Lira ameaça expulsar da Câmara deputados da oposição
Glauber Braga ainda chegou a questionar diversas vezes se o presidente
O fato que vem causando espanto e reboliço nas redes sociais, aconteceu na última terça-feira (31), em sessão no plenário da Câmara dos Deputados, durante a orientação de partidos para aprovação de uma medida provisória que cria regra de transição para fim de incentivos ao setor petroquímico, ou seja, que privatiza a maior empresa petrolífera, a Petrobras.
O bate-boca começou no momento em que Braga pediu a palavra e perguntou se Lira “não tinha vergonha” por declarações recentes onde se posicionou como favorável à privatização da Petrobras e tentou votar a matéria por, segundo ele, a toque de caixa. “Senhor Arthur Lira, eu queria saber se o senhor não tem vergonha?" indagou Braga.
Foi quando o presidente se sentiu desrespeitado, desligando o microfone do parlamentar e os dois deputados começaram a discutir.
Lira, por sua vez, rebateu: “Deputado Glauber, olhe, eu não vou abrir o microfone. Vossa Excelência não pode fazer isso. O senhor pode pedir a Liderança. Se faltar com o respeito, é do mesmo jeito. Então, eu lhe peço só que o senhor se contenha. Não vou te calar. Estou lhe pedindo que o senhor se contenha. Faça suas críticas, faça seus comentários. Agora, não venha com palavras de baixo calão. Só falta o senhor chamar qualquer deputado para a briga neste plenário. O senhor está exagerando há muito tempo. Então, o senhor tem o que é justo, mantenha o respeito necessário. Se o senhor faltar com o respeito, eu não lhe darei a palavra. O senhor vá ao Supremo Federal buscar o direito que o senhor quer”.
“Eu vou abrir (o microfone). Se o senhor falar e faltar com o respeito novamente eu corto o microfone. O senhor está muito mal acostumado nessa Casa. Não tem a palavra Vossa Excelência não”, afirmou dando prosseguimento aos trabalhos.
A sessão seguiu, mas o deputado Braga protestava fora do microfone, foi quando Lira usou novamente a palavra e informou. “O senhor não tem direito regimental, deputado Glauber. E não vai tumultuar a sessão sozinho. Vossa Excelência, pelo que disse aqui, já responderá no Conselho de Ética e vai responder lá”, afirmou o presidente da Casa, que ameaçou ainda tomar medidas mais drásticas para retirar Braga do Plenário, caso o parlamentar não mantivesse a calma. “Não ganhará no grito. Aprenda a ter respeito. O senhor não terá a palavra aqui hoje.”
Braga então conseguiu novamente utilizar o microfone e reiterou as críticas. “Não adianta que eu não vou ser calado por um ditador nessa sessão. Acha que vai me tirar desse plenário? Tá muito enganado. O senhor não vai me tirar do plenário porque não tem esse poder pra fazê-lo", rebateu.
Minutos depois, o parlamentar subiu na tribuna reiterou o que tinha começado a falar. “É pecado perguntar se o senhor não tem vergonha? Lamentável não é minha indignação e sim o senhor se sentir a vontade para no ano de 2022 utilizar do poder que tem como presidente da Câmara para entregar o patrimônio brasileiro, fingindo que ta fazendo um bem para a população brasileira. Fazer uma votação dessas (pela privatização da Petrobras) por maioria simples no plenário é crime de lesa-pátria e eu pergunto: o senhor não tem vergonha?”, criticou novamente.
Nesse meio tempo, a deputada federal Sâmia Bomfim (PSOL), tentou por diversas vezes dar "voz" a Braga, relatando que somente o povo poderia tirar eles de lá ou uma possível ditadura.
"É o povo que nos coloca aqui, e só o povo que pode nos tirar daqui, ou o povo, ou uma ditadura". E continua, "espero que o senhor não esteja fazendo nenhuma alusão ao método terrível que foi o único, até hoje, que retirou parlamentares desse espaço".
"Teve deputado condenado pelo Supremo que já utilizou o plenário para se esconder. Nada foi feito a ele. Agora, quando não gostam dos argumentos usados pelo deputado ameaçam de retira-lo a força? isso é ditatorial, é autoritário, inadmissível. Isso não pode se repetir".
Através da redes Glauber se posicionou
Veja vídeo na íntegra
Até o momento da publicação desta matéria, o presidente da Câmara não havia se posicionado sobre o caso.