Discussão entre Antônio Albuquerque e Teca Nelma expõe contradições e coloca Rui Palmeira num dilema
Escolha do discurso a ser adotado após discussão por motivos religiosos entre os correligionários pode privilegiar um ou outro grupo dentro do partido
A discussão entre o deputado estadual Antônio Albuquerque e a vereadora por Maceió Teca Nelma (PTB) expõe os contrastes da candidatura de Rui Palmeira ao governo de Alagoas.
Esses contrastes não são, por regra, errados e dizem por aí que são até saudáveis para uma democracia. Mas, no caso em específico, dão luz às contradições de Palmeira em sua candidatura.
De um lado, Antônio Albuquerque, deputado patriarca de toda uma família na política alagoana e que tem a defesa de pautas conservadoras, uma maca de sua atuação parlamentar. Do outro, a jovem Teca Nelma, candidata a estadual e filha da também deputada Tereza Nelma. A parlamentar se apresenta nas redes sociais e tem em sua atuação política a defesa de minorias sociais, das mulheres e dos animais. Ou seja, pautas progressistas.
O motivo do entrevero expõe essa contradição. Ao saber que Teca Nelma não acredita em Deus, Antônio Albuquerque, como num templo religioso prega como sua a palavra de Deus e por várias vezes repete que Teca não defende a família. Ele diz que ela não representa os valores cristãos e por não defender esses princípios morais, não pode ousar querer se tornar representante do povo.
Para Arthur, entendemos então, que só se pode representar o povo quem pensa como ele, quem enxerga cristo e as questões religiosas como ele. “Repousa no meu coração a certeza inabalável de que o homem só andará na direção do sucesso quando ele tem Deus no coração e respeita a família. Quem não respeita a família, vereadora Teca, quem não defende os costumes cristãos, quem não tem responsabilidade com esses princípios morais não pode sequer ter a ousadia de querer se tornar representante do povo. A família está acima de tudo.”
Apesar dessa fala não há no histórico de Teca polêmicas que manchem o nome de sua família. De Albuquerque, no entanto, não pode-se dizer o mesmo.
A vereadora tentou rebater o diálogo, mas foi vencida pela horda albuquerquiana, ou, pelo menos, cristã, conservadora. Entusiasmado e sob aplausos, ele continuou: “Viva a família alagoana, viva aos que acreditam em Deus, viva quem respeita pai e mãe, viva o que tem convivência pacífica… Viva aos que respeitam a democracia, viva aos que respeitam a família.
Ele ainda se disse surpreso com Rui Palmeira e com Tereza Nelma, porque esteve ao lado dela nos momentos bons e difíceis. Antes disso, alguém tentou que acompanhava o discurso tentou bradar pela democracia. Foi vencida. Rui ainda tentou contornar a situação e se colocou no meio da discussão onde só um lado falou, porém, com microfone na mão de Albuquerque, Rui nada pode fazer e os presentes continuaram a ouvir a pregação sobre família, moral e ética, vinda de Antônio Albuquerque.
Rui agora enfrenta um dilema. Antônio é pai de Arthur, seu candidato a vice-governador. Teca e Tereza Nelma são grandes puxadores de votos para as campanhas e fortes candidatas a estadual e federal, respectivamente. Qual será o discurso de Palmeira? Como conciliará as agendas progressistas e conservadoras em seu partido? Ao assumir uma, renegará a outra? E os interesses das Nelmas e dos Albuquerques, como ficam?
Aguardemos.