Entre lágrimas e desrespeito: a declaração insensível da Braskem em meio à tragédia de Maceió
Os problemas enfrentados pelos moradores dos bairros afetados pela mineração revelam a urgência de se discutir, na Comissão de Crises, o combate ao racismo ambiental
“A dita tragédia de Maceió, em termos de vidas perdidas, não existiu. Graças a Deus não morreu ninguém”. Essa declaração do conselheiro administrativo da petroquímica Braskem, João Paulo Nogueira Batista, evidencia a forma como os direitos humanos são desrespeitados pelas lideranças da Braskem. Mais do que isso, ela é um exemplo marcante do racismo ambiental no Brasil.
Essa declaração ignora completamente o sofrimento e o luto das milhares de famílias que perderam suas casas, seus laços e suas identidades. Ela desconsidera totalmente os efeitos psicológicos e emocionais que esse crime ambiental causou aos moradores dos bairros afetados, que enfrentam, dia após dia, problemas como depressão, ansiedade e até suicídio.
De acordo com dados do Ministério da Saúde, Alagoas registrou mais de 500 mortes por suicídios nos últimos anos, sendo o estado com a maior taxa de mortalidade por essa causa na região Nordeste.
Os problemas enfrentados pelos moradores dos bairros afetados pela mineração revelam a urgência de se discutir, na Comissão de Crises, o combate ao racismo ambiental, que, direta ou indiretamente, é responsável por mortes de pessoas. Além disso, eles revelam também o desprezo enfrentado pelas comunidades e pelos movimentos dos moradores.
Não se pode esquecer: Maceió afunda em lágrimas. É preciso continuar apoiando a luta daqueles atingidos pela mineração predatória da Braskem, que estão na linha de frente em defesa dos direitos e da dignidade da vida humana.
Futuro internacionalista com um forte compromisso com causas sociais e um foco em Diplomacia Subnacional, Direitos Humanos e Sustentabilidade. Atualmente, é graduando em Relações Internacionais pelo Centro Universitário Internacional - UNINTER. Possui extensão em Paradiplomacia e Direitos Humanos pela Escola Superior de Relações Internacionais - ESRI e em Macroeconomia e Governo Corporativo pela Universidad Popular Autónoma del Estado de Puebla - UPAEP/MX. Além disso, busca desenvolver a ideia de internacionalização do Nordeste, sobretudo, no estado de Alagoas.