O vereador do município de Atalaia, Maurício Tenório (MDB), que, nesta terça-feira (15), durante discurso no plenário da Câmara municipal acusou o irmão da prefeita Ceci Rocha e ex-secretário de administração do município de abuso sexual, também disse, em entrevista ao Blog do Jornal de Alagoas, que o atual secretário da mesma pasta, Emanuel Henrique, teria cometido o crime de assédio sexual se utilizando, inclusive, de dinheiro público para isso.

Segundo Maurício Tenório, a secretaria estaria amaldiçoada “uma vez que o ex e o atual secretário cometem o mesmo delito, de assédio sexual a servidoras públicas”. Na entrevista, o parlamentar contou que o atual secretário ofereceu uma gratificação de R$ 1.000,00 para ter relações com uma servidora e que, a partir da negativa da vítima, a mesma foi transferida de setor e está sofrendo perseguição, o que configuraria também assédio moral.

“Denunciei e pedi a Comissão de Direito das Mulheres, em Atalaia, para que apurasse o caso. Será uma vergonha para esta Casa [Câmara Municipal] se isso passar impune. Se for preciso, vou até o Ministério Público Federal para continuar com esta denúncia”, afirmou Maurício.

De acordo com o vereador, a servidora preencheu, nesta quarta-feira (16), um Boletim de Ocorrência, na delegacia de Atalaia, denunciando o caso.

Secretário nega

O atual secretário de administração de Atalaia, Emanuel Henrique, ouvido pelo Blog do Jornal de Alagoas, negou as acusações feitas contra ele: "Isso não tem fundamento, são acusações de cunho político. Não houve nenhum tipo de assédio, isso vai contra a minha formação", completou. 

Emanuel Henrique explicou, em entrevista, que há sete meses encontrou na secretaria a necessidade de organizar a pasta e que o que foi feito foi o remanejamento de três servidores.

O secretário disse ainda que após as acusações feitas pelo vereador, foi à delegacia abrir um Boletim de Ocorrência contra o parlamentar. "São acusações muito sérias. Ele acha que por ter imunidade parlamentar pode falar qualquer coisa, mas vai ter que provar

Outros casos

Quanto ao ex-secretário e irmão da prefeita Ceci Rocha, o vereador diz que o caso foi abafado, uma vez que os abusos sexuais aconteceram dentro da casa da prefeita. “Dizem que ele agrediu a vítima, chegou a atirar pra cima”.

Moradores do município do Vale do Paraíba, que preferem não se identificar, dizem que os fatos são conhecidos na cidade e que,  inclusive, as denúncias de assédio são verdadeiras. “Todo mundo sabe, todo mundo conhece a mulher, amigos ouviram os tiros”.

“Rolou mesmo de o cara atirar pra cima, de agredir a mulher, já faz um tempo. Pior que não acontece nada e a prefeita finge que não sabe de nada, apesar de fazer campanha em cima de empoderamento feminino”, disse, ao blog, uma fonte.

Denúncias

Além das denúncias aos secretários de administração, o vereador Maurício Tenório, acusa a prefeita Ceci Rocha de não responder aos requerimentos da Câmara. Segundo ele, há mais de três meses uma indicação solicitando a folha de pagamento dos servidores do município foi aprovada, mas nunca foi entregue. “Tinha prazo de 15 dias para a entrega, mas a Prefeitura nunca entregou”, completa.

Ele relata que a mesma situação ocorreu com as licitações do município e que os documentos, solicitados pela Câmara, também não foram entregues.

Represálias

Maurício Tenório contou também que vem sofrendo represálias, mas que isso não vai o impedir de realizar o seu trabalho: “Já recebi recadinhos, já tentaram ver se eu tinha processos na Justiça para me prejudicar, mas não tenho medo. Sou oposição aqui em Atalaia, vieram dizer que o pessoal do Pilar é muito forte e que eu sou sozinho”.

Agora, o vereador irá esperar as investigações terem início, tanto no âmbito policial quanto na Câmara de Atalaia e também que espera um posicionamento contundente da prefeita Ceci Rocha "Vamos ver se ela vai passar a mão novamente", finaliza. 

NOTA

A Prefeita Ceci Rocha informa que oficialmente não foi comunicada pelas partes supostamente envolvidas, mas reforça que repudia e condena qualquer tipo de assédio. Caso os fatos sejam comprovados, a Prefeitura entrará junto ao Ministério Público e a Polícia Civil para investigações cabíveis.