Rodrigo Cunha, ainda senador, e o risco de acabar ‘sem nada’
Eleito em 2018 com discurso de renovação – foi o mais votado naquela eleição com 2 vagas no Senado – o ‘ainda’ senador Rodrigo Cunha (Podemos) ficou sem capital político ao ser derrotado na sucessão estadual de 2022 e, atualmente, vive a expectativa de consolidar um acerto, feito com o prefeito João Henrique Caldas (PL), que poderá, a médio prazo, transformá-lo em um ‘zero à esquerda’ da política alagoana.
Convencido da incapacidade de renovar o mandato de senador, em 2026, mesmo com duas vagas em jogo, Cunha viu na reeleição do prefeito maceioense a ‘carona’ de que precisava para conquistar um novo cargo e apostar em 2 movimentos de JHC: 1 – a reeleição em 2024; 2 – a renúncia do prefeito, em 2026, para concorrer ou ao Senado ou ao governo de Alagoas.
Com essa avaliação, Cunha se dispôs a ser candidato a vice-prefeito na chapa de JHC (vitoriosa na eleição de outubro), mas agora terá de oferecer sua contrapartida, renunciando ao mandato de senador e permitindo a investidura de sua primeira suplente, Eudócia Caldas, mãe do prefeito João Caldas filho.
Durante a recente campanha eleitoral, sempre que inquirido sobre o assunto, o senador de Arapiraca respondia que ficará no cargo até o último dia, ou seja, 31 de dezembro deste ano, já que tomará posse – ao lado do prefeito JHC – no dia 1º de janeiro de 2025.
A partir daí, e já na condição de ex-senador (abriu mão de 2 anos de presença na Câmara Alta do Congresso Nacional), Rodrigo Cunha passará boa parte de seu tempo pensando no que vai acontecer em 2026, ano em que os eleitores irão às urnas para escolher novo presidente da República, o próximo governador de Alagoas, dois senadores (cada estado), 9 deputados federais e 27 deputados estaduais.
São duas as hipóteses, a saber:
1 – Assumirá efetivamente a Prefeitura de Maceió, com direito a administrar a capital até 31de dezembro de 2028, isto se o prefeito resolver renunciar para disputar as eleições daqui a dois anos;
2 – Permanecerá na condição de vice-prefeito se, após analisar detidamente o cenário em 2026, JHC entender que será mais seguro para ele continuar no cargo até o fim do mandato, em 31 de dezembro de 2028.
Nessa última hipótese, Cunha sofrerá sua maior derrota por haver trocado 24 meses como senador para ficar 48 meses sem nada (ou como vice-prefeito ou, quando muito, ocupando uma secretaria municipal e cumprindo ordens do chefe JHC).
O senador arapiraquense não pode contar com um projeto político seguro porque, para tanto, vai ter que torcer pela renúncia do prefeito que, por sua vez, sabe que não será fácil enfrentar Renan Filho (MDB) concorrendo ao governo, Por outro lado, não deve contar muito com a segunda vaga de senador, precisamente porque seu líder e aliado Artur Lira já adiantou que o Senado será o seu objetivo em 2026.
Resumindo: se JHC concluir que não deve sair candidato daqui a 2 anos, ele e seu vice estarão fadados a ficarem sem mandato, a partir de janeiro de 2029, uma vez concluído seu período à frente da Prefeitura de Maceió.