Minguante, oposição alagoana teme influência e poder crescente do senador Renan Calheiros
Após entrar pequena e sair ainda menor da batalha eleitoral de outubro, a oposição alagoana sabe que será muito mais difícil disputar a eleição de 2026 enfrentando a influência e o poder crescente do senador Renan Calheiros, presidente do MDB e comandante maior da vitória nas urnas do pleito municipal.
Com realismo e lucidez, os oposicionistas mais atentos avaliam que o poder de decisão de Renan Calheiros, que já era imenso depois de 2020, quando o MDB conquistou 38 prefeituras, agora assumiu uma dimensão inestimável com a eleição de 65 prefeitos emedebistas.
A conclusão é que o grupo governista – com Paulo Dantas realizando um governo excepcional, com Marcelo Victor ampliando ainda mais sua liderança na Assembleia Legislativa, com Ronaldo Lessa retomando sua conhecida capacidade de mobilização política e com Renan Filho ampliando seu protagonismo como ministro do governo Lula – exerce hoje uma força hegemônica em Alagoas, como definiu a revista Veja.
Cumprindo seu quarto mandato de senador e já tendo exercido a presidência do Senado e do Congresso Nacional em várias oportunidades, o senador Renan Calheiros pontifica como o principal responsável por assegurar ao MDB alagoano, em escala proporcional, a maior das vitórias nestas eleições municipais.
Os adversários e críticos do senador, dentro e fora do ambiente partidário, até ‘vibraram’ com o fraco desempenho do MDB na eleição em Maceió, mas sofreram tremendo golpe quando souberam que Renan Calheiros e seu grupo elegeram 65 prefeitos e ainda foram decisivos para a vitória de outros 20 candidatos que tiveram de concorrer por outras legendas.
Resumida agora a duas lideranças – deputado Artur Lira e prefeito João Henrique Caldas – já que o ‘ainda’ senador Rodrigo Cunha viu seu capital político evaporar-se a ponto de desistir do Senado para sobreviver em um cargo sem função (vice-prefeito de JHC) – a oposição não tem ideia de como disputará a sucessão alagoana daqui a dois anos tendo pela frente o mais poderoso e coeso bloco político já formado na história de Alagoas.
Por enquanto, o comentário mais prevalente nos meios políticos aponta para a possibilidade de o grupo minoritário buscar algum tipo de entendimento com as forças governistas – o foco seria a segunda vaga no Senado, já que o primeiro compromisso é com a reeleição do senador Renan – valendo anotar, a propósito, que no ano passado Lira já havia dado um passo nessa direção, indo até o senador Renan em busca de composição política.
O fato é que os críticos sabem que o histórico de grandes vitórias por si só já conta, mas compreendem que a força de Renan Calheiros, hoje, se potencializa com o mandato de senador, com o exercício da presidência da Comissão de Relações Internacionais da Câmara Alta, com a presença de Renan Filho no comando do influente Ministério dos Transportes e com uma amizade, de longos anos, que faz de Lula um presidente correligionário e, sobretudo, comprometido com as causas do povo alagoano.
O grupo, e não há discordância sobre isso, é um conjunto, o coletivo, a soma dos segmentos, a conjunção das forças expressas em cada um e em todos os componentes, como numa orquestra afinada e organizada, mas existe o maestro, e acontece que, na orquestra alagoana, o regente chama-se Renan Calheiros.