A eleição em Alagoas foi marcada por três feitos marcantes, mas dois prevaleceram nos altos decibéis das celebrações: a vitória acachapante do MDB, que bateu recorde e fez história elegendo 65 prefeitos, e a reeleição de João Henrique Caldas, que teve o 22 digitado por 83% dos eleitores da capital. Conquista de Renan Calheiros com seu grupo, vitória de JHC com seus aliados.

O terceiro vencedor, cujo triunfo assumiu dimensão estadual pela contundência dos números, chama-se Luciano Barbosa. Eleito pela quarta vez – fato que por si já resume o poder de uma liderança – o prefeito de Arapiraca alcançou o que parecia impossível: atrair o voto de mais de 85% dos eleitores e superar o percentual atribuído a JHC em Maceió. Uma façanha.

Luciano, cumpre anotar, não é produto de circunstâncias, nem de um ‘acidente eleitoral’. O Luciano reeleito no dia seis de outubro com votação esmagadora é a confirmação de um líder calejado, experiente, com vida pública pontilhada de conquistas.

Quatro vezes prefeito da segunda maior cidade de Alagoas, certo, mas antes disso exerceu cargos de relevância estadual e nacional. Engenheiro civil, foi secretário estadual de Transportes (governo Suruagy) e ministro da Integração Nacional (governo FHC). Engenheiro pela Ufal e mestre em economia pela Universidade de Colúmbia (EUA). Foi vice-governador e secretário da Educação (governo Renan Filho) e não assumiu o governo porque não quis. Teria sido governador (eleito pela Assembleia, quando Renan Filho renunciou para disputar o Senado)) e reeleito pelo voto popular, tal como sucedeu com Paulo Dantas. Ele optou pelo retorno triunfal à Prefeitura arapiraquense.

Seu desempenho eleitoral foi massacrante. Mais de 100 mil votos contra menos de 17 mil dados a Fabiana Pessoa, sua principal adversária. Em números: 85,04% contra 14,02%. Um banho. E a humilhação foi maior porque o partido massacrado nas urnas de Arapiraca, o PL, é o mesmo que venceu com JHC na capital.

Em 2018, ao renunciar à vice-governança, Luciano virou epicentro de uma crise dentro do MDB, de onde chegou a ser banido. Mas retornou, atraído pela força do diálogo e pelo espírito conciliador do senador Renan Calheiros, presidente emedebista. Voltou como o técnico competente e o político brilhante – o vencedor de sempre. Quanto ao futuro, é cedo para palpites.

LUCIANO SENADOR?
Com o ministro Renan Filho ‘talhado’ para disputar o governo em 2026, já há quem aponte Luciano Barbosa como o ‘candidato ideal’ para disputar uma das vagas de senador, apoiado pelo grupo do governador Paulo Dantas e de Renan Calheiros, este já definido pelo MDB como postulante a mais uma reeleição.

NÃO DÁ PARA APOSTAR
Seria, contudo, precipitado apostar numa roleta apontando para Luciano envolvido em nova batalha eleitoral daqui a dois anos. Ele próprio – determinado como sempre – já adiantou que pretende cumprir seu novo mandato municipal até o fim. Verdade que a política lembra um jogo com rumos e resultados imprevisíveis, mas, tratando-se de Luciano Barbosa, o ‘pule de dez’ é considerar sua palavra, quando dita e empenhada.