estadão avalia que “tudo indica que um tsunami vai atingir o Brasil. A Europa e Manaus já estão sofrendo com novas cepas do Sars-CoV-2 que se espalham rapidamente. Elas são difíceis de controlar, aumentam o número de mortes por 100 mil habitantes, e conseguem ludibriar parcialmente o sistema imune dos já infectados e vacinados”.

Ele continua: “A solução na Europa tem sido trancar a população em casa e vacinar em questão de semanas todo o grupo de risco com as vacinas da Pfizer e Moderna. E na falta destas, com a vacina da AstraZeneca. A questão não é se esse tsunami vai se espalhar pelo Brasil, é quando isso vai acontecer, qual a intensidade, e se vamos estar preparados.”

O colunista diz que para sentir o perigo basta entender um dos trabalhos publicados esta semana sobre as novas cepas:

“Escolhi o estudo feito pelo grupo de David Ho. Num primeiro estudo foi averiguada a capacidade de 18 anticorpos monoclonais (como os utilizados para tratar Donald Trump) de neutralizar cada uma das cepas. Os cientistas conseguiram determinar quais anticorpos neutralizam qual cepa. A primeira conclusão é que a inglesa, B.1.1.7, não é neutralizada por nenhum dos anticorpos dirigidos para a região N-terminal da proteína Spike do SARS-CoV-2 original. Entretanto ela é parcialmente bloqueada pelos anticorpos que se ligam na região que o vírus usa para entrar na célula. Mais importante, a cepa B.1.1.7 é três vezes mais resistente aos anticorpos presentes nas pessoas que tiveram covid-19 causada pelo SARS-CoV-2 original e duas vezes mais resistente aos anticorpos presentes nas pessoas vacinadas. Ou seja, não somente ela se espalha rapidamente, mas parece possuir características que a ajudam a despistar a resposta do sistema imune.

Já a cepa da África do Sul, B.1.351, é muito mais preocupante. Ela não é bloqueada pelos anticorpos monoclonais, é de 11 a 33 vezes mais resistente aos anticorpos presentes no soro de pessoas previamente infectadas e de 6,5 a 8,6 vezes mais resistente que o vírus original aos anticorpos gerados pelas vacinas da Pfizer e Moderna.

A conclusão é de que essas duas cepas, que estão se espalhando pelo mundo, podem tornar inúteis os anticorpos monoclonais que estão sendo desenvolvidos como tratamento e devem ameaçar de forma significativa a eficácia das vacinas. É por esse motivo que a Pfizer e a Moderna já anunciaram que estão desenvolvendo novas versões de suas vacinas.”

Desconhecido

Ainda no artigo, o colunista lembra que “esse estudo não analisou a nova cepa de Manaus (semelhante à cepa sul-africana), e não analisou a capacidade das três cepas (Inglaterra, África do Sul e Manaus) de burlar as defesas criadas pelas vacinas Cononavac e AstraZeneca. Ou seja, não sabemos ainda as propriedades da cepa de Manaus nem como as vacinas que dispomos vão se comportar diante dessas novas cepas.

Reinach alerta, ainda , que “é uma questão de tempo a disseminação dessas cepas pelo Brasil, mas muito provavelmente elas vão chegar antes de vacinarmos uma fração significativa da população. Nos EUA se acredita que elas serão dominantes nas próximas semanas.”

E finaliza reforçando o aviso: “Desculpem o pessimismo, mas é melhor apertar os cintos e nos prepararmos para o pior. E lembrem: no início de 2020, quando o coronavírus demorou um pouco mais para chegar ao Brasil, muitos acreditavam que ele não chegaria por aqui.”

 

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